Um artigo muito bacana da psicóloga Cássia Aparecida Franco para brindar vocês neste Dia do Amigo. Beijos no coração de todos!
Adultos que fazem amigos
*Cássia Aparecida Franco
“… mire, veja: o mais importante e bonito do mundo é isto; que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam.”
João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas.
A “pressa diária” para conseguir se organizar e dar conta com competência de todos os nossos afazeres acaba nos tornando “presidiários” de um campeonato da gente com a gente mesmo. Um dia após o outro, repetindo com pressa as tarefas mais ou menos iguais, costuma fazer com que fiquemos um tanto isolados, com a pilha fraca e sentindo um cansaço extremo. O preço disso tudo tem sido muito caro. Os relacionamentos de plástico e a solidão fazem parte dos altos juros que pagamos.
Quando adolescentes sonhamos com um grande amor e depois queremos escravizá-lo em posse. Quando jovens planejamos criar um mundo melhor, mais justo e depois poluímos o planeta sem dó. No começo da vida profissional, queremos um trabalho que nos realize e depois de algum tempo esta realização corresponde a conseguir pagar as contas no final do mês. E olhe lá! Alguns chamam isto de maturidade, onde a ingenuidade é substituída pelo realismo.
Talvez seja útil pararmos para observar se isso não é também um empobrecimento da vida, onde os sonhos congelam ou até encolhem restando apenas migalhas. A correria do dia a dia coloca os sonhos e a espontaneidade num grande liquidificador e ficamos embrutecidos como se o elemento humano fosse um artigo de segunda mão. Quando nos damos conta, sentimos a falta de gente, de relacionamentos significativos, enfim, de ter de amigos. Amigos com quem possamos conversar, ouvir e ser ouvidos, dar apoio e ser apoiado, em uma dança constante de troca e incentivo.
Mas que tarefa mais difícil é essa de fazer amigos na vida adulta. Quem trabalha ainda tem a facilidade de conhecer pessoas no ambiente profissional. No entanto, nem sempre ter muitos contatos irá corresponder a fazer muitos amigos.
Algumas atitudes podem ser de grande ajuda quando se quer plantar sementes que poderão resultar em novas amizades de valor. Se continuarmos fazendo o que sempre fizemos, continuaremos a obter os mesmos resultados. Portanto, mude. A mudança é a única coisa que oferece novas oportunidades. Loucura é continuarmos fazendo sempre as mesmas coisas e esperarmos por resultados melhores.
Assim sendo, criemos diálogos diferentes com aquelas pessoas consideradas por nós como difíceis ou irredutíveis. Colocar-se por alguns segundos no lugar destas pessoas, como se vestíssemos a sua pele temporariamente, pode nos ajudar a entender as suas necessidades. Quem sabe ela não está precisando ser mais ouvida ao invés de criticada? Um bom ouvinte não presta atenção apenas às palavras, mas também à musicalidade da voz e aos sinais de gestos e expressões faciais. É importante que também tenhamos consciência da nossa forma de falar, tanto nos gestos como na melodia da voz. Eles dizem muito mais do que as palavras.
Comprometa-se a dar o melhor de si e responsabilize-se pela comunicação. Nada de ficar esperando que o outro crie boas condições. Desafie-se a abrir boas conversas em terrenos aparentemente inóspitos. Imagine que gostoso poder deixar o seu interlocutor em um estado de animo melhor do que quando a conversa começou.
Evitar julgamentos preconceituosos pode ampliar nossos horizontes enquanto abrimos espaço para perceber a intenção positiva por trás de todos os comportamentos, inclusive dos nossos. Isso abre muitos caminhos.
Lembre-se que todos nós temos aspectos iluminados e aspectos sombrios na nossa forma de entender e atuar no mundo. Com atitudes adequadas, podemos transformar experiências negativas em lições e oportunidades que fazem valer nossas escolhas no mundo.
*Cássia Aparecida Franco é psicóloga e coach. Visite o blog da autora.
**Texto enviado pela Matéria Primma – Assessoria de Comunicação
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