Recebemos outro artigo preparado pela psicológica Luciana Leis, especializada em atendimento a casais com problemas de reprodução. Aliando conhecimento teórico sobre o tema e a prática cotidiana no consultório, a especialista comenta a ansiedade de muitos casais que querem um filho a qualquer preço e do quanto essa impaciência pode afetar o próprio tratamento. Após ler o texto de Luciana fiquei refletindo também se em alguns casos, em que já se esgotaram tantos métodos, física e psicologicamente, não seria o caso de partir para uma adoção? Lógico que, muitos casais querem ter seu próprio bebê, legar seus gens, além de legar sua cultura. Filho, biologicamente falando, antes de mais nada , é descendência, é a forma que nós, seres perenes, temos de nos eternizar. Mas, ao educar, amar e criar uma criança adotiva – e são centenas as que aguardam um lar no Brasil – podemos extrapolar as fronteiras da biologia e distribuir como herança um pouco das nossas ideias, da visão de mundo, dos sentimentos que nunca morrem e podem multiplicar-se naquela criança e em todos os que conviverem com o adulto que ela irá se tornar. Ainda assim, aos que estão passando por tratamentos de reprodução assistida e precisam de uma palavra de apoio e incentivo, segue o texto de Luciana:
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**A “maratona” emocional dos tratamentos de reprodução assistida
Luciana Leis*
Quando um casal recebe do médico o diagnóstico de infertilidade e a indicação de tratamento, muitas vezes, não faz a menor idéia do que vem a ser uma técnica de reprodução assistida. Ambos acreditam que, tão logo iniciem o tratamento, terão a tão almejada criança em seus braços. Porém, a realidade nem sempre é assim…
Para a maioria dos casais, são necessárias várias tentativas de tratamento até a realização do sonho, visto que, a cada tentativa, as chances da técnica dar errado são maiores do que as de dar certo. No entanto, muitas pessoas iniciam o tratamento, acreditando que engravidarão “de primeira”, negando para si próprias a possibilidade do “não”.
Em geral, com o resultado negativo, o tamanho da frustração costuma ser de acordo com o da idealização, sendo bastante dolorido esse processo, até que o casal possa se recompor emocionalmente. Há casais que chegam a abandonar o tratamento ou têm dificuldades para reiniciá-lo, justamente por não desejarem passar por esse sofrimento novamente.
Outra situação bastante freqüente nos tratamentos de reprodução humana assistida é a troca de médico, quando a tentativa de engravidar não dá certo. É necessário haver um responsável – ou um culpado – por esse fracasso, porque, para muitos, é difícil aceitar que tentar algumas vezes pode fazer parte desse processo. Presenciamos, muitas vezes, que a imagem de quase “Deus”, construída pelo casal para a figura do médico, de um momento para o outro, se inverte para a imagem do “Diabo”, que passou a castigá-los.
Muito comum também durante o tratamento é o casal querer logo mudar de técnica, se não obtiver o resultado desejado. Em certos casos, mesmo com a indicação médica para continuarem com o mesmo procedimento, o casal acaba insistindo em realizar “algo mais avançado”. Entretanto, já sabemos que as técnicas de reprodução humana assistida mais simples podem chegar a resultados positivos, e que quem decide o que pode ser melhor para cada caso são os profissionais que acompanham o casal. Há casais que tentam controlar o que não é controlável, e acabam quase que atropelando o saber do médico.
Cada casal tem uma história particular e, assim como existem os que engravidam logo na primeira tentativa, há também os que precisam tentar várias vezes, até o resultado positivo de gravidez, que jamais seria possível sem a persistência e o real enfrentamento dessa situação.
*Luciana Leis é psicóloga.
**Material encaminhado ao blog pela MW assessoria de comunicação.
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