Livro trata do drama do aborto espontâneo

Muito se fala do aborto quando é uma opção da mulher. De um lado há os que condenam, do outro os que defendem. Razões científicas confrontam-se com os tabus religiosos. No centro da discussão, a alma humana, “a centelha divina”, as crenças de cada um, que antes de serem julgadas, devem ser compreendidas. No entanto, pouco se fala da situação daquelas mães que anseiam por um filho, engravidam, planejam a chegada do bebê e de repente, por uma fatalidade, perdem a criança. É justamente sobre as histórias dessas mães que fala o livro Maternidade Interrompida, organizado pela educadora portuguesa Maria Manuela Pontes e lançado pela editora Ágora.

Maternidade Interrompida traz depoimentos de mães que sofreram aborto espontâneo – inclusive a organizadora do livro passou pela difícil experiência duas vezes – e a partir da própria dor, decidiu criar a associação Projecto Artémis, para apoiar mulheres vítimas de perda gestacional. A ong, em Portugal, oferece atendimento psicológico e aconselhamento às mães e a seus familiares.

Manuela, depois dos abortos espontâneos, engravidou mais duas vezes e hoje é mãe de uma menina e um menino, de sete e três anos, respectivamente. No entanto, por atuar ao lado de mulheres que viveram essa situação, decidiu reunir em livro as experiências, no intuito de ajudar outras mães dentro e fora de Portugal.

A ideia é de catarse mesmo, de viver o luto pelo bebê que não veio, dividir a dor com outras mulheres que passaram pelo mesmo e a partir daí, fortalecer-se para tentar de novo. Embora tenha histórias comoventes, não se trata de um livro triste, mas de uma forma de garantir que as mães interrompidas superem a depressão e tenham esperanças no futuro, inclusive no sucesso de uma nova gravidez, o que vai depender, claro, da situação de cada mulher.

A obra reúne experiências singulares de mulheres de diversas idades, condições sociais e profissões,  que compartilham suas histórias ao longo de quatro capítulos. Mas a intenção não é explorar a dor alheia, e sim fornecer informações para que quem sofreu aborto espontâneo, familiares e até profissionais de saúde, saibam como lidar com a situação.

Para Manuela, o aborto espontâneo, embora tenha alta ocorrência em todo o mundo, ainda é um tema pouco divulgado. “Existe um enorme silêncio ao redor do assunto, com nuances de um tabu que deve ser quebrado. É preciso dignificar e conhecer a perda gestacional para que, de forma correta e humana, possamos ajudar essas mulheres”, afirma a autora.

Ficha Técnica:

Livro_Maternidade-InterrompidaMaternidade Interrompida

Organizadora: Maria Manuela Pontes

Editora: Ágora

216 páginas

Preço: R$ 45,90

Visite o site da editora: www.editoraagora.com.br

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