Traça de biblioteca: Olhares sobre o feminino

As seis indicações de leitura da série Traça de biblioteca nesta sexta-feira têm em comum o fato de representarem olhares de diferentes autores sobre o feminino. A importância social das mulheres, os amores, adolescência, maturidade, as decepções, a autoestima, tudo serve de pano de fundo para romances sensíveis, com senso de humor agridoce, ou para ensaios esclarecedores sobre o nosso estar no mundo. Confiram:

A MENINA SEM QUALIDADES

menina qualidadesA menina sem qualidades (Editora Record) é o primeiro romance da alemã Juli Zeh publicado no Brasil. A autora retrata a atmosfera niilista de uma geração européia criada sob o impacto de imagens violentas da guerra dos Bálcãs, dos atentados terroristas de Madri e do 11 de setembro, além da Guerra do Iraque. O cenário é o microcosmo de uma escola de filhos rebeldes da classe alta, onde dois adolescentes entregam-se a um jogo perverso e sádico. A jovem Ada considera-se o ícone de sua geração – sem identidade e sem qualidades – e instintivamente questiona se valores morais e éticos ainda cabem no mundo atual.

A menina sem qualidades
Juli Zeh
Tradução de Marcelo Backes
Grupo Editorial Record/Editora Record
546 páginas
Preço: R$  62,00
Sinopse: Numa escola para filhos desajustados da elite alemã, o jogo perverso dos alunos termina em banho de sangue. A advogada responsável pelo caso sente-se incapaz de julgar o ato cínico e brutal e decide escrever a história de seus três protagonistas. No ginásio Ernst Bloch, em Bonn, dois adolescentes transgridem todas as amarras morais e o sentido de compaixão. Ada, com apenas 14 anos e dona de uma inteligência incomum, se proclama filha do niilismo e se considera ícone de sua geração: sem qualidades e sem identidade. O manipulador Alev, com 18 anos, usa as pessoas de acordo com leis matemáticas. Forçando-as a desempenhar o seu destino, orientado para a única opção que lhes dá. Se Ada caracteriza o panorama de toda uma época, unida a Alev compõe uma geração que pensa saber tudo e professa não crer em nada. Ambos nasceram durante a Guerra do Golfo e as imagens do conflito no Iraque, assim como as do ataque terrorista ao metrô de Madri, povoaram sua adolescência. Juntos, idealizam uma brincadeira, misto de sadismo e perversão sexual, com um de seus professores: Smutek, um ex-refugiado polonês que parece vir de outro universo, onde noções de bem e mal, respeito ao outro e pecado ainda estão vigentes…

MULHER DE UM HOMEM SÓ

Mulher de um Homem Só - capaO romance de Alex Castro, lançado em 2002 em versão para download gratuito, agora ganha versão impressa. Finalizado em 2001, Mulher de Um Homem Só é um romance curto e intenso sobre os desafios e atribulações do começo da idade adulta e, também, sobre amizade entre homem e mulher: Murilo e Júlia são melhores amigos de infância. Quando Murilo ainda está na faculdade, ele se casa com Carla, a narradora da história. A partir daí, o romance trata das aventuras e desventuras dos primeiros anos de casamento de Carla e Murilo, com ambos tentando ser maduros, buscando independência financeira e procurando, ao mesmo tempo, encontrar um lugar para aquela melhor amiga dentro do relacionamento. Para Carla, Júlia é uma presença intimidadora: uma mulher que ama seu marido e a quem ele ama, ainda que apenas como amigos, e que o conhece há mais tempo e, sob certos aspectos, melhor. A narrativa na primeira pessoa, naturalmente, é parcial, e as entrelinhas podem, ou não, revelar isso…

Mulher de um Homem Só

Alex Castro

Editora: Os Vira Lata

Preço: R$ 28,00 + taxas (frete de R$ 4,40 + taxa administrativa de R$ 2,00)

Para comprar: www.tinyurl.com/MulherComprar

ELA SÓ PENSA EM DINHEIRO

ela so pensa em dinheiroMaya sempre foi a boa menina, e Camden, o garoto popular e bonito com nada além de diversão na cabeça. Ela nunca imaginou que um dia eles tivessem algo em comum. Mas quando comete o primeiro e grande deslize de sua vida, Maya descobre que Camden pode sim ter mais alguma coisa na cabeça: um plano elaborado, diabólico e genial que fará Maya mentir, enganar, trapacear e… ir às compras. Divertido e empolgante, Ela só pensa em dinheiro é o livro de estreia de Chery Cheva, roteirista da animação Uma família da pesada.

Ela só pensa em dinheiro
Cherry Cheva
Tradução de Natalie Gerhardt
Editora: Galera Record
288 páginas
Preço: R$ 27,00
Sinopse:  O que pode acontecer quando juntamos…uma garota acima da média, um cara incrivelmente gato, uma multa altíssima e um plano que envolve alguma desonestidade e… muito dinheiro? Maya, a boa menina que trabalhava duro por horas no restaurante tailandês dos pais e ainda assim gabaritava todas as provas, e Camden King, aquele garoto bonito e popular com quem ela cruzava nos corredores — com um ego provavelmente muito maior do que o tamanho do seu cérebro, se juntam para resolver um grande problema, que pode colocar a família de Maya a beira de perder o restaurante. O problema é que eles não usam meios muito lícitos para conseguir juntar o dinheiro e pagar a dívida da família…

MULHER DE PAPEL

mulher de papelNeste livro, a jornalista Dulcília Buitoni analisa a representação da mulher na imprensa feminina brasileira, mostrando qual ideologia foi transmitida em mais de um século e em que medida a imprensa, como fator cultural, difundiu conteúdos que influíram na formação da consciência da mulher brasileira. Existe mulher de verdade nas revistas femininas? Como a mídia impressa vem mostrando a adolescente, a adulta e a mulher madura? Quais modelos são mais frequentes? Uma extensa pesquisa revela que a imagem da mulher na imprensa feminina brasileira é refletida segundo as conveniências da sociedade.

Mulher de papel – A representação da mulher pela imprensa feminina brasileira

Dulcília Schroeder Buitoni

Editora: Summus Editorial

240 páginas

Preço: R$ 57,60

Sinopse: A segunda edição – revista, atualizada e ampliada – chega quase trinta anos depois da publicação do primeiro livro, com mais dois capítulos redigidos para completar a linha do tempo da imprensa feminina brasileira. A obra aborda desde a mocinha casadoira e pouco alfabetizada de 1880 até a celebridade siliconada de 2001, mostrando como meninas, jovens e adultas estiveram e estão sob a influência poderosa da mídia impressa especializada. Fruto de uma tese de doutorado desenvolvida em 1980, o livro traz um levantamento histórico, incluindo informações e imagens a respeito dos diversos periódicos para mulheres na imprensa brasileira. Em que medida jornais e revistas difundiram conteúdos modeladores da consciência da mulher brasileira? Baseando-se no contexto sociocultural de cada época – de meados do século XIX até o começo do século XXI –, a autora mostra que a mulher ainda tem muito que fazer para deixar de ser representação e virar realidade. A reprodução de páginas e capas de algumas revistas permite visualizar as transformações na construção dos modelos de mulher…

SEXO INVISÍVEL

sexo-invisivel-202x300Neste livro, os autores apresentam uma nova visão sobre a pré-história, ao argumentar que foram as mulheres as responsáveis pela criação de meios essenciais para a sobrevivência, incluindo as roupas para climas mais frios, a agricultura, as cordas usadas em viagens muitos longas pela água e as redes usadas em caças coletivas. A mulher também desempenhou papel fundamental no desenvolvimento da linguagem e das habilidades sociais.

Sexo Invisível

J.M. Adovasio, Olga Soffer e Jake Page

Tradução de Hermano de Freitas

Grupo Editorial Record/Editora Record

312 páginas

Preço: R$ 49,90

Sinopse: No processo evolutivo, as fêmeas da espécie desenvolveram papéis mais complexos do que meras reprodutoras. No inovador Sexo Invisível, os autores — J.M. Adovasio, Olga Soffer e Jake Page — apresentam uma nova visão sobre a pré-história, ao argumentar que foram as mulheres as responsáveis pela criação de meios essenciais para a sobrevivência. Pela primeira vez, o lado feminino da evolução humana e da pré-história é analisado. Adovasio, Soffer e Page constatam que foram as mulheres as grandes organizadoras nos primeiros passos rumo às noções de civilização. Cabia a elas a confecção de roupas para climas mais frios, a agricultura, as cordas usadas em viagens muitos longas pela água e as redes usadas em caças coletivas. As mulheres também desempenharam papel fundamental no desenvolvimento da linguagem e das habilidades sociais. O livro retoma um passado povoado por um conjunto abundante de indivíduos. Pessoas que viveram e amaram, caçaram, coletaram, aprenderam a falar, cozinharam, costuraram, construíram, deslumbraram crianças com fabulosas lendas sobre seres míticos, brincaram, riram, adoeceram, se machucaram, choraram seus mortos, inventaram a religião. Os autores corrigem o relato histórico conhecido, que estabelece que as mulheres não participaram de forma relevante do nosso passado. Aqui, uma nova idéia de mulher pré-histórica é desenhada e implicações provocativas sobre questões contemporâneas de gênero são levantadas…

OS AMANTES DE MINHA MÃE

amantes de mamaeNo aclamado romance Os amantes de minha mãe, Christopher Hope apresenta uma reflexão sobre a história da África do Sul no século XX através da relação conturbada entre uma mulher pioneira e seu filho. Kathleen Healey dá a partida no monomotor; o aparelho corre pela pista improvisada na savana. A aeronave a levará à aldeia onde ela dá aulas de tricô, sem deixar de fazer oferendas à líder da tribo, a Rainha da Chuva. Uma mulher muito à frente de seu tempo, Kathleen, sul-africana descendente de ingleses, risca incessantemente os céus da África desde a década de 20 até os anos 70. Luta boxe com Hemingway e caça búfalos. Quarenta anos depois, ao receber a notícia de sua morte, Alexander, seu filho único, decide retornar ao país natal, a fim de realizar seus últimos desejos.

Os amantes de minha mãe

Christopher Hope

Tradução de Léa Viveiros de Castro

Grupo Editorial Record/Editora Record

480 páginas

Preço: R$ 59,00

Sinopse: Em um romance comovente e lírico, o premiado escritor sul-africano Christopher Hope – finalista do Man Booker Prize e ganhador do Whitbread Award – traça um panorama da história da África do Sul no século XX, pelos olhos de uma autêntica e corajosa personagem feminina e de seu filho único. Mulher de hábitos peculiares, Kathleen Healey imaginava que a África era deserta e que pertencia a ela. Africana, descendente de ingleses e irlandeses, Kathleen era amante de tricô, caçava búfalos, pilotava aviões e certa vez lutou três rounds de boxe com Ernest Hemingway em um ginásio em Mombasa. Pousava seu avião onde e quando quisesse e transportava para o exílio militantes do CNA, o Congresso Nacional Africano, que fazia oposição ao regime de apartheid. Distribuía favores livremente e tinha amantes de diversos locais do mundo. Os homens que amou representam a história da África do Sul, desde a Guerra dos Bôeres, passando pelas guerras mundiais, até o fim do apartheid…

Leia Mais

Feira de Saúde e homenagem às mulheres do Axé

Painelque cerca a Praça de Oxum, na Casa Branca, de autoria do artista plástico baiano Bel Borba / Crédito: Secretaria de Cultura da Bahia
Painel que cerca a Praça de Oxum, na Casa Branca, de autoria do artista plástico baiano Bel Borba / Crédito: Secretaria de Cultura da Bahia

Neste sábado, 26, das 9h às 17h, acontece a VII Feira de Saúde da Casa Branca, na praça de Oxum – Terreiro da Casa Branca, Engenho Velho da Federação. Ao longo do dia, diversos serviços serão prestados à comunidade do bairro, como medição da pressão arterial e glicemia. No mesmo dia, às 17h, após a feira, acontece uma homenagem a sete mulheres ligadas ao Candomblé na Bahia: Mãe Tatá, Mãe Stela de Oxóssi, Mãe Raidalva, Makota Valdina, Ekedy Sinha, Ekedy Lurdinha Siqueira e Alaide do Feijão; além do lançamento da Rede de Mulheres de Terreiros da Bahia.

Estandes montados pela Secretaria Municipal de Saúde reunirão informações sobre prevenção e tratamento das doenças sexualmente transmissíveis, a exemplo de DST/Aids, orientações sobre saúde bucal e saúde da mulher. Haverá também vacinação de cães e gatos e programa de prevenção às zoonoses.

Na abertura da feira de saúde, o ogan Arielson da Conceição e a Ekedy Sinha, ambos da Casa Branca, darão as boas-vindas aos participantes. Depois, a professora de enfermagem da UFBA, Luiza Huber, ministrará aula pública sobre exercícios de respiração e alongamento. A partir das 11 horas será realizada uma gincana com as crianças e jovens com o tema “saúde ambiental”. As tarefas estarão relacionadas a atitudes sustentáveis no uso dos recursos naturais.

Para completar, os estudantes de Nutrição da UFBA farão, a partir das 12 horas, uma oficina sobre Alimentação e Nutrição, explicando o valor dos alimentos e como podem ser melhor utilizados. Já ás 14 horas, será realizada uma mesa redonda com o tema: “O diálogo pelas águas, a saúde das mulheres e as políticas para a população negra”. Uma das presenças confirmadas é a de Gersoney Brandão, chefe do escritório de coordenação de ajuda humanitária da Missão da ONU no Sri Lanka, país localizado no Sul da Ásia. 

A Feira será encerrada com as premiações da gincana e apresentações culturais.

Serviço:
 O quê: VII Feira de Saúde da Casa Branca

Quando: sábado, dia 26

Horário: das 9 às 17 horas

Onde: Praça de Oxum da Casa  Branca, na Av. Vasco da Gama, 463

======================================

Terreiro da Casa Branca

Casa brancaO Terreiro da Casa Branca (Ilê Axé Iyá Nassô Oká, em iorubá) é considerado o Candomblé mais antigo do Brasil por alguns historiadores da religão de matriz africana. Outros defendem que é a primeira casa de Candomblé nagô (iorubá) de Salvador. Sua origem remonta ao Candomblé da Barroquinha, fundado há cerca de 300 anos, por três princesas africanas que vieram para a Bahia na condição de escravas, durante o tráfico negreiro colonial. Do Terreiro da Casa Branca, sairam as ialorixás que mais tarde fundariam os Terreiros do Gantois, celebrizado por Dorival Caymmi na canção Oração à Mãe Menininha, e Ilê Axé Opô Afonjá, fundado por mãe Aninha, uma das sacerdotizas do Candomblé que lutou pela liberdade de culto da religão afrobrasileira, chegando a se encontrar com Getúlio Vargas, durante o Estado Novo, para negociar o fim das perseguições policiais aos terreiros. A Casa Branca também é o primeiro monumento negro considerado patrimônio histórico do Brasil, desde 1984. A casa é ainda tombada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional desde 1986.

===================================

>>Leia sobre as mães de Santo da Bahia, em texto da jornalista e doutora em História Agnes Mariano.

>>Saiba mais sobre a feira na Casa Branca, Candomblé e outras importantes questões sobre afrodescendência e afrobrasilidade no blog da jornalista Cleidiana Ramos.

Leia Mais

A história do Brasil no século XX em cinco volumes

Capa do livro A História do Brasil no Século XXEm cinco volumes, a coleção “A História do Brasil no Século 20”, da série “Folha Explica”, traz a história do País dos últimos cem anos. Os livros foram escritos pelo jornalista Oscar Pilagallo e são divididos em períodos de 20 anos, com informações e comentários críticos a respeito dos fatos que marcaram época, dos barões do café à adoção do estado democrático de direito. É um panorama geral do desenvolvimento do País.

De acordo com o material de divulgação, o leitor vai encontrar em cada livro os seguintes temas:

Volume 1: narra as duas primeiras décadas do país após a declaração da República. Conta a história da Belle Époque e da Semana de 22, retratando a monocultura do café, as elites oligárquicas e as revoltas tenentistas.

Volumes 2 e 3: trazem a Revolução de 30, a crise da República Velha até a chegada de Getúlio Vargas ao poder e o golpe de Estado de 1937 –  que dá início ao Estado Novo – passando pela participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial e a redemocratização, o retorno de Vargas pelo voto popular e seu suicídio, encerrando com os anos de JK.

Volume 4: começa com a eleição de Jânio Quadros, em 1960, e termina com a fundação do PT, em 1980. Aborda ainda o Brasil na ditadura militar, o país de Jânio Quadros, do Tropicalismo, da luta estudantil, e o da guerrilha e da tortura.

Volume 5
: traz a turbulência política das duas últimas décadas com a campanha das diretas à eleição de Lula à presidência, passando pela morte de Tancredo, o impeachment de Fernando Collor de Mello e o plano Real.

| SERVIÇO |

Folha Explica: A História do Brasil no Século 20 (coletânea)
Autor: Oscar Pilagallo
Editora: Publifolha
5 volumes
R$ 79,90
Onde comprar: nas principais livrarias, pelo televendas 0800-140090 ou pelo site http://publifolha.folha.com.br/

Leia Mais

Duas boas dicas de exposições em Salvador

Para quem quer aproveitar as férias de julho, Conversa de Menina indica duas boas exposições que aportam em Salvador este mês. Uma delas é a mostra fotográfica Um Caminho, Seis Olhares – Caminho de Santiago na Galícia, que como o nome já diz, traz imagens feitas por peregrinos, seja em busca de iluminação espiritual ou para fazer turismo, no Caminho de Santiago, região da Galícia – Espanha. A outra mostra se chama Código Negro e exibe treze paineis que contam a história da escravidão a partir de um conjunto de documentos raros chamado Code Noir, onde o cotidiano das escravos nas colônias francesas era minunciosamente registrado. Confiram abaixo os detalhes sobre as exposições e boa diversão!

Caminho de Santiago em fotos de peregrinos

Santiago-250Mais de 300 fotografias que retratam os peregrinos e paisagens ao longo do Caminho de Santiago de Compostela, na Galícia (Espanha), compõem a mostra internacional “Um Caminho, Seis Olhares – Caminho de Santiago na Galícia”. A mostra será aberta à visitação pública a partir desta segunda-feira, dia 6, e poderá ser conferida de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, até o fim do mês, na Câmara Municipal de Salvador – praça Tomé de Souza, Centro. A entrada é franca.

A rota de peregrinos foi retratada sob o olhar de seis fotógrafos galegos: Delmi Álvarez, Fernando Bellas, Tino Martínez, Javier Teniente, Xulio Villarino e Tino Viz.  Salvador é a terceira cidade brasileira, depois de Rio de Janeiro e São Paulo, a sediar a exposição, que também já percorreu cidades como Bergen (Noruega), Copenhagen (Dinamarca), Estocolmo (Suecia), Varsovia (Polônia), Praga (Rep. Checa), Helsinki (Finlandia) e Viena (Áustria).

Serviço:

Um Caminho, Seis Olhares – Caminho de Santiago na Galícia

Quando: de 06 a 31 de julho, de segunda à sexta,  das 8h às 18h

Onde: Câmara Municipal de Salvador, Praça Tomé de Souza – Centro

Quanto: Entrada Franca

============================

Códigos decifrados da escravidão

code_noir_Sepia_PtitreA exposição Código Negro exibe 13 painéis com uma grande parte da história que não está nos livros escolares, se baseando no “Code Noir”, um conjunto de artigos que regulava a vida dos escravos das colônias francesas. O Código Negro era aplicado em colônias como Antilhas, Guiana e Guadalupe, apoiando a prática massiva da escravidão e legalizando punições corporais. Em particular, merecem destaque sessenta artigos criados em 1685 por Luis XIV, que representavam os estatutos civil e penal.

A exposição foi elaborada pelas Edições Sépia a partir de documentos originais, sendo preservados os textos originais, com algumas anotações pontuais indispensáveis à compreensão das passagens selecionadas. Para melhorar o conforto de leitura, algumas palavras ganharam sua ortografia atual.

Serviço:

Exposição Código Negro

Quando: 16 de julho a 03 de agosto,de segunda à sábado, das 8h30 às 21h; domingos e feriados, das 14h às 21h

Onde: Galeria da Aliança Francesa – Ladeira da Barra

Quanto: Entrada Franca

Leia Mais

Brasil do século XVI inspira romance Vida de Mulheres

A escritora Carmen Sanchez Gil foi buscar nas origens da colonização, a fonte de inspiração para escrever Vida de Mulheres, seu terceiro livro, lançado recentemente pela editora Olcana. Para quem gosta de história, é uma leitura interessante, pois mostra o desbravamento do Brasil selvagem, recém descoberto e prestes a ser colonizado, sob o olhar feminino. Trata-se de um romance, com todos os elementos de uma história de ficção, mas não deixa de ser baseado em situações comuns no período.

Mulheres ColôniaGeralmente, a história da colonização só é contada pela ótica masculina, principalmente porque nas origens do nosso país, boa parte das mulheres que aqui chegaram vieram por obrigação: ou porque seguiam os maridos, militares portugueses, donatários ou sesmeiros com a tarefa de povoar a colônia e dela extrair riquezas para Portugal, ou eram órfãs mandadas para o país pela Coroa, para se tornarem esposas dos primeiros colonos.

escravas_rugendasAs outras mulheres que já viviam aqui quando da chegada dos portugueses, eram as indigenas. Boa parte delas foi estuprada e transformada em escrava. A partir de meados do século XVI, com o início do tráfico negreiro para o Brasil, as africanas também teriam o mesmo destino. A violência porém, embora caísse com muito mais força sobre as índias  e negras, não deixava de atingir as mulheres brancas, que enfrentavam desde os riscos da travessia do Atlântico (o que também acontecia com as africanas confinadas nos navios negreiros), até o casamento forçado e a violência doméstica. Inclusive, as sinhás – segundo Gilberto Freire detalha em Casa Grande & Senzala – costumavam se vingar dos maus-tratos sofridos dos maridos, nas escravas com as quais os senhores costumavam deitar. Além da violência sexual por parte dos donos dos engenhos, as mucamas sofriam também castigos físicos impostos pelas senhoras ressentidas. É de se imaginar onde estaria a solidariedade feminina naquele período? A resposta é que estava soterrada sob camadas de ódio racial. A solidariedade existia, mas entre os grupos étnicos, com raras excessões.

SOBRE O LIVRO: A história de Vida de Mulheres tem início em Granada – Espanha e narra à saga de Carmel, filha caçula da família Flores, proprietária de vastas terras produtivas. A época retratada enfoca uma sociedade oprimida por um regime desumano, onde imperam a violência, o machismo e o desrespeito.

A espanhola Carmel, dotada de uma personalidade forte, como convém às heroínas literárias, se interessa por histórias de países do outro lado do oceano. O Brasil com suas belezas naturais recém descobertas, aguça a curiosidade de Carmel, que decide casar-se com um militar português prestes a assumir um regime lucrativo em terras brasileiras.

No Brasil, longe da proteção familiar e casada com alguém que mal conhecia, Carmel vive o desamor e a decepção.  Volta-se então para outras mulheres com histórias de vida parecidas com a dela. Apesar de desvalorizadas pela sociedade de então, essas mulheres guardam uma inesgotável sabedoria interior.

A ideia do romance de Carmen Sanchez Gil é reverenciar o exemplo de luta pela liberdade, a criatividade,  a fibra e o talento femininos que possibilitaram que elas sobrevivessem àqueles tempos indomáveis e tornou-as capazes de grandes transformações sociais.

Trata-se de uma obra apaixonada e que, por partir do ponto de vista feminino, valoriza a participação das colonas brasileiras na formação do nosso povo e cultura. Vale pelo resgate de uma história que sempre foi contada por homens e em cuja narrativa as mulheres ocupavam notas de rodapé.

Ficha Técnica:

Vida de Mulheres_capaVida de Mulheres
Autora: Carmen Sanchez Gil
Editora: Olcana
465 páginas
Preço sugerido: R$ 39,90

========================

Leia também:

>>Artigo: Mulheres e educação no Brasil colônia (em pdf)

Leia Mais

Vá ao museu!

Indiana Jones, vivido pelo ator Harrison Ford. Ícone que arqueólogo aventureiro e caça tesouros
Indiana Jones, vivido pelo ator Harrison Ford. Ícone que mistura o arqueólogo aventureiro e o caça tesouros das brincadeiras da infância

Tenho uma paixão declarada por casarões antigos e objetos do passado. Alma nostálgica, definiriam alguns. Não nego, sou mesmo saudosista. Mas o que me move é uma curiosidade imensa sobre a origem das coisas. Museus para mim são o que há de mais interessante. Impossibilitada de viver as aventuras de Indiana Jones, ou mesmo de escavar tumbas no Egito (quando era criança queria ser arqueóloga), resta a visita a esses pequenos templos que guardam pedaços da memória da cidade, do país, da trajetória da humanidade. E quando o museu em questão está instalado em um imponente casarão do século XVII, mas reúne obras de diversas gerações de artistas, o passeio se torna ainda mais fascinante.  O Solar do Unhão é um dos casarões coloniais mais belos de Salvador. Construído no sopé de uma montanha, debruçado sobre o mar da baía de Todos os Santos. É neste cenário de filme que funciona o MAM-BA (Museu de Arte Moderna da Bahia) e é lá também que na semana de 17 a 23 de maio, uma programação cultural de tirar o fôlego comemora a Semana Nacional dos  Museus. Se você é de Salvador e compartilha essa mesma paixão por entender o significado das coisas, vá ao MAM e a todos os outros museus da capital sempre que tiver oportunidade. Se não é baiano, frequente os museus da sua cidade. Você vai gostar muito do que vai ver.

============================

Horário extra

O MAM-Ba vai funcionar de 17 a 22 de maio até às 20h e no dia 23, até às 21h. O horário foi esticado para que dê tempo de desfrutar a rica programação elaborada para a Semana dos Museus. Além disso, o MAM vai abrir nesta segunda-feira, 18, dia em que tradicionalmente está fechado.

Palestras, visitas programadas, o circuito de arte eletrônica Zona Mundi, apresentação de Djs, a exposição Caribé – 70 anos de Bahia, a mostra fotografica Lugar de Ausência e a mostra Nuancier – em alusão ao ano da França no Brasil, são algumas das atividades programadas. Confira os detalhes, agende-se e divirta-se:

Novas atrações na mostra Caribé

Iaôs, pintura de Caribé à mostra no MAM
Iaôs, mosaico de Caribé à mostra no MAM

Esculturas, pinturas, desenhos, gravuras, ilustrações e registros de Carybé estão presentes na  exposição em cartaz até o dia 31 de maio. A mostra comemora os 70 anos da chegada de Caribé à Bahia e integra a programação de 50 anos do MAM.  Carybé teve participação ativa, ao lado de Lina Bo Bardi e Mário Cravo, no projeto de implantação do museu, cujo acervo conta com importantes peças suas, a exemplo de pinturas, desenhos, gravuras, painel e serigrafia, além do gradil e portal de entrada do Parque das Esculturas, reunindo mais de 20 obras.

A mostra Carybé ocupa os dois andares do Casarão e a Galeria 1 do MAM.  Além das mais de 200 obras em exposição, os visitantes podem ainda participar da Rota Caribé, um passeio cultural por pontos de Salvador onde existem obras do artista. As saídas ocorrem de terça a domingo, de 19 a 31 de maio, das 14h30min às 17h. São percorridos locais como Praça Castro Alves, Av. Carlos Gomes (Ed. Bradesco), Campo Grande, Iguatemi e Assembléia Legislativa.

Durante a Semana dos Museus, dentro da programação da exposição Caribé – 70 anos de Bahia, ocorrerá ainda o seminário “Encontro com Carybé”, em que amigos e colaboradores do artista reúnem-se para dar depoimentos ao público, abordando questões de interesse específico de estudantes de artes, história, artistas, museólogos, e demais interessados pela Bahia e sua cultura. Participam do seminário: Nancy Bernabó, Solange Bernabó, Ramiro Bernabó, Mario Cravo, Gilberto Sá e José Barrero, entre outros. Há ainda uma programação extensa de filmes dentro do Circuito de Cinema Carybé. Veja aqui no Cineinblog a programação.

Mostra Lugar de Ausência

Imagem da exposição Lugar de Ausência
Imagem da exposição Lugar de Ausência

Exposição individual da fotógrafa baiana Valéria Simões,  até 31 de maio, na Galeria Subsolo e na Galeria 3. Traz o conjunto de 30 fotografias e um audiovisual sobre questões recorrentes da vida contemporânea. As imagens foram colhidas ao longo dos dois últimos anos, em diversas cidades do interior da Bahia e no Centro Histórico de Salvador.

Nuancier

Organizada pelo artista plástico e designer francês Pierre David, a mostra poderá ser visitada até 31 de maio.  O projeto faz parte das comemorações do Ano da França no Brasil – 2009, organizado pelo Comissariado Geral Brasileiro, Ministério da Cultura e Ministério das Relações Exteriores. Montada na Capela do MAM, Nuancier é a terceira parte de uma trilogia que trata da mesma questão: o que determina a escolha de um modelo? Nesta exposição, o critério de escolha dos modelos baseou-se na cor da pele. No projeto, as peles de quarenta modelos foram fotografadas e reunidas em um clássico catálogo de cores. Um fabricante de tintas determinou industrialmente as fórmulas químicas de cada cor de pele. A exposição também é composta da série Ícones, que traz gravuras de crânios trepanados (trepanação é o processo de realizar furos no crânio com objetivo medicinal); e gravuras de catástrofes de amplitude global, a exemplo do 11 de setembro, da bomba de Hiroshima, do assassinato do presidente Kennedy, dentre outros. A idéia é abordar o tema da morte, reinterpretando imagens do sagrado. Dentro da montagem, o artista desenvolveu também trabalhos usando símbolos religiosos.

Mesa Redonda: A Memória e o Espaço Museal

No dia 19 de maio, a partir da 14h, o Núcleo de Arte e Educação do MAM realiza a mesa redonda: A Memória e o Espaço Museal, com o professor de arquitetura da UFBA, Nivaldo Vieira de Andrade Junior e com a professora de História da UNEB, Suzana Maria de Sousa Santos Severs. Os especialistas vão abordar, como tema central, o museu e sua relação com a memória, seja pelo aspecto arquitetural, seja pela sua própria história de ocupação. A entrada é gratuita.

Parque das Esculturas

O local se constitui como um espaço expositivo a céu aberto, o que propõe uma concepção de apreciação alternativa da obra de arte, sem isolamento, nem formalidades. O Parque conta com obras de grandes artistas plásticos brasileiros como Mario Cravo Júnior, Mestre Didi, Waltércio Caldas, Tunga, Carybé, Sante Scaldaferri, dentre outros, reunindo um total de 23 obras. Na Semana dos Museus, escolas, organizações não governamentais, faculdades e outros grupos interessados podem visitar o espaço através de agendamento prévio. A atividade será realizada na quinta-feira (21),  das 10h às 11h da manhã. O agendamento pode ser feito através do telefone (71) 3117 6141.

Zona Mundi

Nos dias 21 e 22 de maio, o MAM abriga a terceira edição do projeto de arte eletrônica Zona Mundi – Circuito Eletrônico de Som e Imagem. A programação conta com um workshop com o DJ Lúcio K (RJ) que acontece no dia 21, das 9h às 12h e das 13h às 18h. O carioca também participa, ao lado do coletivo RadioMundi (BA), de uma performance musical promovida pelo projeto no dia 22, a partir das 20h, no estacionamento inferior do MAM. As inscrições para os workshops podem ser feitas através do envio de propostas – nome completo, RG, um breve release e currículo – para o email [email protected].

Café do MAM: Dj Munch

Integrando a programação especial do MAM para a Semana dos Museus, o Café do MAM recebe o DJ Munch na sexta-feira (22). A apresentação é aberta ao público e ocorrerá das 17h às 22h. Na ocasião, ele convida os Djs Riffis e Mangaio, que comandam sets permeados de afrobeat, dub e brazilian beats.

=======================================

Solar do Unhão, foto de Jeanne Darc, 2000, França
Solar do Unhão / Foto: Jeanne Darc, 2000, França

Solar da história – A saga do Solar do Unhão, sede do MAM-Ba, começa com o cronista português Gabriel Soares de Souza. Ele viveu na Bahia entre o final do século XVI e parte do XVII e é autor do livro Tratado Descritivo do Brasil, um dos mais importantes registros da história colonial do país. Gabriel comprou o solar do desembargador Pedro de Unhão Castelo Branco e tentou implantar um engenho de açúcar no local. Após sua morte, a propriedade foi legada aos monges beneditinos. Na capela do solar, nasceu a devoção a Santa Luzia, depois transferida para a igreja do Pilar. Diz a lenda, que a capela foi dessacralizada porque um padre teria sido assassinado no local. No entanto, a história verdadeira é bem menos romântica. No século XIX, o Solar do Unhão foi comprado por um suiço chamado François Meron, que transformou a propriedade em uma fábrica de rapé. Como Meron era protestante, usou a capela do antigo engenho como um dos depósitos de pólvora da fábrica. Os paramentos da igreja e as imagens sacras foram doados pelo suiço para a igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia. O solar também serviu de quartel para os Fuzileiros Navais durante a II Guerra Mundial.

=======================

Leia também:

>>Três anos do Museu da Língua Portuguesa – São Paulo

Leia Mais

Releitura da Abolição

Da série, Mulheres que fazem a diferença

A historiadora baiana Wlamyra Albuquerque, professora da Universidade Federal da Bahia, lançou na última terça, dia 12, o livro O Jogo da Dissimulação – Abolição e Cidadania Negra no Brasil, em que propõe uma ressignificação do 13 de Maio. Ao invés do que dizem os livros didáticos, que a abolição da escravatura foi uma concessão da princesa Isabel e até um gesto de bondade da regente, a pesquisadora propõe uma análise mais crítica do episódio histórico, demonstrando com base em documentos e registros, que a abolição ocorreu devido a pressões sociais e, principalmente, porque os próprios negros sempre lutaram pelo reconhecimento de sua condição enquanto cidadãos livres.

Isabel de Bragança em foto tirada no exílio, na França
Isabel de Bragança em foto tirada no exílio, na França, onde viveu após a proclamação da república, até sua mort, em 14 de novembro de 1921

Ao longo dos 300 anos de escravidão no Brasil, diversas fugas, rebeliões de escravos, escamaruças em quilombos e campanhas exerceram tal pressão sobre o governo imperial que a assinatura da Lei Áurea era inevitável. O Brasil também recebeu muita pressão externa para eliminar o trabalho servil. Wlamyra vai mais longe na sua pesquisa e revela que quando a lei foi assinada, mais de 80% da população negra já era liberta e essa liberdade foi conquistada mais por meios próprios do que por benevolência dos senhores. Os escravos, aqui na Bahia, por exemplo, uniam-se em irmandes responsáveis por juntar caixas de pecúlio e usar esse dinheiro para comprar a alforria uns dos outros. Negros de ganho, escravos que trabalhavam nas ruas como carregadores e vendedores, também juntavam o quinhão para a compra da liberdade.

Em 2000, fiz uma entrevista com Wlamyra, na época, ela lançava um livro sobre o 2 de Julho – Independência da Bahia – partindo também de estudos que resignificavam a festa maior dos baianos. Na pesquisa, a historiadora ressaltava o caráter popular da guerra da Independência. A Bahia foi o último reduto do comando português no Brasil e foi o estado onde a Independência do Brasil se consolidou, pois um levante popular permitiu que os últimos soldados portugueses fossem expulsos do país.

Quem é quem:

Wlamyra Albuquerque* – Graduada em História pela Universidade Católica do Salvador (1991), mestra em História pela Universidade Federal da Bahia (1997) e doutora em História Social da Cultura pela Universidade Estadual de Campinas (2004). É professora da Universidade Federal da Bahia. Desenvolve pesquisa e orienta trabalhos que versam sobre abolição, racialização, culturas e identidades sócio-raciais no Brasil.

*Informações retiradas do currículo lates da pesquisadora, disponível aqui.

Princesa Isabel – A filha do imperador Pedro II foi a primeira senadora brasileira, cargo a que tinha direito como herdeira do trono, segundo a Constituição do Império, promulgada pelo avô Pedro I, em 1824. Nasceu no Rio de Janeiro, em julho de 1846 e morreu em 1921, na França. Foi regente do império três vezes. A abolição foi assinada no seu último período de regência. Pelo ato, a princesa recebeu o título de “Redentora”. Essa visão é que a historiografia moderna tenta mudar, mostrando que a princesa agiu por pressões políticas e sociais e não por caridade. Com a Proclamação da República, teve de deixar o Brasil com o resto da família real.

=======================

Leia também:

>>13 de maio inspira reivindicação e festas – reportagem do A TARDE On Line

Leia Mais

Santo Amaro em evidência

Santo Amaro da Purificação é uma das cidades mais místicas do recôncavo baiano.  E não digo isso porque é terra de Caetano Veloso e Maria Bethânia. Aliás, os dois grandes artistas são o que são porque nasceram e se criaram num caldo cultural que mistura a religiosidade afro-brasileira, tradições católicas, cultura popular e história de resistência. Pois a cidade, localizada a 72 quômetros de Salvador,  estará em evidência nos próximos dias. Aqui na capital, de hoje até domingo, o Conjunto Cultural da Caixa (Rua Carlos Gomes – Centro) apresenta o espetáculo teatral Besouro Cordão de Ouro, sobre a vida de um dos capoeiristas mais famosos de Santo Amaro, um homem tão peculiar que se não houvesse testemunhas jurando que ele existiu, passaria facilmente por lenda e das boas, daquelas de ouvir ao pé da fogueira. Além disso, de 13 a 17 de maio, a cidade do recôncavo celebra os 120 anos do Bembé do Mercado, festa criada em 1889 para comemorar a abolição da escravatura. Abaixo, informações sobre o espetáculo e a história do Bembé:

Besouro Cordão de Ouro

Cena do espetáculo Besouro Cordão de Ouro
Cena do espetáculo Besouro Cordão de Ouro

Manoel Henrique Pereira, apelidado Besouro Cordão de Ouro, nasceu em Santo Amaro no final do século XIX. Ficou famoso graças ao talento nas rodas de capoeira tanto na cidade natal quanto no Cais Dourado, em Salvador, onde desembarcava dos saveiros que cruzavam a baía de Todos os Santos, em busca de um bom desafio. Sua fama de valente o transformou em lenda viva. Sendo que o romance Mar Morto, de Jorge Amado, ajudou a consolidar a fama do lutador. Além de capoeirista, Besouro também era poeta, boêmio, tocador de violão dos mais afamados e compositor de chulas e sambas-de-roda.

O espetáculo Besouro Cordão de Ouro, que aporta em Salvador neste fim de semana, é produzido por um grupo carioca, sob direção de João das Neves. O texto, as músicas e letras das canções entoadas na peça  são de autoria de Paulo César Pinheiro. A história de Besouro, também chamado Mangangá nas rodas de capoeira, é contada a partir dos atores que interpretam outros mestres famosos do ínicio do século XX como Bimba, Pastinha, Budião, Dora das Sete Portas e a mítica Rosa Palmeirão, também personagem de Mar Morto e que, diz a lenda, foi criada por Jorge Amado a partir de Maria Doze Homens, uma capoeirista valente do Cais Dourado, que derrubava qualquer um que se interpunha em seu caminho, fosse macho ou fêmea. Maria Doze Homens, por sua vez, é confundida na memória da cultura popular baiana com Maria Felipa de Oliveira, uma mulher que, na Guerra da Independência da Bahia, em 1823, teria liderado outras mulheres na guerrilha contra os portugueses.  Prometo contar a história dela aqui no blog, em outra ocasião.

SERVIÇO:

Espetáculo: Besouro Cordão-de-Ouro

Onde: Espaço Caixa Cultural

Rua Carlos Gomes, 57 – Centro – Tel: 3421-4200

Quando: 8 a 10 de maio, às 20h

Ingresso: Um quilo de alimento não-perecível, trocados pelo ingresso a partir das 14h do dia do espetáculo

================================

Bembé do Mercado

Caetano deve participar de mesa redonda durante o Bembé
Caetano deve participar de mesa redonda durante o Bembé

A origem do Bembé do Mercado remonta ao dia 13 de maio de 1889, no aniversário de um ano da abolição. Na ocasião, os terreiros de Candomblé de Santo Amaro e região se reuniram para fazer uma festa de três dias e três noites, tocando para os orixás e em memória aos antepassados que pereceram na luta pela liberdade. Durante anos, o Bembé foi erroneamente associado a uma homenagem à princesa Isabel, mas a festa de fato, marcava a resistência dos adeptos do Candomblé às perseguições a sua religião e também era uma forma de mostrar que existia um contingente negro que havia saído das senzalas, mas ainda não havia alcançado lugar de direito na sociedade. Mesmo com as perseguições o Bembé continuou acontecendo. Em alguns anos, limitava-se aos terreiros, em outros, acontecia na praça do mercado municipal da cidade. A partir do final dos anos 90, houve empenho de lideranças negras e religiosos do Candomblé, além de apoio de universidades e políticos, para que o Bembé fosse revitalizado. A palavra Bembé é uma corruptela de Candomblé.

Este ano, cerca de 30 terreiros irão se unir para realizar a festa dos 120 anos do Bembé, de 13 a 17 de maio, na praça do mercado. Além dos rituais religiosos, ocorrerão também apresentações de maculelê, capoeira, samba de roda e a encenação do Nego Fugido, folguedo que tem origem no distrito santoamarense de Acupe e representa a fuga de escravos das fazendas de açúcar da região e a implacável caçada empreendida pelos capitães do mato e feitores na tentativa de recapturá-los.

A festa de 2009 renderá homenagens ao escultor e museólogo Emanoel Araújo e a sambista santoamarense Edith do Prato, morta no início do ano. A programação prevê também uma mesa redonda, que deve ocorrer na quarta-feira, 13, na abertura do evento, sobre cultura popular, reunindo o Ministro da Cultura Juca Ferreira, o cantor Caetano Veloso e a folclorista Maria Mutti; além de um show de J. Velloso e Ulisses Castro.

SERVIÇO:

O quê: Bembé do Mercado

Local: Mercado de Santo Amaro da Purificação – BA

Data: 13 a 17 de maio

Horário: quarta-feira (04h alvorada, 18h abertura), quinta-feira e sexta-feira (18h), sábado (10h)

Como chegar: Saindo de Salvador, pegar a BR-324.  São 59 quilômetros até o entroncamento da BA-026, em direção a Santo Amaro, e mais 13 quilômetros até a sede do município.

Leia Mais

Gripe suína põe mundo em alerta como nos tempos da “influenza espanhola”

Vírus influenza, causador da gripe
Vírus influenza, causador da gripe

Guardadas as devidas proporções, o surto de gripe suína, iniciado no México em março,  e que já alcançou diversos países, tem sido comparado com a epidemia de gripe espanhola do início do século XX. Apesar de, em 1918, não termos a quantidade de tecnologia e nem o avanço médico científico dos dias de hoje, as formas de disseminação do vírus se assemelham. Naquela época, a I Guerra Mundial ajudou a espalhar a Influenza pelo mundo. Hoje, após a globalização, o mundo encolheu e os voos que ligam todos os continentes podem trazer bem mais que roupas e acessórios na bagagem de seus passageiros. Queira Deus que a gripe suína nem de longe seja parecida com a epidemia de gripe espanhola, porque aquela sim foi uma calamidade de proporções inimagináveis até para os padrões atuais.

Aqui em Salvador e no resto do país, do planeta, a luz vermelha está acesa. Fronteiras são vigiadas e o controle sanitário torna-se rigoroso. Nas ruas do México, vemos na TV que as pessoas andam com máscara cirúrgica na cara. Mas ainda continuamos perdendo batalhas e mais batalhas para seres microscópicos como os vírus, justamente porque, tal qual em 1918, ainda vivemos diferenças gritantes no acesso à saúde, ao saneamento básico, a condições dignas de moradia e alimentação. O mundo globalizado ainda é dividido entre privilegiados e despossuídos. Não é à toa que o surto epidêmico começou no mais pobre dos países norte-americanos. Igual a epidemia de ebola, nos anos 90, que saiu da África para o resto do globo. Ou ainda, como a cólera morbus, que vez por outra eclode em algum lugar insalubre do mundo.

Diretor-geral da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agenor Álvares. Governo Federal decidiu criar o Gabinete Permanente de Emergência, para tratar dos assuntos referentes ao surto mundial de gripe suína / Crédito da Foto: Valter Campanato - Agência Brasil
Diretor-geral da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agenor Álvares. Governo Federal decidiu criar o Gabinete Permanente de Emergência, para tratar dos assuntos referentes ao surto mundial de gripe suína / Crédito da Foto: Valter Campanato - Agência Brasil

Prevenção é a palavra de ordem, tanto nesse caso da gripe suína, quanto em qualquer epidemia, como a de dengue, que já nos dá muito trabalho. Lavar as mãos, evitar contato com doentes, higienizar frutas, verduras, não jogar lixo nas ruas, afinal, somos nós que vivemos nessas mesmas ruas. Tudo isso faz parte da consciência cidadã e ajuda muito a diminuir o poder avassalador de um vírus. Mas, ainda assim,  é preciso uma consciência maior dos governos, dos cidadãos na hora de escolher esses governos, dos mais ricos da sociedade. É preciso mais justiça na hora de dividir o bolo de riqueza do mundo, mais justiça na hora de permitir que os hospitais públicos e os postos de saúde de fato cumpram seu papel perante os mais carentes. É preciso mais compromisso da medicina, tanto nas faculdades, que formam os médicos, quanto na hora de exercer a profissão, de avaliar um paciente e dizer algo mais para ele do que simplesmente “você está com virose”.

Perder vidas por causa da gripe na Idade Média, quando não se sabia nem o que era que causava uma gripe, até se entende, mas perder vidas por causa da gripe em tempos de pesquisas milionárias, em laboratórios milionários, é sinônimo de que precisamos mais do que simplesmente lavar as mãos. Faz-se necessário repensar o que estamos afinal fazendo com este planeta que chamamos de lar, o que estamos fazendo uns com os outros.

===============================

Informações úteis sobre a gripe suína:

Abaixo, alguns links retirados do Portal A TARDE On Line; além da história da gripe espanhola, pandemia ocorrida em 1918 e considerada um dos mais graves surtos de gripe da história.

>>Conheça os sintomas da doença em uma infografia explicativa

>>Salvador tem primeiro caso suspeito de gripe suína

>>Secretário de Saúde da Bahia tranquiliza população

>>Vigilância nos aeroportos

>>Médicos dão orientações sobre o surto de gripe suína

>>Tripulação deve observar passageiros em voos internacionais

>>Site Banco da Saúde reúne guia para esclarecer sobre a gripe.  Confira

=================================

HISTÓRIA DA GRIPE*

O advogado Rodrigues Alves foi o 5º presidente do Brasil, governou entre 1902 e 1906. Disputou e venceu nova eleição presidencial em 1919, venceu, mas não governou, porque morreu na epidemia de gripe espanhola
O advogado Rodrigues Alves foi o 5º presidente do Brasil, governou entre 1902 e 1906. Disputou e venceu nova eleição presidencial em 1919, venceu, mas não governou, porque morreu na epidemia de gripe espanhola

A epidemia de gripe espanhola, em 1918, é considerada a pior da história da humanidade. Atingiu quase todo o globo, deixou 20 milhões de mortos e 600 milhões de pessoas infectadas em todo o mundo. O único país que escapou foi a Austrália, que só registraria alguns casos isolados em 1919. Independente do isolamento da Austrália, nos confins da Oceania, o governo de lá tomou medidas drásticas para impedir a entrada do virus no país. Embora tenha recebido o nome de Influenza, ou gripe espanhola, até hoje não se sabe ao certo onde a epidemia começou. A certeza é de que ela se espalhou tão depressa e fez tantas vítimas graças a I Guerra Mundial. Literalmente, o vírus viajou nas solas dos coturnos das tropas e nos navios de combate.

Surtos de gripe são relatados desde a antiguidade, como o ocorrido em 400 a.C, em Creta. Na Idade Média, alguns historiadores acreditam que a temida peste ocorrida na época da Guerra dos Cem Anos foi uma epidemia de influenza. Nos séculos XVII, XVIII e XIX, a Europa sofreu diversos surtos graves de gripe. Entre 1889 e 1890, Ásia e América também teriam sido afetadas, mas a historiografia moderna é unânime em classificar a pandemia de 1918 como a pior até os dias de hoje.

A influenza chegou por mar ao Brasil e desembarcou nas cidades portuárias mais importantes do país, em setembro de 1918: Santos, Rio de Janeiro, aqui em Salvador e Recife. Desses locais, rapidamente ganhou o resto do território. Em finais de outubro daquele ano, o virus fez estragos comparáveis aos da epidemia de cólera morbus, no recôncavo baiano, em 1859, e já havia se espalhado por todos os estados, alcançando até a Amazônia, onde dizimou tribos indígenas inteiras. O próprio prefeito de São Paulo, Washington Luis foi vítima da doença. A capital industrial do Brasil – já naquela ocasião São Paulo respondia por 40% da produção industrial nacional -, sofreu baixas terriveis na sua população. Oficialmente, foram 66 dias de epidemia e 350 mil pessoas infectadas, o que correspondia a 65% da população da cidade no período.

Destacamento de soldados brasileiros enviado à I Guerra. Acredita-se que os soldados disseminaram o vírus da gripe espanhola, pois foram contaminados nos campos de batalha
Destacamento de soldados brasileiros enviado à I Guerra. Acredita-se que os soldados disseminaram o vírus da gripe espanhola, pois foram contaminados nos campos de batalha

“A epidemia que tão impiedosamente se declarou no Rio, paralysando a vida da cidade, cobrindo-a de luto e de tristeza, e, até, ameaçando-a de fome, parece ter passado como um vendaval malfasejo, carregando vidas e alegrias no seu bojo monstruoso e deixando na sua esteira de sombra a lembrança tragica de um cortejo de dores e de maguas. “

(Trecho de reportagem publicada em 2 de novembro de 1918, na revista Fon Fon – RJ)

Os serviços de vigilância epidemiológica daquele período mostraram-se insuficientes para conter o avanço do vírus tanto em São Paulo, quanto nas demais cidades brasileiras. Os médicos, que não sabiam como tratar a doença, teciam todo tipo de teoria e tentavam combinações das mais esdrúxulas para tratar os pacientes. Em São Paulo chegou-se a catalogar a combinação de 178 substâncias diferentes em um único medicamento! Remédios para malária eram usados indiscriminadamente. Surgiam curandeiros prometendo maravilhas, mas que na maioria das vezes, só ajudavam a debilitar os pacientes ainda mais. Aglomerações públicas eram proibidas. Atletas do Corinthians que sairam para treinar, em outubro de 1918, foram punidos. Jogos e campeonatos eram suspensos. Cabarés e teatros fechados. Também não funcionavam escolas ou repartições públicas. Até a Câmara Municipal paulista fechou, porque os vereadores fugiram de medo da influenza. O índice de homicídios aumentou, porque o medo do contágio, o isolamento obrigatório e o excesso de medicamentos ingeridos, além da própria febre alta e da debilidade dos pacientes, favoreciam as alucinações. Muitos também atribuiam o surto ao castigo divino devido aos pecados da humanidade.

O surto de gripe espanhola em 1918 fez mais mortos do que os fronts da I Guerra
O surto de gripe espanhola em 1918 fez mais mortos do que os fronts da I Guerra

Nas memórias do jornalista e escritor Pedro Nava, a epidemia no Rio de Janeiro ganhou contornos de filme de terror do expressionismo alemão. Bondes e carroças eram usados para transportar centenas de caixões. Era proibido aos familiares acompanharem os mortos até o cemitério. As famílias, isoladas dentro de casa, não sabiam onde os parentes eram enterrados. Igrejas e escolas foram convertidas em hospitais. A população assustada e debilitada, promovia saques aos armazéns em busca de alimentos e remédios. Ainda assim, diante da ineficácia das políticas públicas, foi a união da sociedade civil que manteve o mínimo de ordem em meio ao caos que reinava nas principais metrópoles do país.

Com o fim da I Guerra, a epidemia de gripe foi regridindo no mundo todo. Em finais de novembro, aqui no Brasil, os casos já eram mais isolados e as cidades retomaram suas rotinas. Depois da pandemia, as pesquisas, que já ocorriam desde o século XIX – em 1891 Richard Pfeiffer isolou o bacilo haemophilus influenzae -, foram intensificadas e em 1933, cientistas britânicos anunciaram a descoberta do vírus da gripe. A partir daí, outros virus foram descobertos, todos do grupo myxo-vírus, e vacinas começaram a ser testadas. Na história recente, ocorreram epidemias de influenza em 1946, 57 e 68; além dos surtos de gripe asiática e da gripe do frango, já nos anos 2000. No entanto, nenhuma dessas chegou perto da calamidade registrada em 1918.

*Fonte: A Gripe Espanhola em São Paulo; artigo do professor Cláudio Bertolli Filho (Faculdade de Ciências Humanas da Fundação Valeparaibana de Ensino); in Revista Ciência Hoje, Volume 10, número 58, outubro de 1989. Coleção pessoal da autora deste post.

Leia Mais

Aniversário de Salvador: reflexões e notícias na Internet

Foto aérea de Salvador. Crédito: site oficial da Bahiatursa
Foto aérea de Salvador / Crédito: Bahiatursa

Salvador completa hoje 460 anos de fundação. A primeira cidade construída no Brasil, planejada meticulosamente para ser a sede do poder português nas Américas, capital da colônia até 1763, é uma das mais belas do país, mas também tem problemas graves, como a maioria das metrópoles contemporâneas. Alguns desses problemas são históricos e remontam à origem da cidade.

Uma vez, escrevendo sobre os transtornos que as chuvas de outono provocam na capital, me deparei com um documento histórico: a carta que o mestre-de-obras (espécie de arquiteto) Luis Dias escreveu relatando a D. João III que o local escolhido por Thomé de Souza para construir a cidade-fortaleza, o alto de uma montanha, poderia ser o mais seguro do ponto de vista militar, mas em questões arquitetônicas deixava muito a desejar.  A primeira encosta desabou em Salvador ainda no século XVI, durante as obras de construção da capital.

A cidade foi erguida sobre uma falha geológica, o que Thomé de Souza jamais poderia saber, pois naquela época não existiam ainda pesquisas em geologia. O que motivou a escolha do sítio original foi a necessidade de fazer dessa capital lusitana além-mar, um ótimo ponto de vigilância e um cofre-forte que guardaria todas as riquezas da colônia, vindas das outras capitanias, e posteriormente enviadas à Portugal. No entanto, apesar dessa falha, foi a falta de planejamento urbano que manteve a capital baiana até hoje vulnerável ao mau-tempo.

Forte de São Marcelo / Crédito: Bahiatursa
Forte de São Marcelo / Crédito: Bahiatursa

Ainda na atualidade, 460 anos depois, além da insegurança de suas encostas,  que desabam e soterram pessoas e imóveis, convivemos também com a pobreza, herança histórica da escravidão negra e índia, entre outros fatores, mas que persiste por falta de vontade política e falta de um plano de desenvolvimento mais inclusivo, que permita diminuir as diferenças sociais gritantes. Nossa economia é fraca, subsiste do turismo e da sazonalidade do Carnaval. Por isso, faltam oportunidades para quem está fora dessa indústria do entretenimento ou para os períodos de parada no calendário festivo. 

A natureza foi generosa com a cidade e uma rápida olhada na nossa história mostra que há muito do que nós baianos nos orgulharmos, mas há também muito o que aprender e modificar. A violência cresce em Salvador, uma cidade que já foi palco de tantas lutas em prol da liberdade, solo sobre o qual a Independência do Brasil foi sacramentada, visto que, em 2 de julho de 1823, após o célebre Grito do Ipiranga, de 7 de setembro de 1822, foi aqui em Salvador que a última frota portuguesa finalmente foi expulsa do país.

Elevador Lacerda / Crédito: Bahiatursa
Elevador Lacerda / Crédito: Bahiatursa

Com tantos erros e acertos, é de se perguntar o quê exatamente temos para comemorar neste domingo? Mas se olharmos bem para a nossa origem, veremos que a resistência da população desta cidade, que convive com adversidades há mais de quatro séculos, é motivo de sobra para uma bela festa. No entanto, que mais este aniversário sirva de incentivo para que Salvador se torne mais justa para seus habitantes e menos desigual.

Feliz aniversário Salvador!

>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>

Leia outros posts sobre o aniversário da cidade:

>>Aniversário de Salvador: 460 anos
>>Aniversário de Salvador: Thomé de Souza

>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>

Leia o que foi publicado na internet sobre o aniversário de Salvador:

>>Cidade pede um novo urbanismo (artigo de Milton Santos)
>>Internautas declaram seu amor pela cidade
>>WEB TV A TARDE faz slideshow com fotos de internautas
>>Galeria de imagens no A TARDE On Line

Leia Mais