*Texto da jornalista Giovanna Castro
Nos últimos dias tenho ouvido muito falar na palavra “planejamento”. Parece que é uma palavrinha mágica que resolve todos os problemas da vida. Mas para planejar é preciso saber onde se quer chegar, para onde se pretende ir. E é aí que entra a inspiração deste texto de hoje, o jogo do Vitória contra o Santos, pela final da Copa do Brasil, disputado nesta quarta- feira, no Barradão, em Salvador. Eu sou torcedora do Vitória e serei julgada por isso nestas minhas bem traçadas linhas, especialmente pelos torcedores do nosso maior rival, o Bahia.
Mas esse não é o ponto. A questão é que o Vitória tem um objetivo e está trabalhando para chegar lá. É claro que não serei ingênua a ponto de afirmar que não há problemas no clube em termos de gestão, estrutura e organização de equipe. Certamente há, mas a trajetória que o time desenha mostra claramente que o primeiro título nacional do nosso escrete é uma questão de tempo, obviamente se o plano for seguido à risca como aparentemente vem sendo.
A partida de ontem foi boa, o Vitória jogou bem, teve chances e conseguiu sufocar o time do Santos em alguns momentos, mas não conseguiu superar a enorme vantagem conquistada na Vila Belmiro (SP). O atletas do Vitória apresentaram muita raça e brio ao longo do jogo inteiro. E a presença da torcida com seu apoio incondicional até o final foi uma forma incontestável de mostrar que estamos todos confiantes no trabalho que vem sendo feito. Ou pelo menos na raça que nossos jogadores deixaram em campo.
Ganhamos a partida por 2X1 e, se não fosse o percalço de Santos, não dá para saber exatamente, mas as coisas poderiam ter sido bem diferentes. Já ouvi coisas horríveis sobre a torcida do Vitória e a mais recente delas é que a nossa torcida é “fria”. Não foi isso que eu vi naquele belo espetáculo no nosso Barradão.
As luzes vermelhas dos sinalizadores, os braços agitados ao som dos gritos de guerra das organizadas – “VI-TÓ-RIA!!!!!!” – uma verdadeira declaração de amor das mais contundentes e emocionantes que impressionou até mesmo os mais sisudos narradores do Sul/Sudeste. Sempre mal informados sobre o que acontece aqui no Nordeste e auto-centrados nos seus umbigos em torno do “Curíntia”, do “Flamêêêango” e, no máximo, de algum time mineiro ou gaúcho.
Me incomoda altamente o jeito com que nossos clubes nordestinos continuam sendo tratados, com desdém e até desprezo mesmo. E isso inclui o “glorioso” Bahia. Semana passada, vi um programa esportivo de grande repercussão nacional, transmitido pela Band, em que o locutor dizia que não havia chance para o “Vice-tória”. O que é isso? Sou torcedora, mas também sou jornalista e acredito que essa postura é altamente desrespeitosa e não o é somente com o Vitória, mas com qualquer time dos lados de cá do Brasil que merecem análises corretas, baseadas em números e a trajetória do Vitória apresentou números à mancheia que pouco foram mencionados.
A campanha dentro do Barradão foi irretocável. Teve várias goleadas, algumas delas de 5, outras de 4. A zero. O menor placar foi de 2X0 e construído contra o Vasco. Porque exaltar somente os triunfos do adversário? Minha torcida pelo Vitória não tem a ver com fanatismo. Eu torço, mas analiso racionalmente também. Obviamente que, neste momento, o Santos é um time superior ao Vitória e soube controlar a partida que foi liquidada no momento do primeiro gol.
Torci muito para que o Vitória marcasse nos primeiros 15 minutos, mas não deu porque os jogadores que estavam do outro lado eram os jogadores sensações de 2010, talentosos, bem treinados e num esquema bem armado por Dorival Jr, que teve a inteligência de saber usar o talento de cada um deles nas posições em que eles podem exercer seu talento com liberdade, ao invés de engessá-los num esquema e obrigá-los a jogar de um modo diferente da sua essência.
Neymar, Robinho, Ganso, Arouca, André, Wesley e os demais mereceram o título, são excelentes jogadores e o Vitória mostrou que está à altura deles. Apresentou um espetáculo único, lutou de igual para igual até o fim. Não ganhou, é do jogo. O importante é que somos vice novamente, mas chegar numa final deste porte já demonstra várias coisas muito significativas. A permanência do valoroso Ricardo Silva no comando – diferente da cultura do mundo boleiro que é demitir o treinador à primeira dificuldade – é uma delas. Demonstra, no mínimo, que o caminho que está sendo trilhado é acertado e a vitória do Vitória, certamente virá. Estarei ao lado do time quando isso acontecer. Parabéns, Vitória! Vamos em frente!