De olho na saúde: rir é mesmo um santo remédio

A sabedoria popular já prega essa máxima há tempos, mas agora, cientistas asiáticos comprovam: rir é mesmo um santo remédio! E a Risoterapia é o destaque desta edição da coluna De olho na saúde, sessão que será publicada no blog toda sexta-feira, com informações sobre pesquisas e descobertas científicas; além de dicas para o bem estar e a melhora da qualidade de vida.

Rindo na cara do estresse

A pesquisa foi feita na Universidade de Kyung Hee, na Coreia do Sul. Por lá, um grupo de cientistas testou a Risoterapia em 38 mulheres, durante duas semanas, enquanto outro grupo de controle, com mais 38 pacientes, seguiu com a rotina normal.

O estudo revelou, através de testes sanguíneos, a melhora no funcionamento do sistema imunológico das participantes do primeiro grupo, o que levou os pesquisadores à conclusão de que manter o bom humor diminui os efeitos negativos do estresse no organismo.

A risoterapia, além de incentivar o bom humor, também trabalha otimismo e altruísmo. Além disso, a pesquisa mostrou que os efeitos só se tornam duradouros se o alto astral for incorporado ao cotidiano.

A ideia não é ativar o sistema de recompensa do cérebro com prazeres rápidos do tipo ir ao shopping e comprar algo por impulso; mas manter um estado de espírito animado e fazer atividades de lazer relaxantes e que provoquem boas gargalhadas!

Noites mal dormidas podem causar diabetes

A má qualidade do sono está na mira de um grupo de cientistas britânicos que descobriu que entre os fatores de risco para o Diabetes tipo 2 estão as noites mal dormidas. Para chegar a essa conclusão, eles avaliaram 59 mil mulheres. Aquelas que dormiram menos de seis horas por noite tiveram maior risco de desenvolver a doença. Assim como as que dormiram mais de 10 horas.

A falta de sono desregula hormônios importantes do organismo, aumentando os riscos de obesidade, já que os insones fazem mais lanches calóricos à noite; e estimula o sedentarismo, porque sem dormir bem, falta energia para manter a rotina de atividade física. Já quem passa muita horas na cama também tem tendência a ficar indisposto e a sabotar a academia.

Para completar: outra pesquisa, dessa vez da Academia Americana de Medicina do Sono, estima que sete em cada dez diabéticos do tipo 2 sofrem de Apneia Obstrutiva do Sono, quando a pessoa sofre paradas respiratórias enquanto dorme, o que a leva a um sono picotado e à sensação constante de cansaço intenso.

Quatro dicas úteis para não exagerar no supermercado

1 – Sempre faça a lista do que precisa comprar. Assim você não perde o foco e enche o carrinho com supérfluos;

2 – Oriente as crianças para que não fiquem pedindo ou pegando tudo o que veem pela frente;

3 – Faça um lanche antes de ir às compras. Quanto mais faminto, maior o risco de você colocar itens calóricos e pouco saudáveis no carrinho;

4 – Escolha um dia e horário para fazer a feira com calma. Comprar estando mental e fisicamente cansado aumenta a probabilidade de cometer excessos;

*Fonte das informações: Revista Saúde

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Carta de protesto pelo descaso com a saúde pública

O descaso com a saúde pública não é novidade. A novidade é ler um desabafo tão comovente e tão cheio de sentimentos, como o deste médico, que teve a coragem de enfrentar o sistema, peitar o corporativismo que impera nas relações profissionais e denunciar a atitude de três colegas de profissão, que são acusados de recusar atendimento a uma menina de oito anos. Ana Larissa Menezes Baptista morreu depois de passar cerca de 12 horas em busca de atendimento médico em quatro unidades públicas de saúde. A carta é um protesto, é a exteriorização da falta de humanidade e de solidariedade. Vamos refletir, vamos ler a tal carta do início ao fim, vamos fazer alguma coisa, mínima que seja, para tentar mudar esta realidade. Vamos ser mais humanos!

Entenda o caso:
>> Médico acusa três colegas pela morte de criança de 8 anos (matéria do Jornal A Tarde, publicada em 05.10.10)

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Leia a íntegra da carta do médico
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“Transferência inter-hospitalar de Ana Larissa Menezes Baptista

Salvador, 24 de agosto de 2010,

Inicialmente quero dizer que não acredito, acreditem, que este texto possa mudar qualquer das barbaridades que vivenciei nessa madrugada. Acreditem, não acredito que encontrarei eco em algum lugar. Preciso, entretanto, falar.

Por volta de 22h30min da última segunda-feira, 23 de agosto de 2010, fui contactado pela Central Estadual de Regulação (CER) para realização do transporte da menor, Ana Larissa Menezes Baptista. Ao me dirigir à mesa do chefe do plantão para pegar a ficha de atendimento para o transporte inter-hospitalar fui informado que deveria transportar a paciente supracitada do Hospital São Jorge (HSJ) para o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) para a realização de tomografia computadorizada (TC) de crânio.

A história que ouvi era a de uma paciente em estado grave, no pronto atendimento (PA) do HSJ, em ventilação mecânica (VM), usando adrenalina e dobutamina, após ter sido reanimada ao dar entrada naquela unidade por volta das 18h. Como de costume, solicitei ao chefe de plantão – Dr. Jisomar – e à médica que fora responsável pela regulação, cujo nome me foge nesse momento, que mantivessem contato com o chefe de plantão da emergência do HGRS naquele dia – Dr. Raimundo – ratificando o quadro clínico da paciente e solicitando ao mesmo que verificasse as condições da sala da TC a fim de que a transferência fosse feita no menor tempo possível e Ana Larissa não fosse exposta a qualquer entrave que prejudicasse ainda mais o seu quadro que, naquele momento, já era grave.

Informei ainda ao Dr. Jisomar que não realizaria o exame caso o HGRS não possuísse um ventilador disponível na sala de bioimagem ao qual a paciente pudesse ser conectada. Informei ao mesmo que muitos coordenadores do HGRS tinham o hábito de autorizar a regulação de pacientes em VM para a realização de TC sem ao menos confirmarem a existência de ventilador na bioimagem. Informei ainda que por diversas vezes “ambuzei” pacientes que precisavam realizar TC em respeito aos mesmos, bem como aos seus familiares. Disse-lhe ainda que por diversas vezes, sensibilizado com o quadro, e com a necessidade dos pacientes, aceitei fazê-lo, mas que não estava disposto a novamente solucionar um problema que deveria ser resolvido antes da regulação. Dr. Jisomar informou-me que Dr. Raimundo sabia do quadro da paciente, mas que tentaria manter novo contato e que ratificaria o meu pedido.

Em virtude da gravidade do quadro de Ana Larissa resolvi sair da base da CER para realizar o transporte o quanto antes. Ao chegar ao HSJ fui recebido por Dra. Danielle Souza, CREMEB 20.733, pediatra de plantão, que relatou a história de Ana Larissa. Segundo ela, a paciente há cerca de uma semana havia sido atendida numa emergência após episódio de vômito, febre e cefaléia. Naquela oportunidade, a paciente foi submetida à punção liquórica que descartou meningite. Após remissão do quadro na emergência, a menina recebeu alta e evoluiu em casa por quase cinco dias assintomática. Naquela manhã, 23 de agosto, entretanto, Ana Larissa demorou a acordar, fato que chamou a atenção dos seus familiares.

No meio da tarde a menina apresentou crise convulsiva e rebaixamento do sensório sendo levada ao Hospital Menandro de Farias (HMF). Após ser atendida naquele hospital, Ana Larissa foi encaminhada para o Hospital Couto Maia (HCM) em ambulância convencional, acompanhada pela mãe e por uma técnica de enfermagem. Segundo Dra Danielle, a mãe relatou que no caminho Ana Larissa apresentou piora do estado geral, com cianose central e ausência de “reflexos”. O motorista da ambulância resolveu então parar no hospital mais próximo, tendo chegado ao HSJ. Ao dar entrada na unidade, a menina apresentava de fato cianose central e ausência de batimentos cardíacos.

Foi, então, reanimada com adrenalina e massagem cardíaca e submetida à intubação orotraqueal. Desde então, a paciente encontrava-se em uso de Adrenalina (0,5) 1ml/h e Dobutamina (5) 1,5 ml/h e em ventilação mecânica. Naquele momento, Ana Larissa apresentava Glasgow 3, midríase paralítica bilateral, freqüência cardíaca (FC): 165bpm, pressão arterial (PA): 104X41 (62 mmHg), oximetria de pulso indicando SpO2: 99%, em VM, com PEEP: 5/ PI: 15/ FAP: 22 e FiO2: 60%. Preparamos a paciente para o transporte e nos dirigimos ao HGRS. Todo o transporte até o HGRS transcorreu sem qualquer intercorrência. Fomos acompanhados por Dona Silvia, mãe de Ana Larissa.

Ao chegar à porta da emergência pediátrica solicitei à enfermeira que me acompanhava, Lidysi, que verificasse na sala da TC se tudo estava preparado para a realização do exame, conforme combinado, para que só assim eu pudesse descer da ambulância com Ana Larissa. Após retornar da bioimagem, Lidysi informou-me que não existia ventilador preparado e que a técnica de radiologia nem mesmo sabia que esse exame seria realizado. Resolvi, então, descer da ambulância com Ana Larissa para realizar o exame, mais uma vez em respeito à sua mãe que chorava e rogava a Deus pela melhora de sua filha e por ela – uma menina de oito anos que até a manhã daquele 23 de agosto de 2010 era apenas uma menina saudável e feliz. Entrei, então, na sala de TC e pedi a técnica de radiologia que fizesse o exame no menor tempo possível.

Informei-lhe que aquela paciente estava regulada, que Dr. Raimundo estava ciente da necessidade da realização do exame e que assim que terminássemos o mesmo eu retornaria à ambulância, conectaria Ana Larissa ao ventilador da UTI móvel da CER e solicitaria aos médicos de plantão que fizessem a solicitação da TC de crânio a fim de que o filme pudesse ser liberado. Após compreensão da técnica de radiologia, vesti uma capa protetora de chumbo e “ambuzei” por cerca de 5 minutos Ana Larissa dentro da sala da bioimagem, durante a realização da TC. Após retornar à ambulância, solicitei a Lidysi que informasse à pediatra de plantão do caso que já estava regulado e que pedisse a ela para ir até a ambulância conversar comigo, visto que eu assistia Ana Larissa e que a mesma encontrava-se em VM, necessitando, pois, de um ventilador e em uso de Adrenalina e Dobutamina em bombas de infusão, as quais não deveriam ficar muito tempo fora das tomadas para não descarregar.

Caso fosse impossível a vinda da mesma à ambulância, que ela fizesse então a solicitação da TC de crânio para que pudéssemos ter acesso ao filme impresso. A médica, Dra. Antonia Aleluia – pediatra de plantão -, resolveu então apenas solicitar a TC de crânio. Lidysi foi então ao setor de bioimagem e recebeu o filme da TC de crânio de Ana Larissa após entregar a solicitação do exame. Ao retornar à ambulância com a TC de crânio identifiquei um acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH) extenso, com sinais de sangramento intraventricular. Pedi novamente à enfermeira que mantivesse contato com Dra. Antonia Aleluia e que solicitasse a ela um encaminhamento para avaliação neurocirúrgica, visto que eu havia identificado um AVCH extenso.

Dra. Antonia informou a Lidysi que não faria qualquer solicitação visto que a paciente deveria ter sido regulada com tal pedido. Ora, tínhamos uma paciente com um AVCH extenso dentro do HGRS e ela não seria avaliada por um neurocirurgião porque no seu pedido de regulação não havia essa solicitação? Para quê então precisávamos da TC de crânio, se não para direcionar, os nossos próximos passos? Precisaríamos então prever que Ana Larissa tinha indicação neurocirúrgica para só assim levá-la ao HGRS? Essas foram questões colocadas por mim para a plantonista supracitada a fim de sensibilizá-la para o que estava acontecendo ali, tudo sem qualquer efeito. Direcionei-me então por conta própria à emergência do HGRS, atrás de algum neurologista que desse o direcionamento adequado à Ana Larissa. Encontrei, então, Dra. Miriam Sepúlveda, CREMEB 3784, neurologista de plantão do HGRS. Mostrei a ela a TC de crânio e a mesma informou se tratar de um AVCH.

Disse-me que a paciente precisava de uma vaga em UTI pediátrica e de avaliação neurocirúrgica. Questionei a ela sobre a possibilidade de Ana Larissa ser admitida e ela me informou não ser a responsável por resolver essa questão. Disse-me que mantivesse contato com Dr. Raimundo ou Dra. Paula (coordenadora da emergência pediátrica, segundo ela). Mantive contato com Dr. Jisomar para colocá-lo a par do que ocorria e ele me pediu que aguardasse até que conseguisse falar com Dr. Raimundo. Paralelo ao tempo que aguardava o contato mencionado, procurei por Dr. Raimundo na sala da coordenação médica do HGRS, sem sucesso. Encontrei-o, entretanto, na sala de repouso da equipe médica. Coloquei-o a par de tudo que acontecia e da necessidade de avaliação neurocirúrgica da paciente. O mesmo informou-me que esse não era o acordado com a CER e que eu deveria procurar a plantonista da pediatria para saber se seria possível aceitar Ana Larissa naquela unidade. Lembrei a ele, porque imaginei que ele tivesse esquecido, que aquele era um hospital de referência para avaliação neurocirúrgica. Ainda assim, Dr. Raimundo me disse que fosse à emergência pediátrica resolver com quem estivesse de plantão por lá o que seria feito.

Entrei em contato com Dr. Jisomar que me orientou a de fato permanecer com Ana Larissa no HGRS. Ele me orientou a informar à plantonista que Ana Larissa ficaria no hospital, a procurar um ponto de oxigênio dentro do PA do HGRS e disse-me que se fosse preciso montasse o ventilador da UTI móvel no PA da pediatria do HGRS. Procurei então a pediatra do plantão, Dra. Antonia Aleluia, mas não a encontrei dentro do PA. Consegui apenas falar com Juliana, enfermeira que estava de plantão naquela unidade, e pedi a ela que mantivesse contato com Dra. Antonia informando-a das orientações que eu havia recebido. Juliana me informou que falaria com Dra Antonia e que ela me encontraria na entrada do PA.

Fui então à ambulância retirar Ana Larissa. Descemos com toda monitorização que fazíamos – monitor Dixtal, torpedo de oxigênio, ambu, oxímetro, cardioscópio e manguito de PA não invasiva, bem como com duas bombas de infusão para adrenalina e dobutamina. Encontramos com Dra. Antonia na porta da emergência pediátrica. A partir dali, seguiu-se um show de horrores que foi iniciado por Dra. Antonia e seguido por Dra. Heloísa, uma segunda plantonista com a qual, poucos minutos mais tarde, eu tive a infelicidade de cruzar. Dra. Antonia, se posicionando na porta de entrada da emergência, me disse de maneira ostensiva, e num tom inapropriado para a situação, que não tinha lugar para aquela paciente ali. Disse-me ainda que eu enganava os familiares de Ana Larissa e que ali eles não fariam nada por ela. Disse-me que sairia do plantão e o deixaria sob minha responsabilidade.

Eu a informei que havia sido orientado que Ana Larissa deveria permanecer no HGRS. Após se retirar da porta, fato que impedia minha passagem, entrei no HGRS. Direcionei-me à sala de reanimação, onde existiam dois ventiladores mecânicos que não estavam sendo utilizados, para então instalar Ana Larissa. Nesse momento, fui então surpreendido por Dra. Heloísa Cunha que aos gritos insultou-me. Dizia ela que eu estava acostumado a chegar naquela unidade e deixar os pacientes por lá, mesmo sem que fosse possível recebê-los.

Dizia, ainda, que eu havia sido expulso daquela unidade há alguns dias por um neurocirurgião. Eu retruquei, informando-a que aquilo não era verdade. Lembrei-lhe que na oportunidade à qual ela se referia eu trazia uma paciente, vítima de atropelamento, do Hospital Ernesto Simões Filho. Disse-lhe que a paciente em questão estava regulada para o hospital e que não era meu papel levá-la à sala de TC, muito menos ao Centro Cirúrgico, após a realização da mesma, como eles desejavam. Fiz-lhe lembrar que, ainda reconhecendo naquele dia não ser minha função dar encaminhamento dentro do HGRS à paciente, aceitei fazê-lo em respeito à paciente e aos seus familiares, e nunca em consideração a ela ou ao neurocirurgião ao qual ela se referia. Aos gritos, completamente desequilibrada, a Sra. Heloísa Cunha tentou expulsar-me da unidade. O que se ouvia nos corredores eram gritos de: “saia”, “saia”, “saia”. Naquele momento, muitos dos acompanhantes dos pacientes que estavam naquela unidade correram para assistir o tumulto que se seguiu.

Eu disse a Sra. Heloísa Cunha que aquele comportamento não era adequado a alguém que assumia o papel de plantonista daquela unidade e que só poderia continuar a tratar com ela se a mesma fosse medicada e contida. Disse-lhe que a identificava como uma Sra. em surto psiquiátrico. Ela então se virou para a mãe de um dos pacientes que ocupava aquela sala e lhe disse que eu queria que o filho dela morresse, que eu estava ali trocando a vida do filho dela pela vida de Ana Larissa. Pediu a ela que saísse da maca para que eu colocasse Ana Larissa. Aos gritos dizia: “vou dar uma queixa sua no Cremeb, você vai pro Cremeb”. Após o paciente ter saído da maca, ela, ainda em surto, batia na mesma dizendo: “venha, coloque a sua paciente aqui”, “venha, eu já tirei o meu “mal epiléptico” da maca pra que você coloque a sua paciente aqui”, “venha”.  Após todo esse escândalo, ela se retirou da sala e pediu às suas colegas que não ficassem ali até que eu deixasse aquela unidade. Os pais de Ana Larissa, Sr. Carlos e Sra. Silvia pediram a ela que tivesse piedade da filha deles e ela aos gritos os expulsou de lá.

Disse a eles que fossem chorar lá fora, que ali não era lugar para que eles ficassem chorando. Sr Carlos se dirigiu a mim então e chorando me disse: “Dr. pelo amor de Deus, não deixe minha filha com ela”, “Dr. como minha filha vai ficar aqui com essa “médica”?” Eu disse a ele que jamais sairia dali até que alguém em condições psíquicas assumisse aquele caso. Liguei para Dr. Jisomar e coloquei-o a par do que estava acontecendo, o mesmo ao telefone ainda ouvia os gritos enlouquecidos da Sra. Heloísa Cunha. Solicitei então a Lidysi que trouxesse o ventilador da UTI móvel para que eu o montasse naquela unidade e não os deixasse sem ventilador, a despeito de lá existirem dois ventiladores que não estavam sendo usados. Enquanto eu montava o ventilador e Lidysi “ambuzava” Ana Larissa, a Sra. Heloisa, novamente aos gritos dizia: “nunca mais você vai voltar aqui”, “eu tenho quatro plantões noturnos aqui”, “não apareça mais aqui”, “saia das fraldas”, “saia das fraldas”. Eu repeti insistentemente que ela estava em surto, e disse a ela que voltaria ao HGRS quantas vezes fosse preciso.

Disse-lhe que havia recebido uma determinação para entrar com Ana Larissa naquela unidade e que a criança precisava de uma avaliação com um neurocirurgião. Ela foi novamente arrastada para outra sala dentro do PA por suas colegas que de certo já conheciam o seu temperamento descontrolado. Nesse momento, Dr. Raimundo já se encontrava no local e negou ter autorizado a regulação de Ana Larissa para aquela unidade, colocando-se ao lado das pediatras. Informei à terceira plantonista da pediatria que apareceu, Dra. Alderiza Jucá, que anotaria o nome das três médicas plantonistas da unidade pediátrica e que faria um documento para solicitar a quem de direito a apuração destes fatos que acima citei. Nesse momento, Dr. Jisomar me ligou informando que Dr. Marcos do Hospital Geral do Estado (HGE) havia aceitado a transferência da paciente para aquele hospital. Informei então à Dra. Alderiza Jucá que Ana Larissa seria encaminhada ao HGE. A Sra. Heloisa Cunha após ouvir o comunicado entrou novamente na sala de reanimação e novamente aos gritos questionava: “posso devolver meu mal epiléptico pra maca?”, “posso?”, “posso?”. Disse a ela que sob minha ótica ela não poderia jamais estar tratando de ninguém naquela condição de desequilíbrio, mas que não cabia a mim proibi-la, ou autorizá-la, a fazer qualquer coisa.

Ela então aos gritos me disse: “vá e não volte”, “você está saindo porque está com medo”, “você está com medo”. Eu disse a ela que não tinha condição de continuar tentando ouvi-la e que estava realmente de saída em benefício de Ana Larissa, já que eu não teria nenhuma condição de deixá-la sob a responsabilidade de alguém que não demonstrava controle emocional como ela. Disse aos pacientes que estavam ali que lamentava que eles estivessem sendo tratados por uma Sra. em surto psiquiátrico. Deixei, então, a unidade de emergência do HGRS em direção ao HGE por volta de 03h. Cheguei ao HGE às 03h15min da madrugada de 24 de agosto de 2010 e fui recebido de maneira bastante cordial por Dra. Ilana Rodrigues, CREMEB 8213, que prontamente pediu avaliação do neurologista.

Informei a ela o quadro da paciente e que Ana Larissa apresentava midríase paralítica bilateral, FC: 148bpm, PA: 79X45 (56 mmHg), SpO2: 99%, em VM, com FiO2: 100%. O neurologista, após examinar a paciente e avaliar a TC de crânio, informou aos pais que abriria o protocolo de morte encefálica para Ana Larissa. Após a notícia todos choraram dentro do PA do HGE. Ao fim, me despedi dos pais de Ana Larissa e fui abraçado pelos dois que me agradeceram por todo empenho durante aquelas mais de quatro horas de transporte. Ao sair do HGE e entrar na ambulância da CER fui novamente abordado pelos familiares de Ana Larissa que novamente nos agradeceram o empenho na resolução daquela história.

Deixamos o HGE por volta das 03h45min e fizemos, eu e Lidysi, o caminho de volta até a CER chorando por termos presenciado, e vivido, tanto sofrimento durante àquelas horas infindáveis. Chorei como há muito não fazia. Chorei destruído com a confirmação do quão frágil é a vida humana. Chorei lamentando que uma menina de oito anos tenha partido de maneira tão repentina. Chorei invadido pelo choro daqueles pais que me abraçaram agradecidos e reconheceram, num momento de perda, o nosso trabalho. Chorei porque encontrei tanta gente, que atende tantas outras gentes, sem estar de fato compromissada com isso. Chorei porque novamente vi um ser humano ser tratado como um problema, um problema cuja paternidade ninguém quis assumir. Chorei porque encontrei a Sra. Heloísa Cunha e toda a sua falta de amor, toda a sua mágoa frente à vida, todo o seu descaso e sua insensibilidade. Chorei porque encontrei abandono, desrespeito e incompreensão. Chorei porque tudo o que já era tão doído se tornou ainda pior tamanha as barbaridades que vi e ouvi. Chorei como nunca. Chorei descrente da profissão que escolhi.

Termino esse desabafo reafirmando que não acredito em mudanças reais. Os protagonistas desse drama continuarão por lá, pelos corredores do HGRS, pelos corredores de tantos outros hospitais públicos. Eles continuarão humilhando os mais necessitados – os fragilizados pela falta de saúde e de saída -, continuarão tentando intimidar os mais esclarecidos que se opõem às suas arbitrariedades. Esse desabafo existe, entretanto, para registrar a minha indignação frente a tudo isso. Seja você que me lê um instrumento de Deus por aqui. Coloque-se no lugar daquela família que perdeu uma filha e que presenciou tanto abandono. Sinta-se tocado por aquela dor e repense suas atitudes frente à vida, frente aos vivos. Tente fazer diferente. E, sobretudo, ame quem quer que seja e tenha a sorte de ser amado como eu sou. Só assim, experimentando a libertação, a salvação que é ser amado, você possa, então, ser amor nesse mundo.

Vinícius Viana Bandeira Moraes – CRM/BA: 18.761
Médico Intervencionista da Central Estadual de Regulação”

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Saúde: O que é Síndrome dos Ovários Policísticos?

Selecionei para publicação nesta quinta aqui no blog, uma reportagem enviada para nós, via email, pela jornalista Márcia Wirth, da MW Consultoria – empresa especializada em assessoria na área de saúde -, sobre a Síndrome dos Ovários Policísticos. O texto explica o que é a SOP, quais os sintomas mais comuns e quais as consequências para a mulher portadora deste problema. Faz ainda um alerta sobre a necessidade do diagnóstico e tratamento para a manutenção da qualidade de vida. Vale a pena conferir:
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*Síndrome dos Ovários Policísticos: Sintonia entre ginecologista e endocrinologista facilita diagnóstico e tratamento

Para muitas pacientes, não é nada esclarecedor quando elas são informadas que tem a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). A começar pelo nome, pois a Síndrome dos Ovários Policísticos pode ocorrer sem que o exame de ultra-sonografia revele cistos nos ovários. Além disso, 20% das mulheres normais podem apresentar ovários policísticos, sem nenhuma manifestação clínica ou alteração hormonal, não sendo classificadas como portadoras da Síndrome dos Ovários Policísticos. O diagnóstico da SOP é feito quando pelo menos 2, dos 3 critérios abaixo forem positivos em uma adolescente ou mulher adulta:

(1) infertilidade devido a falta de ovulação;
(2) evidências clínicas (acne, excesso de pelos corporais, seborréia, queda de cabelos) e/ou laboratoriais de excesso de hormônios masculinos;
(3) múltiplos pequenos cistos ovarianos vistos através da ultra-sonografia pélvica.

Sinais de alerta – Alterações menstruais constantes constituem-se num sinal de alerta para as mulheres, pois podem indicar a presença da Síndrome dos Ovários Policísticos ou de endometriose. “A mulher que apresenta a Síndrome dos Ovários Policísticos menstrua a cada dois ou três meses e, freqüentemente, tem apenas dois ou três episódios de menstruação por ano. Outros sintomas da doença são o hirsutismo (aumento de pelos no rosto, nos seios e na região do abdômen); a acne; a obesidade e uma dificuldade para engravidar”, explica o ginecologista Aléssio Calil Mathias, diretor da Clínica Genesis.

A Síndrome dos Ovários Policísticos surge, normalmente, na puberdade e vai até a menopausa. Geralmente, tudo começa por volta dos 10 ou 12 anos, quando os ovários da menina, até então inativos, passam a produzir hormônios em grande quantidade, desencadeando a puberdade e com ela a menarca, nome dado a primeira menstruação. “Nessa época, já se nota uma maior tendência ao ganho de peso. No rosto, os efeitos dos hormônios sob a forma de acne e seborréia, características que dão à pele da adolescente aquela aparência oleosa, se fazem notar. Tudo isso pode ser normal e desaparecer lentamente, assim que a turbulência hormonal dá lugar às secreções hormonais cíclicas e regulares da mulher adulta”, explica Silvia Mizue, endocrinologista da Clínica Genesis.

Mas em alguns casos, estes sintomas não desaparecem…  Por isso, é comum a mulher com ovários policísticos procurar vários especialistas, ao longo da vida, em busca de tratamento apropriado. Nos consultórios dos endocrinologistas e ginecologistas, elas se queixam de grande dificuldade de perder peso e das alterações clínicas secundárias ao excesso de hormônios masculinos que seus ovários fabricam.

Distúrbios hormonais – É importante dizer que todas as mulheres produzem fisiologicamente hormônios masculinos. Na mulher, uma importante função dos andrógenos é aumentar a libido. Mas, o principal problema que a Síndrome dos Ovários Policísticos provoca está relacionado com a ovulação. “A testosterona interfere nesse mecanismo e, ao mesmo tempo, aumenta a possibilidade da incidência de cistos. Os cistos representam a parada do desenvolvimento dos folículos para ovular. Nesta situação, a mulher não ovula porque lhe faltam condições endócrinas para tanto”, explica Silvia Mizue.

As queixas ginecológicas mais importantes das mulheres com SOP são a irregularidade menstrual e a infertilidade. “Além disso, várias complicações podem ocorrer com essas mulheres, quando elas conseguem engravidar, como maior índice de abortamentos, diabetes gestacional, hipertensão arterial na gestação e pré-eclâmpsia. Para todas estas complicações, o tratamento adequado reduz a incidência dessas complicações e quase as igualam às mulheres normais”, diz o ginecologista Aléssio Calil Mathias.

Possibilidades terapêuticas – O tratamento da Síndrome dos Ovários Policísticos depende essencialmente da fase de vida da mulher. O que é mais importante em determinado momento e qual o sintoma que mais  incomoda esta mulher são perguntas que os especialistas que assistem esta paciente devem se fazer. Como se trata de uma doença crônica, não há cura da síndrome, e sim, tratamento dos sintomas.  “Uma adolescente de 15/16 anos, obesa, com pelos, acne e perturbações menstruais, precisa tentar emagrecer. Às vezes, perder peso já pode ser suficiente para reverter o quadro, porque a obesidade gera resistência à insulina e essa resistência produz o aumento de andrógenos, os hormônios masculinos”, explica a endocrinologista da Clínica Genesis.

“Se ela não for obesa, torna-se necessário diminuir a produção dos hormônios masculinos e uma das maneiras mais simples de fazê-lo é por meio da pílula. O anticoncepcional atua também na unidade pilossebácea, reduzindo o crescimento dos pelos e a produção de sebo. Dessa forma, melhoram os quadros de hirsutismo, acne e as alterações menstruais, uma vez que a pílula regulariza os ciclos”, explica o ginecologista Aléssio Calil Mathias.

Infertilidade e SOP – Até os 23 anos de idade, mais ou menos, mulheres com a Síndrome podem ovular esporadicamente. Sabe-se que nem todas as menstruações que ocorrem espaçadamente são ovulatórias, mas algumas são, e a mulher consegue engravidar. “É muito comum a referência de que antes dos 23 anos, elas tiveram um ou dois filhos. Depois, não conseguiram mais engravidar. Essa é uma das patologias mais simples de serem tratadas porque as mulheres, em geral, respondem ao indutor da ovulação. Ele é administrado por via oral, cinco dias por ciclo, a partir do primeiro dia, e é capaz de corrigir as anomalias endócrinas e provocar ovulação. Grande parte das mulheres responde bem ao tratamento e engravida”, diz Mathias. Para as que não conseguem engravidar com o indutor de ovulação, resta, ainda, o estímulo dos ovários com gonadotrofinas, o que se faz normalmente na fertilização in vitro.

Obesidade x SOP – Apesar da obesidade não entrar nos critérios diagnósticos da SOP, ela é muito frequente. A grande maioria das pacientes tem sobrepeso, obesidade ou uma grande dificuldade de manter o peso ideal. “Além disso, a SOP se associa a um tipo especial de obesidade, aquela que se acumula no tronco, principalmente no abdômen. É a obesidade visceral, que traduz o excesso de insulina que acompanha essas pacientes e, muitas vezes, dificulta a perda de peso”, destaca Silvia Mizue, endocrinologista da Clínica Genesis.

O excesso de insulina no sangue é a marca de uma obesidade mais resistente à perda de peso. A insulina é um hormônio anabolizante e favorece o estoque de calorias, em detrimento da queima. “Logo, todas as formas de se reduzir o excesso de insulina são válidas, mas a mais importante é a melhora da sensibilidade à ação do hormônio. Assim que possibilitamos uma maior eficácia do hormônio, ele passa a ser produzido em menor quantidade e seus níveis sangüíneos caem. Isso pode ser conseguido com atividade física, dieta adequada, perda de peso e alguns medicamentos”, defende Silvia Mizue.

Para saber mais sobre a Síndrome:

Site: www.clinicagenesis.com.br

Rede Social: http://twitter.com/dralessio

Blog Gestação Saudável

*Material elaborado por Márcia Wirth, da MW Consultoria de Comunicação em Saúde

Um lembrete importante: O blog não prescreve tratamentos e nem faz diagnósticos. As fontes da reportagem acima, por exemplo, são dois médicos. Faço um alerta para que as leitoras que queiram mais esclarecimentos, que  busquem marcar consultas presenciais com as suas ginecologistas e endocrinologistas. As reportagens de saúde publicadas aqui no Conversa tem a função apenas de alertar, informar e disseminar uma cultura do cuidado de si. Sempre selecionamos com muito cuidado as fontes de pesquisa e também os textos prontos e os artigos enviados para nós e só publicamos material de boa procedência e elaborado por quem entende do assunto.  Batemos tanto na tecla da saúde, porque é um tema muito caro a nós mulheres, mas combatemos a auto-medicação e como não somos médicas, não fazemos diagnósticos e nem damos consultas ou indicamos remédios. Cuidem-se meninas, para si mesmas e para as pessoas que amam vocês!

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Luto: Morre Zilda Arns, mulher que fez a diferença

Zilda Arns em uma de suas palestras. Crédito das imagens: Agência Brasil

A médica pediatra e sanitarista Zilda Arns, criadora das pastorais da Criança e do idoso, indicada ao prêmio Nobel da Paz em 2006, foi uma das vítimas do forte terremoto que abalou o Haiti e foi sentido em boa parte do pacífico caribenho nesta terça-feira à noite. Zilda Arns viajou ao Haiti para fazer uma palestra sobre combate à desnutrição e voltaria para casa no próximo sábado, dia 16. Infelizmente, quis o destino que ela estivesse no local de uma tragédia de grandes proporções. Foram três terromotos, um deles alcançou 7 graus, o mais alto na escala Richter. Os abalos derrubaram um hospital e diversos edifícios e casas, ferindo moradores e turistas de Porto Príncipe, a capital haitiana. Também atingiu as instalações do exército brasileiro – há tropas do país, inclusive baianos, servindo nas forças de paz da ONU naquela ilha – e até a embaixada brasileira foi afetada. Enquanto os governos do Brasil e EUA tentam mitigar o sofrimento dos haitianos e descobrir informações sobre as vítimas, Conversa de Menina faz uma singela homenagem à Zilda Arns, uma mulher que sem dúvida, ao longo dos seus 76 anos de vida, fez a diferença.

Alguns anos atrás, fui uma das repórteres que entrevistou a médica durante um evento da pastoral da criança, em Salvador. Fiquei impressionada com a força de caráter e a bondade e delicadeza demonstrados por aquela senhora quase da idade da minha mãe, tão ativa e dinâmica, cheia de energia e com tanta vontade de ajudar aos outros. Incansável, ela vivia viajando, militava pela diminuição da mortalidade infantil nos países subdesenvolvidos, militava contra  a fome, era inteligentíssima e profunda conhecedora da natureza humana.

Para quem tem curiosidade em saber mais sobre quem foi Zilda Arns, abaixo uma resumida biografia:

Pediatria social era uma das especialidades da médica, incansável militante no combate a mortalidade infantil e manterna

Zilda Arns nasceu em agosto de 1934, em Santa Catarina. Era irmã do cardeal e arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns.  Estudou medicina em Curitiba e escolheu a pediatria como carreira, tendo trabalhado durante anos em prol da diminuição da mortalidade infantil e materna e pelo fim da violência doméstica contra crianças. Ao longo da carreira, fez dezenas de cursos de especialização: em medicina sanitária, educação física, pediatria social, educação em saúde materno-infantil. No começo dos anos 80, ela coordenou a primeira grande campanha de vacinação contra a poliomielite em Santa Catarina e o método que ela desenvolveu foi posteriormente adotado pelo Ministério da Saúde em todo o país. Em 1983,  criou a Pastoral da Criança e desde então, percorreu diversos países no seu trabalho como médica, sanitarista e divulgando os trabalhos da pastoral. Os caminhos da solidariedade levaram Zilda Arns até a Indonésia, Angola, Estados Unidos e quase toda a Europa. Graças ao trabalho na pastoral da Criança, essa mulher que ainda encontrou tempo para criar cinco filhos sozinha – ficou viúva em 1978 – recebeu da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a missão de criar a Pastoral da Pessoa Idosa, o que ela fez em 2004. Por sua luta em prol da infância, Zilda Arns recebeu diversos prêmios e títulos nacionais e internacionais. Além da indicação ao Nobel, um dos prêmios internacionais de destaque foi o título como “heroína da saúde pública das Américas”, concedido pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

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Artigo: A maratona emocional da reprodução assistida

Recebemos outro artigo preparado pela psicológica Luciana Leis, especializada em atendimento a casais com problemas de reprodução. Aliando conhecimento teórico sobre o tema e a prática cotidiana no consultório,  a especialista comenta a ansiedade de muitos casais que querem um filho a qualquer preço e do quanto essa impaciência pode afetar o próprio tratamento. Após ler o texto de Luciana fiquei refletindo também se em alguns casos, em que já se esgotaram tantos métodos, física e psicologicamente, não seria o caso de partir para uma adoção? Lógico que, muitos casais querem ter seu próprio bebê, legar seus gens, além de legar sua cultura. Filho, biologicamente falando, antes de mais nada , é descendência, é a forma que nós, seres perenes, temos de nos eternizar. Mas, ao educar, amar e criar uma criança adotiva – e são centenas as que aguardam um lar no Brasil  – podemos extrapolar as fronteiras da biologia e distribuir como herança um pouco das nossas ideias, da visão de mundo, dos sentimentos que nunca morrem e podem multiplicar-se naquela criança e em todos os que conviverem com o adulto que ela irá se tornar. Ainda assim, aos que estão passando por tratamentos de reprodução assistida e precisam de uma palavra de apoio e incentivo, segue o texto de Luciana:

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**A “maratona” emocional dos tratamentos de reprodução assistida

Luciana Leis*

reproducao assistidaQuando um casal recebe do médico o diagnóstico de infertilidade e a indicação de tratamento, muitas vezes, não faz a menor idéia do que vem a ser uma técnica de reprodução assistida. Ambos acreditam que, tão logo iniciem o tratamento, terão a tão almejada criança em seus braços. Porém, a realidade nem sempre é assim…

Para a maioria dos casais, são necessárias várias tentativas de tratamento até a realização do sonho, visto que, a cada tentativa, as chances da técnica dar errado são maiores do que as de dar certo. No entanto, muitas pessoas iniciam o tratamento, acreditando que engravidarão “de primeira”, negando para si próprias a possibilidade do “não”.

Em geral, com o resultado negativo, o tamanho da frustração costuma ser de acordo com o da idealização, sendo bastante dolorido esse processo, até que o casal possa se recompor emocionalmente. Há casais que chegam a abandonar o tratamento ou têm dificuldades para reiniciá-lo, justamente por não desejarem passar por esse sofrimento novamente.

Outra situação bastante freqüente nos tratamentos de reprodução humana assistida é a troca de médico, quando a tentativa de engravidar não dá certo. É necessário haver um responsável – ou um culpado – por esse fracasso, porque, para muitos, é difícil aceitar que tentar algumas vezes pode fazer parte desse processo. Presenciamos, muitas vezes, que a imagem de quase “Deus”, construída pelo casal para a figura do médico, de um momento para o outro, se inverte para a imagem do “Diabo”, que passou a castigá-los.

Muito comum também durante o tratamento é o casal querer logo mudar de técnica, se não obtiver o resultado desejado. Em certos casos, mesmo com a indicação médica para continuarem com o mesmo procedimento, o casal acaba insistindo em realizar “algo mais avançado”. Entretanto, já sabemos que as técnicas de reprodução humana assistida mais simples podem chegar a resultados positivos, e que quem decide o que pode ser melhor para cada caso são os profissionais que  acompanham o casal. Há casais que tentam controlar o que não é controlável, e acabam quase que atropelando o saber do médico.

Cada casal tem uma história particular e, assim como existem os que engravidam logo na primeira tentativa, há também os que precisam tentar várias vezes, até o resultado positivo de gravidez, que jamais seria possível sem a persistência e o real enfrentamento dessa situação.

luciana leis*Luciana Leis é psicóloga.

**Material encaminhado ao blog pela MW assessoria de comunicação.

Visite o blog da especialista:

>>compartilhandovidencias.blogspot.com

>>Para seguir Luciana Leis via twitter, clique aqui

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Outros artigos da autora que já publicamos:

>>Uma conversa séria sobre gravidez

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Acupuntura sem mistérios

AcupunturaVerdade é que muitos de nós nos submetemos a vários tratamentos por modismo. Hoje em dia, então, que a medicina chinesa está em voga, quantos não acabam parando em consultórios porque acham “bacana”, ou até “exótico”? É importante conhecer os métodos, ler sobre eles, até para que você possa criar a sua concepção própria, para que saiba o que está fazendo e por quê. Eu tenho passado por sessões de acupuntura há algum tempo e sinto os resultados positivos. Não preciso mentir para vocês. No início estava bastante cética quanto aos efeitos do tratamento, até começar a perceber os primeiros resultados. Foi depois do início do tratamento que nasceu a curiosidade de compreender melhor o assunto. Aqui, divido os resultados da minha pesquisa sobre a acupuntura.

Historicamente, os primeiros escritos sobre a utilização da acupuntura como tratamento terapêutico são datados de 90 a.C. A sistematização, no entanto, foi trazida pelo “Nei Ching”, que falava de pontos específicos como locais de estímulo, dos canais, e das associações entre os canais e órgãos do corpo humano. O livro, no entanto, recebe algumas críticas por apresentar contradições e conceitos antagônicos. Os estudiosos acreditam que a publicação tenha sido resultado de um trabalho de vários autores de épocas diversas. Com o “Nan Ching”, regras e procedimentos são definidos, os mesmos utilizados até hoje. No Ocidente, desde 1255 já se falava Acupunturana “forma exótica de medicina praticada pelos chineses”. De lá para cá, houve a popularização da técnica, culminando com sua utilização corriqueira em clínicas e consultórios especializados. Hoje, inclusive, já tem até plano de saúde que cobre o tratamento médico pela acupuntura.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a acupuntura como tratamento complementar. É a aplicação de agulhas em pontos específicos do corpo, com objetivos terapêuticos. A técnica consiste no estímulo de pontos e meridianos que percorrem o corpo, e pode ser adotada simultaneamente a qualquer outro tipo de tratamento médico, homeopático, alopático, fitoterápico etc.  No Brasil, a acupuntura começou a ser utilizada em meados do século XX, trazida por imigrantes orientais. No início da década de 50, passou a ter uso geral. Através da acupuntura é possível restaurar o bom funcionamento do organismo, por meio da manipulação da energia do corpo, sem uso de medicamentos. É uma forma de equilibrar, harmonizar a energia do corpo, para tratar a doença. O estímulo é feito com as agulhas porque os pontos são bastante específicos e para alcançar os objetivos é imprescindível que este estímulo seja preciso.

Ideograma do Qi
Ideograma do Qi

O Qi, conceito fundamental da cultura tradicional chinesa, é a energia que circula por nosso corpo. Essa energia comanda todo o funcionamento do nosso corpo. As doenças são desequilíbrios dessa energia. Então, para que possamos melhorar, precisamos reaver este equilíbrio. É o que a acupuntura faz. Os pontos da acupuntura estão dispostos sobre meridianos, que são os caminhos por onde percorre a energia Qi. Cada órgão possui seu próprio meridiano, e cada meridiano tem pontos cutâneos diversos, cada um com uma função específica. Inserir uma agulha em um destes pontos significa estimular a energia ali contida, provocando reações bioquímicas no organismo.

Normalmente os acupunturistas localizam estes pontos manualmente, através do toque. A tecnologia, no entanto, já avançou a ponto de hoje termos um aparelho eletrônico que identifica estes pontos. Ao ser encostado na região da pele correspondente a um ponto da acupuntura, o aparelho emite um som agudo. Se encostado em uma região que não seja meridiano da acupuntura, não há emissão de som. Hoje em dia há até tratamento de acupuntura sem agulhas, com o uso de um laser. Neste último caso, o estímulo é feito através da absorção da radiação luminosa pelas células do ponto cutâneo trabalhado.

Sementinhas – Várias pessoas se perguntam o que são as tais sementinhas que os acupunturistas colocam na orelha dos pacientes. Para esclarecer, são sementes de mostarda, e integram a acupuntura auricular. Ela deve ser trocada uma vez por semana, também sendo colocadas em pontos estratégicos, a depender da doença a ser tratada nas sessões. Só na orelha, são mais de 200 pontos correspondentes a partes específicas do corpo. Além das sementes, o estímulo dos pontos na acupuntura auricular pode ser feito também com esferas e com as próprias agulhas.

É importante ressaltar que o tratamento não é doloroso. A gente não sente as agulhadas, apenas uma pontadinha muito fraca, e é bastante relaxante. O mais incrível de tudo é que, para mim, que entrei meio cética no processo, acabei virando uma fã de carteirinha do procedimento. Particularmente senti muita melhora nos pontos que foram tratados, principalmente em relação a uma rinite alérgica que me perseguiu por toda a vida. Agora, claro, é preciso ter muito cuidado na escolha do médico. Até porque não dá pra achar que colocar agulhas pelo corpo não traz riscos. Uma matéria publicada pela Folha Online fala justamente sobre isso, já que o procedimento envolve a inserção de agulhas em locais onde há terminações nervosas.

Portanto, é de suma importância buscar um profissional que seja gabaritado, antes de qualquer coisa. Conversar com ele sobre a técnica, tirar todas as dúvidas, e só a partir daí, dar início ao tratamento. E para quem já fez ou faz acupuntura, mandem seus relatos pra gente. Essa troca de informações acaba sendo fundamental também.

Para os mais curiosos:
>> Sobre acupuntura tradicional
>> Sobre acupuntura com raio laser
>> Medicina tradicional na OMS (em inglês)
>> Associação brasileira de acupuntura
>> Acupunturabrasil. org (blog com tudo sobre as teorias, tratamentos, diagnósticos etc)
>> Conheça os meridianos (canais de energia)

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