Dependência emocional, relações e afins

dependência emocionalUma vez li um texto sobre dependência emocional, e uma colocação do autor (não me recordo agora de quem é o texto) me chamou a atenção. Ele associava o relacionamento em que havia dependência afetiva a um tipo de aprisionamento. E por que uma prisão? Porque a pessoa simplesmente não consegue tomar as rédeas da própria vida, não consegue tomar decisões sozinha. A pessoa acha que precisa daquela outra pessoa para sobreviver e ser feliz. A dependência emocional pode ser vivida não apenas em relacionamentos amorosos, mas também nas relações de amizade, por exemplo. Claro que quando o assunto é relacionamento amoroso, a incidência acaba sendo bem maior – e os danos também.

Você já parou para pensar na sua relação? Faça isso agora, nesse momento. Para aí uns cinco minutos e avalie: sua relação com seu parceiro é saudável? Te faz realmente bem? Muitas vezes, a gente está tão inserida – melhor seria dizer afogada – no relacionamento, que sequer consegue enxergar o que ele te provoca, como ele te transforma. Quando o relacionamento é pautado na dependência emocional, a pessoa simplesmente se anula em prol do outro. Se em sua relação, você não consegue pensar em você ou só toma decisões que são consentidas pelo outro, existe algum problema. Se você anda com autoestima embaixo do chinelo, se se sente pra baixo, não se sente valorizada, tem algo muito errado.

dependência emocional

Existem várias formas de se identificar a dependência emocional, mas muitas vezes a pessoa envolvida não consegue enxergar sozinha. Sabe aquela necessidade exagerada de afeto? Quando o sentimento chega a sufocar, a causar angústia? Isso indica dependência emocional. O medo de que o outro te troque, de que te abandone, de que te traia ou conheça alguém mais interessante que você não tem nada de saudável. Nenhum relacionamento deve ser movido por qualquer tipo de medo. Até porque só vale a pena estar na tal relação, se ela fizer bem a ambos.

Em algum momento, até o outro vai começar a se sentir mal dentro dessa relação. Porque existe uma grande diferença entre a dependência emocional e o relacionamento abusivo. Neste último, o outro te faz mal, te coloca para baixo, te diminui, te critica. Já falamos sobre as relações nocivas aqui no blog (clique aqui pra ler). Quando existe a dependência emocional, nem sempre o outro é uma pessoa tão má assim. Às vezes, ela é até vítima dessa dependência e acaba asfixiada por ela. A dependência emocional vai minando a energia e a liberdade do outro, vai dependência emocionaldesgastando a relação, consumindo-a e destruindo-a aos poucos. Se a relação vai chegar ao fim em decorrência dessa dependência emocional, isso são outros quinhentos. Mas que certamente não será uma relação feliz e saudável, ah não será mesmo.

Claro que também há os casos em que o outro se aproveita dessa dependência, para dominar a relação e controlar a vida do parceiro. Em que, propositalmente, manipula a relação a seu favor, deixando o outro ainda mais derrubado e dependente. E cada vez que o dependente emocional percebe que o outro está se afastando, mais atitudes toma a fim de “agradar” o outro. E mais dependente vai ficando. E vai ficando mais triste também, coma  autoestima cada vez mais baixa… Independente se o outro é um cara legal ou se é um canalha, fato é que uma relação de dependência emocional não faz bem a ninguém.

Relacionamento saudável x dependência emocional

Relação saudável é aquela em que os dois atuam em parceria. Até já falamos disso aqui (clique para ler). Em um relacionamento satisfatório, o casal se ajuda, se motiva, caminha de mãos dadas. As crises e desavenças vão existir sempre. Mas quando existe saúde na relação, os dois lidam com os problemas sem diminuir o outro, sem pisar nele ou maltratá-lo. Como falei antes, nem sempre é fácil identificar-se nesse papel dentro da relação, às vezes a gente nem quer se enxergar assim. Mas lembre-se que admitir o problema é o primeiro para tentar lidar com ele.

dependência emocional

Se ao pensar na sua relação, você consegue identificar que não está feliz, não force a barra para se manter dentro dela. E se é difícil lidar com a situação só, busque auxílio profissional. No dia em que você conseguir retomar o curso de sua vida, você vai entender o quanto foi importante dar esse primeiro passo. Ninguém merece viver na sombra de alguém. Assuma sua responsabilidade por sua vida, valorize seus gostos, suas escolhas. Busque alguém que queira firmar uma parceria com você, em que ambos se esforçam em prol da relação.

bolinha de sabãoNunca é tarde…

E se você precisa dar um primeiro passo, comece pensando sobre isso. A vida é linda. Tem um monte de oportunidades e possibilidades aguardando por nós. Novas relações, novas pessoas, novas formas de lidarmos com nossas emoções e sentimentos. Quando estamos fortalecidos, tudo se fortalece ao nosso redor, e ficamos prontos para lidar com as adversidades com mais tranquilidade, maturidade e serenidade.

Dê o primeiro passo, olhe ao seu redor, não aceite ser menos do que você é, não aceite ser infeliz. Lembre-se que nunca é tarde para buscar a nossa felicidade, nunca é tarde para recomeçar e escrever uma nova história. Mexa-se que o mundo vai mexer com você. E vá atrás de sua felicidade. Ela está bem aí, dentro de você! Resgate-a.

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Quando uma relação chega ao fim?

Uma relação não chega ao fim quando um comunica ao outro que não dá mais. Nem sempre é este o marco do final do relacionamento, talvez seja este comunicado apenas uma oficialização de algo que já terminou faz algum tempo.

00Uma relação acaba quando os sentimentos já não são os mesmos, quando diminui a vontade de ver, de ligar, de ouvir, de ficar junto, de dividir. Termina quando o encontro já não desperta um riso, quando os beijos andam desaparecidos, quando o abraço já não aperta a alma.

Chega ao fim quando não há mais vontade de resistir e de insistir. Quando desaparece a vontade de lutar, de resolver as questões pendentes, quando a gente deixa de se importar. O comunicado, esse vem depois, depois de algum tempo de reflexão.

O fim não é, de fato, um fim. O fim, verdadeiramente, é um início, um recomeço.É o nascer de novas oportunidades e da renovação da esperança de que tudo pode melhoras.

Bom final de semana, meninas e meninos. Nos vemos na segunda! Beijos.

 

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O amor que eu amo

É tão difícil falar sobre o amor. São tantas variáveis… Eu acredito no amor e tenho a minha forma própria de enxergá-lo, como todo mundo a tem. O amor que cultivo em mim tem uma certa tranquilidade, um ar de paz. Sim eu já amei. Amei de duas maneiras diferentes, porque talvez a maturidade nos ensine um jeito mais gostoso de amar. Perguntei-me durante muito tempo como é que a gente sabe que é amor. As respostas, eu as encontrei vivendo. Por cada reação, por cada emoção, por cada riso e lágrima, ali tinha mais uma certeza de que, sim, era amor.

Percebi que o amor se mostra pela vontade de querer estar junto, pelo respeito, pela cumplicidade, pela troca. O amor que eu costumo amar exige de mim dedicação nos momentos mais difíceis para o outro. Eu não aprendi a amar pela metade, nem consigo entender como amar apenas os momentos bons. É que meu amor ama o todo, na alegria e na tristeza. Esse amor que florece em mim não costuma medir muitos esforços para ver o outro feliz. Talvez seja mesmo um amor exagerado, ou talvez não. Não consigo imaginar amor sem risos, não consigo imaginá-lo sem risos exagerados. O meu último amor durou pouco, mas durou o suficiente para me fazer entender o quanto amadureci amando alguém.

Percebi que o amor se sustenta na segurança, na certeza de que os dois querem ficar um com o outro. Também entendi que não há como haver amor sem discussão, sem adaptação de ideias e sonhos. O problema não são as brigas, mas a forma como lidamos com elas. A gente pode prolongar a briga, ou a gente pode resolver e colocar um ponto final nela. A gente pode remoê-la por toda uma vida ou a gente pode esquecê-la, deixá-la para trás. Descobri que o amor só dura à base do diálogo, e que o diálogo exige duas vozes para se concretizar. O amor não sobrevive à mudez da alma. Até o silêncio no amor, ele precisa se expressar. Ah, e também compreendi que o amor em si não é romântico, ele é cotidiano, é vida, é diário.

Amor que é amor sofre junto, perde a noite pra dividir a responsabilidade, tenta fazer a tristeza do outro sorrir. No amor, a gente faz escolhas. E algumas delas significam abdicar dos próprios sonhos, para minimizar a dor do outro. Significa partilhar a dor quando ela parece não ter mais fim. Quando a gente ama, a gente enxerga o sofrimento e a alegria no olhar do outro. A gente sabe quando o outro sorri a tristeza. A gente sabe quando o outro finge a felicidade apenas para seguir em frente, mesmo quando a dor ao redor não cansa de se mostrar. Quando a gente ama, a dor do outro dói na gente.

Mas como eu disse logo acima, o amor é cotidiano, é vida, é diário. E ele não sobrevive sozinho, sem a troca. Não no relacionamento a dois, pelo menos. A incerteza do outro gera incerteza na gente. É que a relação só evolui se houver mútuo empenho. Quando o outro deixa de ter certeza, quando o amor do outro já não parece brilhar, o amor da gente murcha, ele recua, ele se enconde. É como um bichinho amedrontado, que se sente acuado e perde a coragem de arriscar. O alimento do amor é a segurança, são aquelas atitudes do outro, aqueles gestos naqueles momentos específicos que voltam a inflar o nosso amor.

O meu amor deixou de ser romântico há algum tempo. Ele ainda é regado a surpresinhas e doçuras, ele ainda vive de carinho. Mas ele é real, ele permeia a divisão de tarefas, o estresse da correria da vida. Ele está ali, entre a discussão de um problema e outro, entre uma notícia boa e uma ruim. O amor que eu amo entende a hora de administrar uma crise, entende que há conflitos, entende que às vezes é necessário parar para reparar. Esse meu amor quer partilhar. É que eu ainda não aprendi a amar o amor solitário. O amor que eu amo também precisa ser amado.

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Medo da solidão

O medo de ficar só é como uma sombra, mas daquelas que atormentam seus autores. Comumente é citado nas pesquisas que procuram identificar os grandes pavores da humanidade. Uma experiência empírica bem simplória nos mostra o tamanho do temor que a solidão provoca nas pessoas. É só acessar a página do google e digitar no campo de busca qualquer expressão referente ao assunto. Um catatau de resultados vai aparecer em sua frente. São desabafos em blogs pessoais, pesquisas científicas, estudos e mais estudos sobre o tema. Uma conversa entre amigos pode também trazer à tona algumas afirmações surpreendentes.

O medo da solidão pode ser cruel, a ponto de fazer um indivíduo se manter resistente em uma relação que visivelmente não mais rende bons frutos. Presenciamos situações destas em nosso cotidiano, já ouvimos falar sobre isso em conversas, desabafos. Talvez em um bate-papo alheio, até. É difícil enxergar isso, eu sei, perceber que determinada insistência é apenas resultado do medo de ficar só, do medo da “solteirice”. Outra palavra que ganhou um tom bem pejorativo nos últimos tempos, o termo “solteiro”. Terminar uma relação virou sinônimo de incapacidade de gestão, no contexto deste mundo capitalista e globalizado em que vivemos.

É a tal da famosa “incompatibilidade de gênios”. Expressão bonitinha esta que inventaram. Se tivesse a oportunidade de conhecer o autor da tal expressão iria parabenizá-lo com certeza, por escancarar, com uma sutileza gramatical sui generis, que o casal chegou ao limite, que as brigas estão insuportáveis e que os dois não toleram mais estar junto. E as crises se transformam, docemente, em uma incompatibilidade. Mas, ainda que de forma delicada, melhor admitir as divergências, e cada um seguir seu caminho, do que sustentar uma situação que não faz mais o casal feliz na essência.

Aprendi com o passar do tempo a não rotular de fracassos as relações que não deram certo. Ninguém fracassa em uma relação, apenas não se sujeita mais, apenas deixa de achar que vale a pena estar com outro, deixa de querer. Eu sou uma defensora ferrenha da tolerância e da paciência dentro do relacionamento – embora nem sempre tenha me comportado assim nas minhas relações. Certa vez escrevi aqui um texto entitulado “Como é que o amor chega ao fim?“, sobre os “the end” da vida. Se vocês tiverem a curiosidade de lê-lo perceberão que eu acredito que uma relação pode dar certo e na felicidade a dois. No entanto, não podemos ignorar que há relações que realmente ninguém merece ter. E é a respeito delas que estou falando agora.

Sinto que as pessoas precisam aprender a conviver consigo mesmas, precisam se amar solitariamente. Alguns passam a solteirice em busca de alguém, esquecem que é um momento de aproveitar a fase para se dedicar mais ao que gosta, a si próprio. Hora de colocar os sonhos e projetos em dia, ajustar as rotinas, aproveitar os amigos, conhecer o mundo sem precisar administrar agendas ou dar satisfações. Sem se preocupar se alguém vai se incomodar com suas decisões, sem ter que tomar decisões a duas cabeças. Não é que estar solteiro é melhor. Para mim, não existe o “é melhor”. Estar com alguém ou estar só tem seus pontos positivos e negativos. O que importa não é um nem o outro. O que realmente importa é estar feliz, solteiro ou acompanhado.

Penso que esse medo da solidão está intimamente ligado ao não conhecer as inúmeras possibilidades que o estar só também nos oportuniza. Precisamos encontrar estas novas formas de convivência e de vivência, nos redescobrir após o fim de uma relação e continuar a caminhar com passos novos. Como diz Fernando Pessoa, “há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares”. Somos nós que alimentamos esse medo, de alguma forma, intimamente. E só nós podemos nos livrar dele também, buscando as surpresas que a vida nos guarda. Até que, um dia, vai aparecer alguém. Ou então, não aparecerá ninguém. Não dá para abrir mão de ser feliz por causa disso.

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Como é que o amor chega ao fim?

Quantas vezes você repetiu um “eu te amo” na vida? E a quantas pessoas já falou isso? Aliás, em quantas oportunidades você achou que havia encontrado o(a) parceiro(a) ideal e chegou a ter certeza de que, daquela vez, seria para sempre? A vida é engraçada, não é? Hoje, remexendo na papelada do guarda-roupa, encontrei uma pastinha surrada em que guardei uma série de cartões que recebi em dois relacionamentos longos que mantive. Não resisti e abri, como uma criança pequena ansiosa por descobrir alguma coisa. No meu caso, relembrar o passado.

Li os cartões e pensei: “nossa, eu fui muito amada”. No mesmo momento, lembrei dos cartões que escrevi, das surpresinhas que já fiz, das juras de amor, da vez em que achei que seria eterno. Fiquei algumas horas distraída, relembrando, analisando… Eu tambem já amei demais. E como é que um amor daquele tamanho pode acabar? Escorrer como água pelos dedos e desaparecer? Aí você passa a conviver com a pessoa com quem você dividiu a mesma cama por tanto tempo como se nada tivesse acontecido, como se uma borrachinha mágica tivesse apagado tudo.

O que leva as relações ao fim? Que pergunta difícil. Hoje, eu diria que a impaciência e a intolerância são algumas das causas. As pessoas perderam a paciência de se conhecer, de dar um tempo até se adaptarem uma à outra. Transformam as relações em casamento em questão de segundos e vão começar a conhecer os defeitos do outro já envolvidas numa rotina um tanto difícil que é a de dividir o mesmo teto. Não eu nunca casei. Mas posso afirmar, sem qualquer receio, que vivi uma relação que podia ser perfeitamente entendida como um casamento.

O que me motivou a escrever isso foram os textos nos cartões. Declarações lindas de amor, sentimentos intensos traduzidos em palavras. Nossa… Eu não revivia estas coisas há muito tempo. Há muito tempo que aqueles cartões deveriam estar ali, empoeirando meu passado, agora enclausurado em uma pasta plástica envelhecida… Hoje, um pouquinho mais madura, com um pouquinho mais de experiência, percebo que compreensão é fundamental. E mais fundamental ainda é a aceitação e a disposição a conhecer o outro e a entender que esse outro não mudará para te agradar.

Lembro que, quando chegou ao fim a minha relação, fiquei imaginando como seria ter de encontrar outra pessoa, me adaptar a outro estilo, me acostumar a outras manias. Achava que não conseguiria. Não me lembrei que já havia passado por tudo isso antes. Simplesmente parecia que aquele era o primeiro amor da minha vida, o primeiro com quem pensei em dividir uma vida inteira. É que foram tantos anos de relação, que eu já sabia na ponta da língua tudo o que significava cada uma das caras dele, cada um dos gestos… Eu imaginava como seria chegar a este estágio com outra pessoa.

Hoje, eu dediquei várias horas às memórias. Depois de reler, olhei algumas fotos, me lembrei de coisas engraçadas, de como nos dávamos bem. E mais uma vez me perguntei como é que as relações acabam e ficam esquecidas no passado. Pois é. Vou continuar sem saber. Tenho minhas teorias, algumas coloquei logo acima. Vocês devem ter as teorias de vocês. Mas como já frisei diversas vezes ao falar da vida a dois, não há fórmula mágica. Se as coisas começam e acabam, a responsabilidade é toda de cada um dos envolvidos, que não soube superar as crises.

Claro que estou falando das relações sólidas, não daquelas furtivas, efêmeras. Uma vez encontrei um amigo em comum e ao contar que a minha relação havia acabado, lembro de ele ter ficado meio atordoado e ter dito que pra ele nunca chegaria ao fim, que ele não conseguia imaginar um sem o outro de tanto tempo que estávamos juntos. Mas, sim, tinha acabado. Por que as relações acabam? Não sei, repito. Só sei que nem sempre é por falta de amor. Afinal o amor, por si só, não é capaz de sustentar uma relação. Às vezes você ainda ama, até. Mas alguma coisa pesou mais na hora de você decidir dizer adeus.

Toda vez que ouço alguém comentar sobre mais uma relação que chegou ao fim, me reservo o direito de alimentar a certeza de que cada dia é mais difícil manter um relacionamento com alguém. Hoje, portanto, venho aqui só pra dizer uma coisinha que talvez faça diferença na hora que você ler: se você acha que aquela pessoa vale à pena, que vocês formam uma dupla bacana, parceira e amiga, pensa nisso antes de tomar alguma decisão baseada em um momento difícil, em uma fase crítica, ou no meio de uma crise. Não há relações perfeitas, as discussões acontecerão sempre. Mas eu me permito dizer que há pessoas perfeitas para uma relação. E estas, queridos amigos, façam questão de segurar.

Certa vez, um amigo conversava com outro sobre a namorada dele. Ela é estressada, sempre brigavam no meio do trânsito, e ele ali, paciente.  Esse outro amigo pegou carona com o casal, e acabou presenciando mais uma discussão boba, um estresse dela, por causa de um caminho errado. Alguns dias depois, os dois trocavam ideias e ele tocou no assunto, perguntando como ele aguentava aquilo, que ele tinha ficado impaciente no fundo do carro com toda a situação, enfim. O outro respondeu que amava aquela mulher, com os defeitos que ela tinha. Porque as qualidades dela eram tão maiores, que ele tinha aprendido a lidar com a parte ruim.

Disse ele que brigar no trânsito era pouco, sim, e que, por ele, não seria assim. Mas que ele sabia que ela não ia mudar, e que ele tinha decidido aceitá-la daquele jeito, porque em milhões de outras situações mais importantes, ela se mostrava a mulher que ele sempre quis ter ao lado. Acho que é isso. Uma história real de uma relação em que as pessoas decidiram se aceitar, aprenderam a conviver com os defeitos alheios, em que um conseguiu enxergar o quão fundamental é ter o outro do lado.  Decidiram que querem ficar juntos.

Se eles vão mesmo ficar juntos, eu não sei. Não os conheço. O que sei é que esse é um passo. Um passo muito importante. No dia em que fiquei noiva (sim, eu já fui noiva), o tio do meu ex-noivo chamou a gente em um canto e nos disse: “a partir de agora vocês precisarão ser muito tolerantes um com outro se quiserem ficar juntos. A palavra agora é tolerância, porque amor vocês já têm”. Nós não soubemos ser tolerantes, mas ainda dá tempo de você aprender, se achar que vale à pena. É isso.

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Eles preferem cantadas diretas. Será?

Hoje me deparei com uma matéria dizendo que os homens preferem cantadas diretas das mulheres. Acho bacana falar sobre isso, porque embora a pesquisa realizada na Universidade Bucknell, na Pensilvânia, afirme isso, ainda há bastante contradição nesta afirmação. De acordo com o estudo, os homens têm dificuldade de entender o sinal verde das mulheres e dão preferência às investidas mais audaciosas. Talvez isso aconteça lá, nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, não sei se a pesquisa teria o mesmo resultado.

Não sei se é impressão – e acho importante os homens entrarem na discussão-, mas tenho a sensação de que mulheres mais diretas assustam um pouco. Talvez muito. E outra, se a mulher investe demais, o cara já acha que ela faz aquilo com todo mundo, ou já julga que ela é “muito fácil”. Falam tanto que as mulheres são complicadas, mas é difícil também compreender o que os homens querem. E, pior, de que forma vão enxergar uma investida mais direta. Uma pena, em pleno século XXI, nós mulheres ainda precisarmos nos preocupar com isso, quando poderíamos simplesmente chegar pro carinha e dizer que estamos a fim.

Certa vez escrevi um post falando da complexidade da tal revolução sexual. Falava também dos julgamentos a que nos sujeitamos ao aceitar uma transa na primeira noite, ou ao simplesmente querer curtir o momento sem assumir compromisso. Nós mulheres queremos isso, às vezes. Assim como também nos apaixonamos e criamos a expectativa de viver uma relação mais duradoura, por exemplo. A questão é que muitas das paixões acabam acuadas pelo receio da declaração. Realmente eu não sei se os homens preferem cantadas mais diretas. É possível que eles até prefiram, mas me preocupa a forma como interpretarão a tal cantada.

Será que vão levar a sério? Será que vão aproveitar para garantir mais uma na lista das “peguetes”? Eu ficaria feliz se descobrisse que os homens gostam de ser cantados e que  eles podem ou não aceitar a cantada de uma maneira positiva, na boa, sem julgamentos. Ficaria feliz em saber que o comportamento agora é outro, que uma cantada não vai fazê-lo criar dezenas de teorias, mas talvez faça nascer uma história de amor, ou um casinho passageiro, ou até uma relação sexual sem compromisso, se for do interesse dos dois. Eu já escrevi também sobre como investir pra ganhar o carinha, mas claro que não há fórmulas.

No final das contas, acho que as mulheres ficam meio sem saber o que fazer. O cara está ali, a gente fica a fim, mas e aí? E aí que é tanta coisa a se pensar que muitas vezes a coisa acaba não passando de uma hipótese. Acaba morrendo na dimensão do “se”. Tudo porque essa nossa sociedade machista distribui os rótulos e a gente tem dificuldade de fugir deles. Não sei vocês, meninas, mas eu realmente espero que ainda possa viver o momento em que simplesmente vou dizer o quanto acho ele interessante, sem me sentir inibida e sem ficar com milhões de dúvidas sobre o que ele vai pensar a respeito da minha atitude.

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Homenagem aos meus amigos

O que há de mais precioso na amizade? Fiquei algumas horas a pensar nisso e não consegui encontrar uma resposta. Tudo na amizade é precioso, absolutamente tudo. Amigo que é amigo de verdade vira parte da família. Costumo falar que, em alguns casos, vira mais família do que a própria. AmizadeA cumplicidade, a alegria, as trocas, a confiança, as discussões, os alertas, os momentos felizes, os tristes, os risos, os choros… Posso enumerar uma série de fatos e todos eles, de todas as formas, terão um significado especial quando os seus agentes são declaradamente amigos.

Amigo que é amigo ama incondicionalmente. Ama tanto que chora junto, sofre junto. Vibra junto com cada vitória. É que cada vitória dele, cada conquista, é nossa também. Amigo que é amigo não ri junto, gargalha. Porque aqueles momentos de felicidade são tão plenos, tão intensos e tão maravilhosos que rir é pouco. É preciso uma demonstração maior, mais vibrante, mais intensa. Precisa mesmo é gargalhar, para que o mundo saiba que ali, entre aqueles risos espalhafatosos e cintilantes tem um amor incomensurável, que não se consegue medir por estes sistemas de medidas que estão ao nosso alcance.

Amizade 2Nossos amigos são tão diferentes uns dos outros, não é? Nossa!!! Agora estou aqui pensando em cada um deles e é incrível como conseguimos construir laços tão fortes com pessoas tão diferentes. A resposta é fácil, é o amor. É o amor que nos une. O amor e alguma coisa a mais que não consigo encontrar uma palavra em nosso vocabulário que a descreva. É simplesmente uma coisa a mais. Essas diferenças, no entanto, são tão insignificantes, porque aprendemos a conviver com elas, a respeitá-las. E ao invés de atrapalharem a relação, elas apenas se complementam. Nas nossas diferenças nos tornamos seres completos. É como me sinto ao lado deles, um ser completo.

Temos amigos de vários tipos, para todas as ocasiões. Uns adoram festas, shows, chegar em casa de madrugada. Há os que não trocam o teatro e  o cinema por nada nesse mundo. Há aqueles que adoram “comer água” e há os que abandonaram a bebida alcoólica ou nunca nem tocaram nela. AmizadeHá os que são mais tímidos, mais sensíveis. Há os destemidos, que topam tudo e acham que viver é a coisa mais fácil do mundo. Há os que sofrem mais, os que choram mais. Há os que sofrem menos, riem mais. Há aqueles que te abraçam, te beijam e dizem eu te amo. Há aqueles que ali, discretos como são, falam o mesmo eu te amo em silêncio, nos gestos habituais, no olhar de gratidão.

Alguns estão ao nosso lado todo dia, outros estão apenas em nossos corações todo dia. Uns moram ali, pertinho, outros lá bem longe. Com alguns falamos mais, com outros conversamos menos. Não é isso que vai determinar a importância que cada um deles tem em nossa vida. Porque perto ou longe todos têm a mesma relevância. Uns são mais compreensivos, outros são mais exigentes, e todos têm defeitos. Nossos amigos são os melhores do mundo, mas são seres humanos como qualquer outro. Eles podem ter defeitos pequenos, ou defeitos imensos. Isso não importa, porque eles com certeza têm qualidades que fazem de qualquer defeito algo contornável.

O bom de ter amigos é aquela sensação maravilhosa de ter alguém com quem dividir o universo. AmizadeA gente pensa assim: não estou só. E não está mesmo. Os amigos são companheiros para a vida toda. A gente constrói uma amizade aqui e leva pra lá, pra frente, pro futuro. Os anos vão passando, a gente vai crescendo, amadurecendo, envelhecendo, e eles estão ali, passando por tudo isso com a gente. A conversa até muda com o tempo, mas as lembranças, estas serão sempre eternas… Em cada encontro, a gente vai rir com a mesma intensidade lembrando das aventuras de antigamente, lembrando das farras, das curtições. É como se o tempo tivesse parado ali, naquele momento, porque estávamos juntos. E ele para mesmo, como um retrato que fica armazenado em nosso coração.

Esse texto singelo é apenas para agradecer. Agradecer a todos os meus amigos pela existência de cada um deles em minha vida. Agradecer pelas broncas, que fizeram de mim uma pessoa melhor. Agradecer pelos conselhos, que reduziram meus erros pela metade. Agradecer pelos risos, que conservam em mim a juventude. É tanta coisa para agradecer, tanta. Pela presença, mesmo quando desapareço com a loucura do dia-a-dia. Pelos risos, que me fazem perceber o quanto o mundo pode ser belo em meio às tragédias. E, mais que qualquer coisa, agradeço por poder chamá-los de amigos. É um texto para dizer o quanto amo cada um de vocês. Um amor tão grande… Sim eu sou uma felizarda!

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O relacionamento de cada um

Você gosta de dormir no quentinho e ele adora aquele frio intenso e seco provocado pelo ar condicionado no máximo. Você não abre mão das músicas para embalarem o sono e ele não consegue dormir sem o barulho da televisão ligada. As diferenças são muitas e tudo conspira para que a relação não dê certo. O convívio fica cada dia mais difícil e em algum momento você aceita a ideia de que não tem mais jeito.

Mas pode ter um jeito: descobrir uma forma de lidar com as diferenças o mais rápido possível, antes que as tais divergências cheguem a incomodar a ponto de você preferir a distância, ainda que ame incondicionalmente o outro. Amor de casalPorque às vezes decidimos abrir mão de alguém que amamos por questões diversas. E para que isso não aconteça, você pode buscar uma maneira especial de viver junto, minimizando os tais atritos de convivência.

Uma reportagem com Wanderléia (a Ternurinha da Jovem Guarda) me fez refletir sobre isso. Uma das perguntas feitas à cantora questionava seu casamento com o produtor Lallo Califórnia. A curiosidade era justamente porque a cantora vive há 28 anos com o marido, mas em casas separadas. Pois é. No texto, ela explica que tentaram se separar várias vezes, mas sempre acabavam reatando.

O amor falou mais alto que as briguinhas e a “incompatibilidade de gênios”. E eles encontraram um jeito diferente de ficar juntos. Na entrevista, ela acha uma justificativa para levar adiante a sua relação, que se traduz mais ou menos assim: se depois de tanto tempo juntos, vocês ainda têm muito assunto a conversar, isso é um sinal de que devem mesmo ficar juntos.

Amor polêmico – Mais polêmica foi a história de amor vivida por Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir. O casal se conheceu na Sorbonne, em 1929, e manteve uma relação que perdurou por 50 anos. Até aí tudo bem, não fosse a opção de adotar um estilo curioso: a chamada relação aberta. Viviam juntos, mas não deixaram de experimentar outras possibilidades. Amantes de um lado e do outro, a dupla seguiu unida por décadas.

São apenas dois exemplos de casais que romperam com o tradicional, que quebraram o paradigma do conceito de relacionamento e encontraram uma forma de prolongar a relação que talvez tivesse tudo para dar errado. Alguns vão questionar a decisão das duas duplas. E é mesmo preciso ter uma visão crítica sobre tudo. Mas o que eu diria é que cada um sabe o caminho de sua própria felicidade.

E você não precisa adotar o jeitinho da Wanderléia ou de Beauvoir. O que você deve fazer é pensar em alternativas, tentar encontrar o seu modo de fazer com que sua relação seja duradoura pelo tempo que acha que vale a pena. Não precisam viver separados, tampouco aceitarem a relação aberta. Essas foram opções que funcionaram com outras pessoas e podem nem funcionar com você. O que precisa é descobrir o que pode dar certo no seu caso.

O que ler?
Livro de SartreLIVRO: Jean-Paul Sartre & Simone de Beauvoir – A arte da excepcional busca pela felicidade
AUTOR: Walter Van Rossun

Para o Amor dar certoLIVRO: Para o Amor dar Certo
AUTORES: Christiane Blank e Renold Blank

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Quando chega a hora de dizer adeus

É difícil lidar com o fim de uma relação. Ainda que ela já não te faça sorrir como antes, mesmo quando alguma coisa dentro da gente diga que está na hora de colocar um ponto final, ainda assim é difícil. Sempre tentamos arranjar um motivo que justifique o fim, buscamos o culpado, queremos explicações. Talvez porque seja mesmo difícil lidar com nossos fracassos. Fomos criados para vencer, para ganhar, e costumamos enxergar o fim de uma relação como uma derrota, um fracasso. E estampamos no peito: “não deu certo”.

“… E foi o fim pra nós dois, nada restou pra depois.
Foi bom enquanto durou
esse romance, esse amor. Pena que acabou…”

Criamos uma rotina. E o mais doloroso é sair dessa rotina, é mudar os hábitos bruscamente, é ter de arrancar de sua vida, de uma hora pra outra, uma pessoa com quem você dividia cada sonho, com quem você fazia planos a longo prazo… Tudo muito rápido e, pior, com aquela sombra maldita do fracasso. Não tem mesmo como não doer. A dor faz parte do processo, infelizmente. Não há como pular essa parte, se ainda existe um pinguinho de sentimento pelo outro. Aí você fica pensando, tentando descobrir o que deu errado, se arrepende de tanta coisa…

“… Por que que todo amor não dura eternamente?
E quando tudo acaba a gente sente.
Senti o mundo desabando em mim…”

Pode ser que você se conforme logo. Pode ser que lá no fundinho do coração, embora a dor seja insuportável e as lágrimas insistam em despencar de seus olhos, você encare o fim como a única saída. Mas também pode bater o desespero. A sensação que o chão se abriu, que você está em queda livre, que esse sofrimento não vai passar nunca. O desespero pode fazer você tomar atitudes impensadas. É capaz de você correr pra ele(a), se ajoelhar aos seus pés, implorar pra voltar de qualquer jeito, chorar descontroladamente até soluçar…

“… O nosso amor pode durar para sempre. Então por que não volta
pra que eu possa me entregar,
te sentir em minha vida eternamente…”

Só que quando chega a hora, não tem jeito. Normalmente, esse momento acontece depois de muita tentativa. Quando chega a hora de dizer adeus, é sinal de que as coisas já não estavam no caminho certo há algum tempo. A gente costuma insistir, tendemos a arriscar até não suportar mais. E ainda quando está insuportável, achamos que ainda há uma chance de corrigir, de reequilibrar. Até que um dos dois deixa de acreditar. Até que um dos dois cansa de tentar, desiste dos dois. E quando um desiste, nenhuma tentativa é capaz de reverter a situação.

“…Você vem me condenar, mas sabe que errou também.
Olhe pra dentro de nós,
no jardim já morreram as flores, nossas fotos perderam as cores…”

Aí, só nos resta seguir em frente. Porque a vida não para, não dá trégua. O tempo, ele não vai parar esperando por nós. Se acabou, é porque foi melhor assim. É porque o ciclo daquela relação se fechou. É porque outras surpresas esperam por ti lá na frente. Não dá pra arrancar a dor do peito, mas dá pra sobreviver e suportá-la até que tudo o que aconteceu fique para trás. Se chegou a hora de realmente dizer adeus, é porque você já tentou de tudo, é porque alguma engrenagem emperrou, é porque está na hora de dar um novo rumo à vida…

“… Vou seguir em frente, vou tentar mais uma vez.
Nada foi em vão, perder você foi solução,
já dei liberdade para o meu coração voar…”

Um dia, tudo será passado. E esta terá sido apenas mais uma relação que acabou. Um dia, depois que a dor passar, depois que a cabeça esfriar e o coração desacelerar, você vai poder avaliar com mais sensatez tudo o que viveu. É possível que você tenha consciência de que foi melhor assim. É possível que você chegue à conclusão de que talvez vocês pudessem ter dado uma chance a mais. É possível que outra pessoa entre tão rápido em sua vida que você nem pense mais nisso. As possibilidades são inúmeras e são elas que nos incentivam a seguir em frente. Sempre.

“…Amanhã, semana que vem, ou mês que vem, quem sabe?
Vou ganhar o meu pedacinho de felicidade, 
um alguém que queira alguém desse meu jeito assim…”

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