Papo de Mulher: encontros mensais em Salvador

Niliane Brito e Erika Saab idealizaram o projeto

O projeto Papo de Mulher, idealizado pelas psicólogas Niliane Brito e Erika Saab, promoverá encontros mensais, em Salvador, para discutir temas como autoestima, relacionamentos, feminismo e assuntos nos quais as mulheres tem dúvidas, interesse ou que geram alguma angústia. A ideia dos encontros é proporcionar um espaço de acolhimento e compartilhamento de experiências entre mulheres, com a mediação das duas profissionais.

O primeiro Papo de Mulher já tem data, será em 19 de junho, no Itaigara, com o tema “E foram felizes para sempre”, que vai abordar as relações amorosas, as crises de relacionamento e as diferentes linguagens do amor.

Os encontros vão ocorrer uma vez por mês e o ingresso de cada sessão custará R$ 60. Segundo as organizadoras, há a possibilidade de planos com pacotes promocionais.

Para obter mais informações e fazer inscrição acesse o site Eventbrite ou mande e-mail para: [email protected].

Serviço:

O quê: Projeto Papo de Mulher

Quando: 19 de junho, às 19h

Onde: Rua das Hortênsias, número 740, Edf. Comercial Itaigara, sala 602/603 – Pituba

Quanto: R$ 60 por encontro (aceita cartão de crédito)

Contato: (71) 99948-6979 ou 99922-1003

Inscrição: Eventbrite ou [email protected]

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Amizades “solares” e amizades “pé no chão”

*Texto e reflexões de Andreia Santana

Acordei com vontade de refletir sobre a amizade, um tema que já foi abordado aqui no blog algumas vezes, mas que é daqueles recorrentes. Fiquei pensando nos diversos grupinhos por onde transitamos e também no que certos amigos podem significar para nós. Lembrei das amizades “solares” e daquelas “pé no chão”, todos conhecemos amigos assim. O que me motivou foi um trecho de uma oração que li ontem à noite. Quem costuma acompanhar o que escrevo, aqui ou nos outros blogs que mantenho, sabe que não tenho religião definida e nem gosto que tentem me convencer a abraçar uma. Mas tenho um sentimento, digamos, de religiosidade filosófica, que transcende os credos. Talvez essa “conexão mística reflexiva” venha do interesse enorme pelas mitologias: a oriental e a ocidental.

Mas, qual a relação da religiosidade com amizade? Já explico. Na oração que estava lendo, um dos trechos da novena para Santa Edwiges, de quem minha mãe é devota, há uma meditação de São Thiago – o apóstolo – sobre o silêncio, mais precisamente o não pecar por palavras. Basicamente, o trecho fala da necessidade de saber calar, de não “se divulgar o que os outros não tem o direito de saber”. Mais adiante, em outra frase, o santo reflete o seguinte: “Quantas vezes a falta de silêncio em torno de certos assuntos não é também uma falta de caridade!”

E aí é que faço a conexão entre essa oração lida e minha inquietação com a amizade. Em outras ocasiões já defendi que gosto sempre de saber a verdade, mesmo que ela doa. Mas, refletindo um pouco mais a questão, tem momentos na vida em que é melhor não saber por exemplo, o que dizem pelas nossas costas. Isso porque, de nada vai servir saber que alguém não gosta de nós a ponto de destilar veneno sempre que possível ou mesmo de criticar uma decisão ou trabalho nosso, sem sequer ter se dado ao trabalho de investigar melhor o tema ou as nossas motivações para agir de uma forma e não de outra.

Pessoalmente, prefiro saber  daqueles que gostam de mim, relegando à mais fria indiferença os que não gostam. Também tenho verdadeira repulsa por frases do tipo: “só estou te contando isso para abrir seus olhos”. É aqui que entraria o que São Thiago chama de falta de caridade e que eu, no meu modo “pagão”, chamo é de falta de respeito, de carinho e de solidariedade. E sim, amigos, mesmo que sem intenção declarada, são capazes de cometer tanto falta de respeito, quanto de carinho ou solidariedade. E nós também. Basta fazer um exame de consciência profundo, que em algum momento iremos encontrar uma frase, uma resposta, uma palavra desferida na direção de um amigo com a precisão de uma flecha no peito. Por menos que gostemos de admitir, há momentos em que somos cruéis ou então, vítimas da crueldade, até mesmo dos mais íntimos.

Voltando aos dois tipos de amizade que estou analisando aqui neste post, nossos amigos “pé no chão” são aqueles que vira e mexe nos puxam para a realidade dura da vida, geralmente quando estamos “viajando demais na maionese”. Eles são mais que necessários para contrabalançar as forças, principalmente se temos uma tendência a devanear em excesso e alguma dificuldade de retomar o foco depois. Mas, esses mesmos amigos “pé no chão”, em alguns momentos, perdem a medida. Há ocasiões, bem sabemos, em que a verdade não precisa ser jogada na nossa cara com tanta veemência, ou que temos até o direito de quebrar a cara para ver como é a sensação. Não é necessário mentir ou adoçar a pílula como diz o ditado, mas basta fazer silêncio. Não tocar naquele assunto que abre feridas, não azedar o dia com as fofocas de bastidor que infelizmente, tornam-se cada vez mais norma neste mundo. Não exercer a crueldade infantil da pirraça, provocando discussões bobas.  Não fazer uma crítica só pela crítica, sem de fato contribuir para o crescimento do outro. E aqui, vale um adendo: em alguns casos, essa necessidade tão grande de nos “puxar para a realidade” nada mais é do que uma estratégia que nosso amigo “pé no chão” tem de estar sempre certo, de apontar o dedo e dizer: “eu não te disse!”

Até a lua, mantém sempre uma face oculta

Amigos, por mais íntimos, não estão insentos do sentimento de superioridade e tampouco de sentir inveja. Antes de ser o confidente de todas as horas, ele é humano e como tal, está apto a querer a vida do outro se essa parecer mais interessante que a sua própria. A questão não é sentir, mas saber o que fazer com os sentimentos. A sabedoria não é apregoar aos quatro cantos a perfeição muitas vezes inexistente, mas admitir a imperfeição e buscar mudar de postura. No mínimo, avaliar se aquela crítica ou “puxada para realidade” tem a real motivação de ajudar ou é só uma forma de “punir” o outro por ele ser ou ter aquilo que nos falta.

Já os amigos “solares” tem uma vantagem em momentos de necessidade de silêncio ou naqueles de dor. Eles podem não servir para analisar a questão com você sobre todos os ângulos possíveis e nem vão te jogar verdades na cara que o farão amadurecer, tampouco são os melhores trabalhadores por uma causa e nem pense que vão segurar sua barra, dividir a responsabilidade por um projeto, doar-se sem esperar recompensa. Mas certamente, saberão elevar o seu astral. Com sorrisos, conversas frívolas, distrações, os amigos solares irão desviar o seu foco da ferida e fazer com que você relaxe. E, de maneira indireta, essa também é uma valiosa contribuição, porque quando nos afastamos de nós mesmos, quando estamos tranquilos para pensar melhor no assunto, geralmente a solução para aquela crise surge como num passe de mágica.

Amigos “pé no chão” tendem a bancar nossos pais, mesmo de forma inconsciente, porque estão eternamente preocupados com o nosso bem-estar e perguntam tantas vezes como estamos nos sentindo, que acabam nos fazendo passar mal. Interpretam qualquer sinal de cansaço, desânimo e melancolia – somos humanos e propensos a qualquer desses momentos na vida -como sinais de fraqueza ou instabilidade. Isso porque geralmente, os amigos “pé no chão” são ou buscam ser pessoas muito centradas. No entanto, é bom que eles lembrem que a instabilidade faz parte da essência humana tanto quanto a certeza. Ninguém é uma coisa só, nem a Lua, que sempre mantém uma de suas faces na sombra. Mas, temos de reconhecer, sem um bom “amigo pé no chão”, corremos o risco sério de cair na autopiedade ou de nos perdermos em ilusões que podem nos ferir mais profundamente. Além disso, ao contrário dos “solares”, esse tipo de amigo carrega o piano com você.

Ferris Bueller (na foto, à frente), o típico amigo "solar"

Os amigos que chamo de “solares” são aqueles que tem a capacidade de tornarem-se um bálsamo naquelas horas em que não queremos analisar ou decidir nada, mas apenas viver um dia de cada vez. Eles que costumam incentivar todas as nossas loucurinhas, inclusive escolhem a jaca mais madura para que a gente enfie o pé. Podem não ser úteis para apontar nossos defeitos, nos fazer crescer e assumir responsabilidades, mas nos divertem e a vida sem diversão é impraticável. Uma vez que ele leva a vida despreocupadamente, pode perder o limite tênue que separa a independência do egoísmo, ou confundir autoestima elevada com egocêntria. Ou ainda, não perceber que a hora do recreio acabou. Mas para isso, para lembrar que toda diversão tem um fim, é que existem os “amigos pé no chão”, com sua sisudez e um pouco de peso que mantém o equilíbrio do nosso senso de gravidade.

Não pretendo aqui eleger qual tipo de amizade é mais valiosa, se a “pé no chão” ou a “solar”. Tampouco estou afirmando que não existam pessoas que tenham um pouco de cada, mas essas são criaturas raras. Quero apenas mostrar – acredito nisso – que há momentos na vida em que nos inclinamos mais para um tipo do que para outro.

De qualquer modo, a única maneira que conheço de fazer com que tanto um tipo de amigo quanto o outro respeitem os seus momentos de luz ou de sombra é falar para eles, sinalizar que naquele momento, você quer mais leveza ou mais responsabilidades na relação.

Tendemos a achar que nossos amigos nos conhecem com perfeição e que por isso não precisaríamos ficar sinalizando nada. Ledo engano. Se nem nós mesmos nos conhecemos com profundidade, como um amigo, mesmo aqueles trazidos desde a infância, vão conhecer? Geralmente, eles usam  a si mesmos como parâmetro para se comportar e relacionar conosco. Todos nós fazemos isso, levamos para uma relação aquilo que temos. E o que temos de fato é a nós mesmos, nossas convicções, os aprendizados, a educação que recebemos, nosso modo de apreender o mundo, que não é – e nem deve ser – igual a dos outros, independente de ser uma amizade antiga.

Bem sei que jogar com todas as cartas na mesa às vezes é utopia, porque se para algumas pessoas a transparência é importante, para outras suscita mal-entendidos, mágoas e interpretações equivocadas. Mas na medida do possível, é preciso dizer ao outro como nos sentimos em relação às suas atitudes. Independepente do tipo de amigo que você cultive, uma coisa é certa, ele não vêm com bola de cristal.

*Andreia Santana, 37 anos, jornalista, natural de Salvador e aspirante a escritora. Fundou o blog Conversa de Menina em dezembro de 2008, junto com Alane Virgínia, e deixou o projeto em 20/09/2011, para dedicar-se aos projetos pessoais em literatura.

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Dia dos Namorados: Dicas para adoçar o relacionamento

Love is in the air, já cantava com toda propriedade Paul Young. Pois sim, com a proximidade do Dia dos Namorados, o Conversa de Menina anda recebendo uns artigos, dicas e coisinhas bonitinhas de gente que estuda o amor. É, minha gente, taí um tema delicioso de se estudar, não é? O bacana é que os textos, como o artigo abaixo, em forma de acróstico (formas textuais em que a primeira letra de cada frase ou verso formam uma palavra ou frase) de NAMORAR, escrito pela psicóloga Cássia Franco, além de revelar os conhecimentos de quem estuda, traz é a experiência de quem vive o amor, na prática. Perfeito, como bem lembra a autora, ninguém é, mas não custa se esforçar um pouquinho. Confiram, aprendam, divirtam-se e namorem muito!

*N A M O R A R  no Dicionário Aurélio significa “procurar inspirar amor”

**Cássia Franco

Com a proximidade do Dia dos Namorados, que tal aproveitar para adotar algumas estratégias que podem lhe ajudar a melhorar o seu relacionamento amoroso. Confira algumas sugestões:

Cupido já te acertou em cheio? Então dê uma conferida nos conselhos deste post...

N – Nada melhor do que olho no olho
Não use o Orkut ou o MSN para ficar conversando horas a fio com a pessoa amada. Use a tecnologia a seu favor. Recados em código, discretamente picantes, podem reativar o clima e ser prenuncio de uma noite de romance. Além disso, quem quer fazer par com alguém que é tão desocupado? Quando a distância for invencível, use o Skype com câmera, modere no tempo, mas capriche na sensualidade e na intenção.

A- Adivinhar é para cartomante
Agimos na vida amorosa como se a telepatia fizesse parte do repertório básico de habilidades humanas, como respirar ou engolir. Essa ilusão pode se manifestar de duas formas:
1-por meio da presunção de que sabemos o que o outro está pensando;
2- através da premissa de que os outros não só podem como têm a obrigação de saber exatamente o que nós estamos pensando, sem que precisemos lhes dizer.
Fuja das viagens na maionese. Ao percebermos que estamos nos irritando com alguém por algo que acreditamos que a pessoa está pensando, antes de confrontá-la, podemos nos questionar: “Será que não estou tentando fazer telepatia? Será que eu realmente tenho condições de saber o que ela está pensando?”

M – Mas…mas…mas…
Na nossa comunicação o sim…mas, carrega de nuvens o mais azul dos horizontes. É como uma pedra de sal no meio de um beijinho de coco. Na convivência, o mas…, anula o valor de tudo o que vem antes dele. Em sua modalidade mais simples, a conjunção mas pode constituir uma obstinada determinação a encontrar um aspecto negativo em algum lugar, uma objeção, acabando por minimizar ou anular qualquer ponto positivo que por ventura exista. Tudo bem querermos o melhor. Difícil é alguém agüentar um: Eu te amo, MAS…

O – Onde foi que eu errei?
Freqüentemente no início da paixão fazemos 1002 exceções no ritmo de nossas vidas no intuito de agradar e atrair a outra pessoa. É um tal de se produzir no capricho, de conversar com bom humor, de ser bom ouvinte, de disponibilizar um tempo extra para o outro, de fazer poesia, o doce predileto, se dispor a participar de programas que nem são exatamente do seu agrado. Às vezes até deixar os amigos ou algumas tarefas de lado, buscando mostrar o seu melhor para o novo objeto de desejo. Depois de um tempo de convivência cada um tende a voltar ao seu andamento da vida, agora com o “novo anexo”.

Muitas vezes, é nesta fase que começam as críticas e reclamações. Pergunto: O quanto de nós está realmente preparado para ouvir críticas? Levar tudo para o lado pessoal significa interpretar eventuais comentários, perguntas e comportamentos de terceiros como afrontas diretas ao seu próprio valor como ser humano, à sua aparência, competência ou perícia. Ou será que com a melhor das intenções, acabamos fazendo propaganda enganosa de nós mesmos?

Lembre que amor é acima de tudo cumplicidade, parceria e compreensão

R – Relaxar e rir
Quando estamos muito tensos, agitados, fica difícil tomar qualquer atitude. Assim, quando nos sentimos estressados, ansiosos ou assustados, nossos pensamentos e ações ficam “contaminados” e fazer algo que nos ajude a relaxar, contribuirá para um alinhamento das idéias e escolhas que garantem melhores resultados. Resumindo: nada de discutir no calor da fervura. Sai todo mundo chamuscado.
Que tal experimentar respirar pelo nariz contando até 10, com o ar inflando a barriga profundamente; prender o ar contando até 10 e soltá-lo pela boca lentamente contando até 10. Pode parecer estranho num primeiro instante, mas após umas 4 repetições, você perceberá que as idéias clarearam, que o coração fica mais manso e as ações muito mais favoráveis.Experimente. Se dê este presente.
Aliás, um valioso presente é ter alguém a seu lado que consiga rir de si mesmo e que com respeito e consideração consiga ter humor para enfrentar as dificuldades inevitáveis da convivência. As questões, às vezes, podem ser bem difíceis, mas levá-las na estupidez não vai melhorá-las. Respirar juntos, abraçados, um acompanhando o ritmo respiratório do outro, por apenas 2 minutos pode ser a injeção erótica que você anda procurando. O preço é baixinho e o efeito pode levá-los às alturas.

A- Áreas de problemas e áreas de soluções
Ocasionalmente, os parceiros vêem apenas o que desejam ver e percebem o que melhor se ajusta a seu estado mental no momento. Interpretam os fatos através de uma específica e exclusiva lente de aumento.
Todos nós temos um lado sombrio e um lado iluminado e aprender a reconhecer estes aspectos pode ser um verdadeiro holofote para iluminar lados obscuros do relacionamento. Parar para fazer um balanço entre pontos fortes e fracos, principais forças e fraquezas, talentos e dificuldades, ajuda cada um a entrar no relacionamento com o que tem de melhor.
Posso até não ser capaz de modificar os outros, mas, existe alguém que pode tomar a iniciativa de fazer algo diferente, esse alguém sou eu mesmo.

R- Raciocinar

Se você observar como a inteligência o deixou na mão quando você mais precisou dela, é possível que diga algo do tipo: “não parei para pensar”, “eu já estava tão desanimado que meu cérebro virou geléia”, “fiquei tão desesperado que deu branco”. Estas frases são sinais de que baseamos nossos atos no pensamento emocional, que geralmente é um parâmetro enviesado, para tomarmos uma decisão.

Somos seres que interpretamos o mundo através dos significados que imprimimos na mente. Se passarmos a pensar de forma contaminada, os pensamentos determinarão emoções comprometidas que acabarão gerando comportamentos inadequados. Quem já se destemperou sabe que as conseqüências, às vezes, são bem amargas de engolir.

A nossa maneira de perceber determinada situação pode facilitar a tarefa de lidar com ela ou tornar praticamente impossível enfrentá-la; pode nos tranqüilizar ou nos encher de ansiedade. Basta considerar a experiência através de um outro ponto de vista para modificar até mesmo nossa sensação de dor.

Que tal enxergar uma nova luz no fim do túnel, e se sentir tentado a conferir muito mais do que as curvas da estrada de Santos?

*Texto encaminhado ao blog pela  Matéria Primma Comunicação

**Cássia Aparecida Franco é psicóloga, palestrante e coach. Contato: [email protected]

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Felicidade, coragem e auto-conhecimento no divã do cinema

Mercedes é muito feliz com o marido, mas sente que nem tudo está perfeito

*Texto da jornalista Giovanna Castro

Confesso logo de cara que a chancela Globo Filmes acompanhada da chancela da produtora Lereby não são exatamente referências de bom cinema para mim. É comum eu ter uma certa má vontade quando vejo essa dupla nos créditos de algum filme. Só que me surpreendi esta semana quando, na minha zapeação diária, encontrei o anúncio do filme “Divã” em um canal fechado. Na verdade, minha curiosidade foi despertada pela atriz principal, Lília Cabral, que eu gosto bastante e que, apesar de quase nunca protagonizar as novelas globais, volta e meia rouba a cena de novatas. Aquelas que, por sua fotogenia e beleza, acabam ocupando posições que nem sempre merecem. Pensei comigo mesma: “Vamos ver o que esse filme pode me oferecer…”

Pois é, “Divã”. Eu assisti a peça quando ela esteve em cartaz aqui em Salvador há alguns anos e gostei bastante porque eu me interesso muito por essa coisa de terapia, análise, psicologia. Não sou profunda entendedora, mas consigo me virar um pouco com minhas próprias inquietações. Quanto ao filme, ele conta a história de uma mulher que já chegou à casa dos 50, se considera feliz, bem casada, com filhos encaminhados, bem resolvida e que costuma repetir que “se tivesse algum problema na vida não seria por falta de felicidade”.

Mas é exatamente este o pulo do gato da peça e que foi tão bem traduzido no filme. Não estamos falando aqui de uma obra de arte, mas de um filme eficiente e despretensioso que cumpre sua proposta, importante ressaltar. A felicidade de Mercedes é uma felicidade do costume, da acomodação. A satisfação de estar com o homem (José Mayer é o marido Gustavo) que ela um dia amou e com quem construiu a vida, mas com quem não desfruta mais de momentos apaixonados e empolgantes. Mercedes, no entanto, só vai se dar conta disso quando começa a frequentar a terapia. No primeiro dia frente a frente com o analista ela revela que não sabe porque está ali sentada naquele divã. O que a levou até lá, ela vai descobrindo aos poucos.

Incomodada com o marasmo do casamento, Mercedes se lança em novas aventuras

Mercedes começa a se incomodar com as esquisitices do marido, a indiferença, a falta de atenção, o comodismo, a falta de tato, até o velho futebolzinho com cerveja em frente à TV. Ela percebe e divide com a melhor amiga que o marido a está traindo e leva isso como uma coisa natural, aparentemente, até que resolve começar uma história com um rapaz bem mais jovem, interpretado pelo gato Reinaldo Gianechinni. Mercedes se sente renovada, viva outra vez e se depara com o marasmo que é sua feliz vida de casada. Ela diz que não foi amor o que sentiu pelo moço, mas fica devastada depois que ele decide acabar com o namoro porque quer ter filhos, uma família e encontrou uma “menina jovem que está louca para ter um filho”.

Voltei então a um pensamento que me assalta quase cotidianamente, que é “o que é felicidade?”. Acredito que cada pessoa tem a sua própria definição, é lógico, mas o conceito de felicidade anda tão deturpado, que já não se sabe onde se quer chegar. Quanto mais o tempo passa, confio mais um pouco naquele ditado que diz que não existe felicidade, existem, sim, momentos felizes que a gente deve aproveitar ao máximo até que outro momento igual apareça.

A felicidade contemporânea anda muito ancorada nas posses e não nas relações pessoais que acabam se mostrando a maior riqueza que um ser humano pode ter. Um dos motivos que me levaram a frequentar a terapia foi exatamente esse, a constatação de que se relacionar com as pessoas pode ser uma fonte muito farta de momentos bons e felizes.

À medida que o filme se desenvolve, é como se Mercedes se transformasse. Mais do que repicar o cabelo – simbologia usada pelo diretor para mostrar as mudanças da personagem – ela evolui internamente e se fortalece, até se separar do marido, atitude da qual ela parece não se arrepender, mas que a faz sofrer muito.

Como muitas mulheres, Mercedes cristaliza suas mudanças internas com um novo corte de cabelo

Fiquei pensando, poxa, recomeçar a vida aos 50, sair de um casamento longo, encarar os filhos indo passar temporadas com o pai ou viajar com ele, voltar ao mercado dos relacionamentos amorosos (Mercedes volta a se apaixonar, desta vez por um garoto de 19 anos, intepretado pelo gatinho Cauã Reymond). É preciso mesmo muita coragem e vontade de viver para se expor a todas essas mudanças que são naturais ao longo da vida. Ela consegue se reerguer, sempre tentando temperar o sofrimento com um pouco de humor e seguindo em frente.

É uma forma positiva de encarar a vida e fica ainda mais tocante quando é interpretada por uma bela atriz. Me emocionei várias vezes com a atuação de Lília e me transportei para aquela situação me perguntando se se eu estivesse naquela posição, conseguiria lidar tão bem com tantas emoções e sentimentos e ainda sair forte e segura do outro lado. É uma dica minha para quem gosta de pensar na sua subjetividade, nas coisas que realmente importam na vida, o nosso desenvolvimento pessoal e auto-conhecimento. Mas vá preparado para se divertir, não para sofrer.

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Artigo: Passada a crise, é hora de mudar de emprego!

A dúvida pode trazer mais benefícios que a certeza. Quando duvidamos, tendemos a investigar e aprender mais. Quando temos certeza, nos fechamos para o conhecimento.

O artigo que publicamos nesta quinta foi escrito por Stefi Maerker, autora do livro Mulheres de Sucesso – Os segredos das mulheres que fizeram história. Embora o tom seja bem motivacional, não chega a lembrar as dinâmicas de grupo de RH, que algumas pessoas detestam. Também já tive o pé atrás com esse tipo de coisa, mas atualmente, revejo minha postura. Boa parte desse trabalho dos consultores de recursos humanos mexe com auto-estima e auto-confiança, cujas raízes estão na psicologia. Não recomendo a ninguém que se torne dependente de publicações que trazem fórmulas prontas para o sucesso, mas quem é que não gosta de ler sobre pessoas bem sucedidas? Embora condene a cultura norte-americana de loosers x winners (perdedores x vencedores), por acreditar que é excludente e desmotivadora, cada vez mais compreendo que atitude é importante, principalmente pensar positivo. Parece chavão, mas não é. No mínimo, manter a confiança ajuda a espantar o monstro da depressão. Tenho consciência de que muitas empresas aplicam estes conhecimentos de RH de forma negativa, até opressiva. Ao invés de motivar, pressionam ao limite, gerando estresse, frustração e uma geração de cardiopatas, pois levam o profissional a pensar que ele é o culpado por todos os fracassos, embora raras vezes reconheça a sua atuação nos sucessos da companhia. Mas, os conselhos de Stefi, longe de parecerem fórmulas mágicas, antes nos levam a pensar no que realmente queremos da vida e mais, no que fazemos para alcançar esses objetivos. Ninguém precisa ter como meta de vida ganhar o primeiro milhão aos 25, mas, mesmo que a sua felicidade esteja em vender coco na barraquinha da praia mais paradisíaca da sua cidade,  pegando um bronze de preferência, é preciso fazer isso com convicção e com a certeza de que mudar de caminho (seja na barraquinha ou na fábrica de doentes cardíacos) não depende necessariamente do chefe “bonzinho” ou “carrasco”, mas de nós mesmos. Sempre, em todas as circunstâncias da vida, temos escolha, nem que seja para dizer apenas: “Isso aqui eu não quero para a minha vida”. O grande problema é que, tal qual as companhias que culpam seus empregados pelos fiascos, quando elas mesmas não cumprem sua parte do trato, nós também temos de aprender a lidar com as consequências das nossas escolhas.

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PASSADA A CRISE, É HORA DE MUDAR DE EMPREGO!

* Stefi Maerker

As mudanças que ocorrem no mercado de trabalho nos ensinam a ver a vida sob uma nova perspectiva. Quando o mundo inteiro enfrentou uma forte crise financeira, quem estava incerto sobre sua carreira profissional achou melhor não arriscar; quem estava infeliz, aprendeu a gostar do seu trabalho até que a maré melhorasse. Empresas reduziram quadros e custos. Agora é hora de investir! Enxutas e com foco redirecionado, as empresas entraram em 2010 com fôlego e energia para recrutar novos colaboradores e retomar seu crescimento!

Neste momento, o mercado está bastante competitivo mas, ao mesmo tempo, oferece grande oferta de empregos. Com um importante detalhe: espera-se muito mais deste profissional.

Quais são as habilidades e as competências que deve ter o colaborador que hoje é procurado pelas empresas?

Flexibilidade: para saber lidar com mudanças rápidas e repentinas e para aceitar a volatilidade do mercado e a incerteza da rotina

Coragem: para arriscar, apesar de não existirem respostas prontas

Resiliência: para encarar uma rotina de imprevistos, pressão e obstáculos e saber superá-los, mantendo sua essência e equilíbrio

Otimismo e Equilíbrio Emocional: ter a habilidade de se manter motivado e encarar a rotina de forma positiva, transformando pequenos problemas em grandes soluções

Criatividade: para pensar diferente, encantar com novas soluções e contribuir com o ambiente de trabalho

Comprometimento: vontade de fazer a diferença e se envolver com o trabalho que faz – vale lembrar que este envolvimento vem de dentro, e não deve ser ligado apenas ao salário

Capacidade de Aprendizagem: para buscar auto-conhecimento e aprendizado, crescendo sempre

Visão Generalista e Função de Especialista: é bom conhecer um pouco sobre tudo, pois ter informação é um diferencial desde que exista foco

Quais são os principais erros que devem ser evitados durante a busca por um emprego?

Buscar um emprego, e não um trabalho
O profissional não deve apenas procurar uma função onde possa ganhar dinheiro, mas sim uma empresa para onde ele terá orgulho de levar seu talento e onde tenha prazer e crescimento na função. Caso contrário, ele estará frustrado e procurando emprego novamente dentro de um curto espaço de tempo.

Falta de networking
Enviar currículo por e-mail não é a única forma de procurar emprego. Encontre as pessoas, crie e fortaleça os vínculos já existentes, participe de eventos, circule e seja notado.

Desânimo
A fase é difícil e de grande ansiedade, por isso procure algumas válvulas de escape e faça atividades nas quais sente prazer, como ginástica, leitura, cinema ou qualquer outro hobby, e que poderão ajudá-lo a se manter resiliente.

Despreparo
Ao fazer contatos, tenha clareza do que gosta, do que quer fazer e de como pode contribuir. Tenha suas experiências, habilidades e competências na ponta da língua!

Mais do que tudo, estamos vivendo a fase de paixão pelo que se faz. O trabalho deixa de ser um castigo e passa a ser um foco de satisfação. Quem não tiver esta visão está buscando um emprego, o que é muito difícil hoje em dia. Empregos não há muitos, mas oportunidades, sim! Para quem quer desafios, para quem pensa fora da caixa e para quem quer arriscar sabendo que vai chegar lá, várias oportunidades existem!

O profissional deve rever seus próprios conceitos e escolher suas prioridades. O que é mais importante: ser feliz ou ter razão? Cabe a cada um de nós escolher – se for ter razão, fazer apenas um bom trabalho, qualquer coisa serve, mas se for para ser feliz e realizado em busca de um objetivo que terá significado para sua vida profissional e pessoal, então, vale a pena arriscar. O resto é conseqüência!

* Stefi Maerker é diretora-presidente da SEC Talentos Humanos e é também autora dos livros Secretária – Uma parceira de sucesso e Mulheres de Sucesso – Os segredos das mulheres que fizeram história.

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Artigo: A maratona emocional da reprodução assistida

Recebemos outro artigo preparado pela psicológica Luciana Leis, especializada em atendimento a casais com problemas de reprodução. Aliando conhecimento teórico sobre o tema e a prática cotidiana no consultório,  a especialista comenta a ansiedade de muitos casais que querem um filho a qualquer preço e do quanto essa impaciência pode afetar o próprio tratamento. Após ler o texto de Luciana fiquei refletindo também se em alguns casos, em que já se esgotaram tantos métodos, física e psicologicamente, não seria o caso de partir para uma adoção? Lógico que, muitos casais querem ter seu próprio bebê, legar seus gens, além de legar sua cultura. Filho, biologicamente falando, antes de mais nada , é descendência, é a forma que nós, seres perenes, temos de nos eternizar. Mas, ao educar, amar e criar uma criança adotiva – e são centenas as que aguardam um lar no Brasil  – podemos extrapolar as fronteiras da biologia e distribuir como herança um pouco das nossas ideias, da visão de mundo, dos sentimentos que nunca morrem e podem multiplicar-se naquela criança e em todos os que conviverem com o adulto que ela irá se tornar. Ainda assim, aos que estão passando por tratamentos de reprodução assistida e precisam de uma palavra de apoio e incentivo, segue o texto de Luciana:

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**A “maratona” emocional dos tratamentos de reprodução assistida

Luciana Leis*

reproducao assistidaQuando um casal recebe do médico o diagnóstico de infertilidade e a indicação de tratamento, muitas vezes, não faz a menor idéia do que vem a ser uma técnica de reprodução assistida. Ambos acreditam que, tão logo iniciem o tratamento, terão a tão almejada criança em seus braços. Porém, a realidade nem sempre é assim…

Para a maioria dos casais, são necessárias várias tentativas de tratamento até a realização do sonho, visto que, a cada tentativa, as chances da técnica dar errado são maiores do que as de dar certo. No entanto, muitas pessoas iniciam o tratamento, acreditando que engravidarão “de primeira”, negando para si próprias a possibilidade do “não”.

Em geral, com o resultado negativo, o tamanho da frustração costuma ser de acordo com o da idealização, sendo bastante dolorido esse processo, até que o casal possa se recompor emocionalmente. Há casais que chegam a abandonar o tratamento ou têm dificuldades para reiniciá-lo, justamente por não desejarem passar por esse sofrimento novamente.

Outra situação bastante freqüente nos tratamentos de reprodução humana assistida é a troca de médico, quando a tentativa de engravidar não dá certo. É necessário haver um responsável – ou um culpado – por esse fracasso, porque, para muitos, é difícil aceitar que tentar algumas vezes pode fazer parte desse processo. Presenciamos, muitas vezes, que a imagem de quase “Deus”, construída pelo casal para a figura do médico, de um momento para o outro, se inverte para a imagem do “Diabo”, que passou a castigá-los.

Muito comum também durante o tratamento é o casal querer logo mudar de técnica, se não obtiver o resultado desejado. Em certos casos, mesmo com a indicação médica para continuarem com o mesmo procedimento, o casal acaba insistindo em realizar “algo mais avançado”. Entretanto, já sabemos que as técnicas de reprodução humana assistida mais simples podem chegar a resultados positivos, e que quem decide o que pode ser melhor para cada caso são os profissionais que  acompanham o casal. Há casais que tentam controlar o que não é controlável, e acabam quase que atropelando o saber do médico.

Cada casal tem uma história particular e, assim como existem os que engravidam logo na primeira tentativa, há também os que precisam tentar várias vezes, até o resultado positivo de gravidez, que jamais seria possível sem a persistência e o real enfrentamento dessa situação.

luciana leis*Luciana Leis é psicóloga.

**Material encaminhado ao blog pela MW assessoria de comunicação.

Visite o blog da especialista:

>>compartilhandovidencias.blogspot.com

>>Para seguir Luciana Leis via twitter, clique aqui

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Outros artigos da autora que já publicamos:

>>Uma conversa séria sobre gravidez

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Uma conversa séria sobre gravidez

Este post está dividido em duas partes. Na primeira, publicamos um artigo da psicóloga Luciana Leis, especializada em atender casais com problemas de fertilidade. Na segunda, reproduzimos uma matéria com a médica Carolina Ynterian, da Analitic, especialista em reprodução humana. A ideia de colocar este material no ar é atender aquelas mulheres que têm um grande desejo de ser mães e muitas vezes deixam que a ansiedade e frustração as dominem. Respeitando e reconhecendo o fato de que nem toda mulher tem como projeto de vida tornar-se mãe, e só devem mesmo tentar a maternidade aquelas que se sentem preparadas para o desafio, a conversa hoje é direcionada às que acalentam esse desejo e que vêm se preparando para ele, independente dos desafios de se criar filhos no mundo de hoje. Sinceramente, não acredito que fosse mais fácil criá-los em outros períodos da história da humanidade. A questão com a maternidade não é o mundo exterior, mas o que nós vamos ensinar aos nossos filhos para que eles enfrentem o que está aí fora. Confiram:

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Quando o desejo de ser mãe parece não ser possível…

Luciana Leis*

clip_image004A maioria das mulheres cresce cultivando o sonho de ser mãe um dia. Desde muito cedo, brincamos com nossas “filhas-bonecas”, ensaiando o papel que será encenado em algum momento de nossas vidas. No entanto, esse sonho vai sendo deixado de lado para podermos desenvolver outros papéis – sociais, profissionais, familiares –  para o resgatarmos, no futuro, a possibilidade  de realizá-lo, em uma situação mais estável.

Assim, nos prevenimos de uma possível gestação em nossos namoros até encontrarmos um homem que pareça “bom” para estar ao nosso lado e construir uma família. Também evitamos um filho para nos estabilizarmos profissional e financeiramente. Nesse meio tempo, muitas vezes, sem ao menos percebermos, acabamos sendo meio “mães” de nossos amigos, maridos ou até mesmo de nossos pais.

Desta forma, mais cedo ou mais tarde, acabamos tendo um “insight” e percebemos que o sonho de ser mãe, até o momento colocado de lado, deve ser priorizado, já que consideramos que aquele é o melhor momento de nossas vidas para tal.

Porém, o tempo vai passando e a gravidez não acontece, fazendo-nos questionar o que pode estar errado. É muito difícil aceitar nossa falta de controle neste campo da vida, uma vez que, com esforço, conseguimos garantir muitas coisas até ali. É preciso reconhecer nossa impotência para poder garantir a chegada de uma nova vida, afinal, não somos “deuses”.

Faz-se necessário, então, certa flexibilidade interna para irmos em busca de alternativas que nos levem a atingir nosso objetivo. É fato que, na maioria das vezes, acreditamos que teríamos um filho logo que parássemos de usar o método contraceptivo.

No entanto, quando isso não acontece, precisamos encontrar novas possibilidades para chegarmos ao nosso destino. Talvez o caminho mais fácil esteja interditado, o que não significa que todos os caminhos estejam fechados. Então, é essencial cultivar a flexibilidade para buscar a melhor forma de concretizar o sonho de ter um filho.

gravidez14O grande obstáculo desse percurso é vencer o negativismo que essa situação nos coloca e se apegar às possibilidades reais desse sonho vir a acontecer. É comum, devido a sentimentos de insegurança e frustração, nos perdermos em meio a fantasias aterrorizantes, nas quais parece que o desejo nunca será realizado, quer pela via biológica ou pela adoção. Em alguns momentos, é necessário nos afastarmos um pouco do mundo das emoções e colocarmos mais objetividade e racionalidade para enfrentarmos os problemas, já que, se existem formas para resolvermos essa questão, é nelas que devemos nos respaldar.

Lembro-me de uma amiga que, frente ao diagnóstico de infertilidade conjugal, ouviu de seu médico: “Suas chances são muito pequenas de engravidar.” Frente a isso, ela perguntou: “Mas elas existem?”, e ele respondeu: “Sim.”. Essa resposta curta, porém honesta e positiva, foi o dado de realidade em que ela se apegou para enfrentar seus medos até a chegada da filha, hoje, com cinco anos.

A vivência e o reconhecimento de todos os sentimentos que a infertilidade traz em seu bojo são imprescindíveis para lidarmos com ela. No entanto, precisamos também de certa dose de racionalidade para enfrentarmos com determinação esse processo, sem nos perdermos em meio a  medos e inseguranças.

*Luciana Leis é psicóloga, especializada em atender casais com problemas de fertilidade.
>>Confira o blog da especialista, Compartilhando Vivências

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*Infertilidade femininas, causas:

Cerca de 12 milhões de pessoas encontram dificuldade para engravidar em algum momento. As causas mais comuns, que afetam as mulheres e são responsáveis por cerca de 40% dos casos de infertilidade, são:

>>Síndrome dos ovários Policísticos: causada por um desequilíbrio hormonal e excesso de hormônio masculino, provoca irregularidades na menstruação, aumento dos pêlos, ganho de peso e acne. A ovulação também fica muito comprometida, o que dificulta na gravidez. Ressalta-se que a gestação pode ocorrer neste quadro.

endometriose>>Endometriose: Doença que ocorre quando a mucosa que reveste o útero é expelida dentro da cavidade do abdômen ao invés de ser eliminada através do canal vaginal junto com o sangue menstrual e acaba dificultando a concepção.

>>Problemas ovulatórios: Principal causa de infertilidade nas mulheres, geralmente o que ocorre é uma falha na liberação de hormônios, irregularidade no ciclo menstrual ou problema nos ovários. Mediante isso, a ovulação fica prejudicada ou completamente ausente.

>>Alterações da tireóide: Aumento ou diminuição da função da glândula tireóide leva a um desequilíbrio hormonal, o que reflete no funcionamento dos ovários, consequentemente, na produção dos hormônios LH e FSH.

>>Aumento da prolactina: quando há aumento deste hormônio, os ovários não funcionam direito, o problema pode bloquear ou interferir a ovulação.

*Fonte: Dra Carolina Ynterian, bioquimíca e diretora da Analitic.

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Artigo: “Por que meu filho mente tanto?”

O artigo publicado abaixo foi enviado para nós por email pela assessoria de comunicação da CGC Educação (clique aqui para visitar o site). Trata-se de uma análise da psicóloga Beatriz Guimarães Otero sobre a questão da mentira na infância. Muitas vezes, ficamos chocados quando surpreendemos um filho contando mentiras, mas existe uma fase no desenvolvimento da criança em que realidade e fantasia não são tão nítidas. Leiam o texto  da especialista, é muito esclarecedor, principalmente para quem tem crianças nessa faixa etária.

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Por que meu filho mente tanto?

Beatriz Guimarães Otero*

A mentira é sempre encarada com muita preocupação por parte dos pais. Por esse motivo, é importante ter em mente que para uma criança de até cinco anos de idade, mentir é normal. Até esta fase do desenvolvimento, é tido como completamente normal que a criança invente histórias. Isto porque a realidade ainda é muito confundida com a fantasia. A imaginação e a fantasia fazem parte do mundo da criança até os cinco anos, e são bases para o pensamento lógico do adulto. Mas, à medida que a criança vai crescendo, essas funções vão dando lugar à noção de realidade, sem que sejam completamente extintas. A partir dos seis anos de idade espera-se que a criança ainda brinque com a imaginação, mas que fantasie bem menos. A mentira pode ser encarada como intencional a partir dos sete anos de idade, fase na qual a noção de realidade já está estruturada e a criança sabe diferenciar muito bem o que é mentira e o que é realidade. As crianças maiores podem mentir por vários motivos: temer castigos e repreensões, receber alguma recompensa, se isentar de culpas, fugir de responsabilidades, melhorar a auto-estima, chamar a atenção. Outro motivo que pode levar a criança a mentir é quando seus pais mentem. Os pais são os modelos mais importantes para as crianças. As crianças se espelham no comportamento de seus pais. Se os pais pedem que a criança minta ao telefone dizendo que não estão em casa, estão ensinando seu filho a mentir. Ou quando os pais deixam passar uma mentira de seu filho, também estão reforçando este comportamento, fazendo com que a criança encare a mentira como algo natural. Isto, no futuro se transforma no resfriado fictício para escapar da bronca da professora por não ter feito a lição, no automóvel de última geração que na verdade o pai não tem para chamar a atenção dos colegas etc. Percebemos que a criança aprende desde cedo a mentir quando seus pais a ensinam a não dizer quando acham a roupa da colega feia, ou quando não gostam de um presente de aniversário. Ou seja, à medida que começam a ampliar sua rede de relacionamento, as crianças são treinadas a contar algumas mentiras para não magoar o outro, inibindo sua espontaneidade. A partir daí, a criança aprende que necessita esconder o verdadeiro sentimento em algumas situações. Uma pergunta muito importante que surge é: e como os pais devem agir frente a tudo isto? Em primeiro lugar, os pais devem, sempre que perceberem uma mentira, pontuar a diferença entre a fantasia e a realidade, mesmo que a criança ainda seja pequena e não entenda essa diferença. A criança tem que saber que quando mente terá a desaprovação de quem o cerca, e que se fizer o contrário, ou seja, contar a verdade, será admirada. E que ao invés de castigar ou dar uma bronca, compete aos pais ensinarem os benefícios da verdade e os prejuízos da mentira. Isto porque as broncas e os castigos gerarão mentiras futuras com a intenção de fugirem disto. Quando a criança desenvolve um comportamento mentiroso freqüente que se estende muito além dos sete anos, os pais devem procurar ajuda profissional para compreender porque isto está acontecendo e receber as orientações necessárias. Isto porque após esta idade, o emprego freqüente de histórias fantasiosas pode revelar problemas sérios. Afinal, a fantasia neste caso pode não ser mais considerada uma mentira proposital, mas sim, uma fuga da realidade, como é o caso das psicoses em que a mentira vem em forma de delírios, devido a uma quebra de contato com a realidade. Ou ela pode surgir também na forma de uma compulsão, como se fosse uma dependência. Neste caso, a pessoa sabe que está mentindo, mas não consegue se controlar. Contudo, na maioria das vezes, a “imaginação fértil” das crianças indica um crescimento saudável, mas que exige a atenção de sempre.

Beatriz Guimarães Otero é psicóloga e psicoterapeuta junguiana*

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Leia outros artigos publicados no blog:

>>Crianças hiperestimuladas, crianças felizes?

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Artigo: Crianças hiperestimuladas, crianças felizes?

Recebemos um artigo muito interessante da psicoterapeuta Blenda Oliveira, doutora em psicologia clínica pela PUC – SP. Para quem tem filhos, é bastante esclarecedor. Confiram:

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Crianças hiperestimuladas, crianças felizes?

Blenda Oliveira*

O foco intenso na criança atinge seu auge por volta do século xv. Até a idade média, a infância não era valorizada. Quando desmamada, lá pelos 3 ou 4 anos, a criança passava a viver no mundo adulto. Não havia escolas formais e a família não era nuclear como agora. Na mesma casa conviviam pessoas de várias procedências.

Na idade moderna, junto com as grandes invenções, a revolução liberal e, mais tarde, com o iluminismo e a formação da burguesia, surge à infância. A criança passa a ser mais cuidada e os laços familiares se fortalecem. Pais e filhos são mais próximos e a criança passa a ser vista como um indivíduo que precisa de atenção e formação essencial.  A infância passa a se constituir como uma ideia de momento especial, uma idade de ouro. Logo se começava a perceber que valia a pena investir nesses seres tão pequenos e dependentes.

crianças brincando 2A infância surge no momento em que se decide deixar as crianças irem à escola, brincarem e serem crianças. Com a modernidade, a infância passa a ser mais estudada e vista como a época de formação.

Liliana Sulzbach (2000) em seu curta-metragem A invenção da infância retrata de uma maneira objetiva e profunda os conceitos de trabalho infantil, comparando as exigências em classes mais pobres e nas classes médias altas. As diferenças são cruciais, mas em ambas acompanhamos uma espécie de corte e de invasão nos territórios do mundo infantil. Crianças assumem funções inapropriadas à sua idade.

Uma criança do interior pobre do nordeste suspira ao dizer: “Que jeito tem? Tem que trabalhar…”. Enquanto a menina de classe media alta fala com um misto de satisfação e dúvida: “tenho hora para tudo! Tenho vida de adulto, mas é melhor assim!”, referindo-se à sua agenda lotada e, por vezes, pouco construída com base no seu desejo ou perfil, tal como o menino que suspira pela falta de alternativa e diz “tem que trabalhar!”.

Almejar para os nossos filhos o melhor dos mundos é perfeitamente compreensível, entretanto o objetivo que subjaz as práticas são questionáveis. Os pais, a pedido das escolas ou por expectativas próprias, tornam a rotina de seus filhos uma maratona desenfreada de cumprimento de tarefas. Os próprios pais não conseguem dar conta numa cidade como São Paulo de levar e trazer de um lado para outro seus filhos das mais diversas atividades.  O tempo acelera para os pequenos e passa a ser um bem de alto valor para eles.

Na ansiedade de fornecer aos filhos todos os recursos creditados como necessários ao desenvolvimento, os pais correm o risco de subverter os valores em função de ter filhos mais competitivos, mais preparados para enfrentar o futuro.

desenhos_blogNo meu dia-a-dia, como psicóloga, atendo crianças e converso com seus pais e com aqueles responsáveis pela vida escolar e ouço afirmações como: “meu filho é muito inteligente”, “é incrível a capacidade dessa criança captar todas as coisas”, “é uma criança brilhante, mas que por algum motivo não vai bem na escola”, “meu filho tem uma inteligência acima da média, mas não tem amigos e não se relaciona”, “ele é um atleta nato, tem um talento surpreendente”  ou, o contrário, “ele é lento para fazer as atividades”, “não tem noção do tempo”, “não consegue se organizar com as lições”, “se distraí com facilidade” e  tantas outras afirmações que nos fazem pensar: qual o elo dessa cadeia que se perdeu?  O que será que tem levado as crianças mais e mais a profundos estados de tristeza, insônia, hiperatividade e déficit de atenção?

Felizmente hoje temos um repertório de conhecimentos vindos da medicina, psicologia, neurociência, que faz toda diferença para conhecermos a etiologia de alguns quadros e poder tratá-los. Fato que há 50 anos era incomum e, portanto, as providências de tratamento eram precárias.

Assim, não podemos somente atribuir à vida corrida que levamos o aparecimento dos distúrbios da infância. Sem dúvida, os fatores do dia-a-dia como violência, exigências competitivas, acesso fácil aos meios de comunicação e diminuição do tempo de infância, contribuem para aumentar quadros antes mais freqüentes na idade adulta.

O custo de compor uma família também é alto. Preparar os filhos tornou-se um grande e complexo investimento. Pais trabalham incansavelmente para manter seus filhos, para assegurar que recursos não lhes faltem. Na outra ponta temos crianças exigidas e cansadas, com pouco aproveitamento do tempo para brincar e aprender na escola.

O que seria esperado? Não oferecer as possibilidades de aprendizagem? Não, absolutamente.  Talvez o elo que precisamos encontrar em nosso dia-a-dia como pais seja o cultivo pelo aprender, pelo estudar e pelo conhecimento. Aprender não é um processo de cumprimento de tarefas, mas sim um processo de descobrir coisas novas, todos os dias, das mais simples às mais complexas.

Oferecer os recursos a partir da convicção de que mais do que resultados, esperamos que pais e educadores ajudem nossas crianças a criarem ideais construtivos.  Nem sempre as crianças têm idéia do processo no qual estão envolvidas, quais são as etapas de todo e qualquer aprendizado. Empenho, dedicação, perseverança são valores pouco sublinhados nos processos de aprendizagem.

*Blenda Oliveira é diretora da Casa Movimento – www.casamovimento.com.br -, doutora em psicologia clínica pela PUC-SP, psicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo – SBP-SP -, além de psicoterapeuta.

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