Sim, somos diferentes. E não há por que investirmos nosso tempo tentando ficar iguais. Iguais precisamos ser apenas perante as leis, quando o assunto são os direitos e garantias fundamentais. Em todo o resto somos diferentes e isso é motivo de orgulho. Nós, mulheres, temos órgãos sexuais diversos, podemos carregar em nosso ventre uma vida, menstruamos uma vez por mês. Em regra, somos mais sensíveis, observamos melhor os detalhes, tendemos a amplificar, a potencializar o nosso lado emocional.
As distinções parecem não findar e extrapolam o campo do “achismo”. A ciência já comprovou e não se cansa de estudar o “dimorfismo do cérebro”. Esta busca pela qualificação das diferenças começou há anos, mais de um século atrás, quando pairava no ar a máxima de que o homem era mais conhecedor do que a mulher. Se achando mais inteligentes, eles começaram a buscar formas de ratificar a teoria. Decidiram pesar os dois cérebros e, de fato, o masculino apresentou gramas a mais. Mas a estrutura masculina tem mesmo um peso superior…
Os primeiros sinais concretos de que nossos cérebros funcionavam de maneira distinta foram identificados lá pelos idos da década de 70. Estudiosos descobriram que as sinapses (contato entre os neurônios, em uma definição bem simplista) eram numericamente diferentes para homens e mulheres. No final do ano passado, cientistas espanhóis divulgaram que o cérebro masculino possuía 30% a mais de conexões entre os neurônios no neocórtex temporal, o que indicava que eles e elas processam de forma diferente as informações relacionadas a eventos sociais e emocionais, por exemplo.
Em Viena, há uns dois anos, a especialista em medicina de gênero norte-americana, Marianne Legato, assinou um artigo na revista “Profil”, no qual defende que os sexos possuem características próprias e que estas interferem diretamente no tratamento que deve ser dispensado ao paciente. Revelou ainda que é preciso investir em estudos mais detalhados sobre o assunto, para que seja possível adaptar os tratamentos clínicos não apenas à condição médica do paciente, mas também a seu gênero.
E se fizermos mais algumas buscas, acharemos dezenas de pesquisas acadêmicas devotadas a dissecar o que fazem de homens e mulheres seres tão particulares. Elas levam em conta fatores tão peculiares, como o enfrentamento da dor, o processo de luto, a percepção do comportamento paterno, o consumo excessivo do álcool… Isso só para ilustrar alguns exemplos. Aí a gente lê que mulheres funcionam melhor nos trabalhos em equipe; que têm ideias mais interessantes sobre modelos de liderança; que interpretam melhor uma expressão facial… É tanta experiência em andamento pra tentar compreender a coisa que nós, leigos no assunto, acabamos confusos.
Para a gente, então, basta entender que somos diferentes. Que temos necessidades diferentes, que reagimos de forma diversa diante das mais variadas situações. É suficiente. A gente precisa é aceitar que cada um é cada um e que, inclusive dentro de um mesmo sexo, as diferenças entre os indivíduos são incomensuráveis. Nos basta, portanto, aceitar as dissemelhanças no outro, e construir uma relação de convivência harmônica, baseada justamente no respeito a essas diferenças… Nos basta aceitar que somos diferentes e que somos especiais justamente por isso. Às vezes, nos basta muito menos do que imaginamos.