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Meu Pé de Laranja Lima (José Mauro de Vasconcelos)
Editora Melhoramentos
192 páginas
Preço médio: R$ 20,00
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Emocionar-me lendo um livro não é algo comum. Digo a emoção que faz desaguar lágrimas dos olhos. Esta realmente não é habitual, por mais sensível que seja a leitura. Não me recordo quantos livros me fez chorar (se é que algum já o fez antes), mas lembro-me perfeitamente do último que conseguiu fazer meus olhos gotejarem. Meu Pé de Laranja Lima, publicação de 1968 de José Mauro de Vasconcelos, é uma leitura incrivelmente bela e sensibilizante. Embora integre a literatura infanto-juvenil, o texto mostra-se uma fonte interessante e sedutora ao adulto. Uma leitura um pouco dolorosa, até, que mexe com o nosso modo de lidar com o universo infantil, de compreender o sofrimento muitas vezes indecifrável de uma criança.
Envolvente de todas as formas, a leitura. Cada trecho é reiventado fotograficamente por nossa imaginação, que não resiste a remontar as histórias, como se estivéssemos verdadeiramente inseridos naquele contexto. Um filme escrito, me atrevo a dizer. A leitura é muito rápida. A narração é feita por uma criança. E é admirável a forma como o autor consegue nos colocar na posição de adultos ouvindo uma criança falar. A todo momento vamos alimentando a certeza de que, sim, é uma criança que está a falar. Em diversas passagens, inclusive, tive a pungente sensação de que não conseguimos compreender as crianças, suas artemanhas, a forma que utilizam para se expressar. No meio do livro, estava triste. Triste porque aquela história era tão real e tão penosamente comovente, que passava as páginas na esperança de que, nos trechos seguintes, a vida daquele menino havia de melhorar. Mas não melhorava.
O enredo de que falo foi publicado em 19 países e foi traduido para 32 línguas. O narrador é o menino Zezé, uma criança de cinco anos, membro de uma família pobre, que vive sérias dificuldades. O pai estava desempregado, a mãe se enfurnava todo o dia em uma fábrica para ganhar o pouco que sustentava a família. E os irmãos mais velhos assumiam a função de cuidar dos mais novos. Zezé sofre um sofrimento infantil. E por isso dói tanto. Ele é um menino esperto, inteligente, que cuida com muito zelo do caçula Luis, mas é nitidamente carente de atenção, de ternura, de amor. A maioria dos adultos não o compreendem. Menino astuto, cheio de truques, adora dar sustos nos mais desavisados, aprontar variadas arteirices. Danado mesmo. E tudo o que acontece na vizinhança é sempre imputado a ele – e normalmente é de fato culpa dele.
Mas Zezé é uma criança. E não há como querer exigir de uma crinaça a maturidade de um adulto. Não há como. O livro é um tapa na cara sutil, uma sacudida no nosso acomodado modo de enxergar o mundo. A linguagem é simples e impressionantemente profunda. Vasconcelos consegue recriar um desabafo infantil com um vocabulário preciso e cuidadosa atenção aos detalhes. E nos faz perceber que as pequenas coisas são o que realmente importa. São elas que constroem sólidas relações, que nos passam as mensagens mais relevantes. Andamos tão entretidos com os grandes acontecimento que muitas vezes deixamos passar despercebidas as minúcias. Como a amizade entre Zezé e o pé de laranja lima de sua casa nova. É com ele que o menino desabafa, conta os mais profundos segredos. Uma linda relação de “amizade”. Naquela “troca” de confidências, é fascinante perceber a esperança e os sonhos por trás da dor e do sofrimento.
O livro em si não se traduz em uma lição de moral. Suas páginas contam apenas uma história, só que esta história incomoda. A despretensão, a leveza e a profundidade me conquistaram. Ao ler a última página, alguma coisa acaba mudando em nossa forma de entender o universo infantil. Acho que, no final das contas, nos sentimos um pouco responsáveis pelo que é retratado ali. Assumimos nossa parcela de culpa não naquela situação específica, mas nas tantas outras em que encarnamos o papel de protagonistas da vida real. É uma narrativa comovente, sofrida, mas belíssima.
Assista à primeira parte do filme baseado na obra
Ai, ver esse pedacinho de filme me trouxe uma linda recordação da infância! Esselivro me marcou tanto! Adorei a resenha, Alane! Fiquei até com vontade de relê-lo!
beijos
Eu me emocionei com o livro mesmo, Paloma. E acho que, com a maturidade, o nosso olhar sobre ele muda um pouco… ele deixa apenas de ser mais uma historinha e começa a provocar reflexões… Releia mesmo… O livro merece, é apaixonante demais!!! Beijão e obrigada!!!!
Esse é um dos poucos livros que ficarão guardados comigo pro resto da vida, uma história realmente comovente e envolvente. Parabens pelo texto, ótima visão e elaboração.
beeijoos
Oi Marcos Vinícius, obrigada. O livro é maravilhoso mesmo, daqueles que todos deveriam ler um dia na vida. Beijão.
Olá… realmente este livro é apaixonante…
mas tenho 2 duvidas na interpretação…
vamos ver se pode me ajudar…
1 os agradecimentos que o autor faz no começo onde ele dedica aos irmãos dele ao luis que tinha desisitido de viver… e a gloria que tb tinha desistido de viver.. tipo assim morreram???ele tb dedica ao portuga e etc…
mas no livro não conta nada…
e também no final… o pé de laranja lima é cortado ou ele se refere ao portuga que havia morrido….???quando ele fala pro pai que fazia 1 semana que tinha cortado o pé de laranja lima dele… e ele diz tb que se despediu do pé com a florzinha branca…
li alguns comentarios que me fizeram ficar confusa….
agora não tenho ctza..mas pra mim… o portuga morreu e tb cortaram o pé de laranja lima dele….
mas mesmo assim pode me ajudar a esclarever….
bjs obrigada….
eu adoro livros minha minha mae adora comprar mais ela nao quer compra meu pe de laranga lima e o geito ler pela net adorei o livro
Ola…
Há muito tempo tive a oportunidade de ler esse maravilhoso livro… e hoje me deu uma imensa saudade dele entrei na net e encontrei esse cantinho aqui falando dessa obra prima de José Mauro de Vasconcelos… O meu Pé de Laranja Lima marcou muito minha fase infanto juvenil, eu o li com meu irmão que hj já não se encontra entre nós.. Queria muito ter comigo aquela “dedicação” que ele faz ao “caro portuga” . Você teria como adquiri-lo para mim? Nossa serei-lhe muito grata.
Bjs…