O amor que eu amo

É tão difícil falar sobre o amor. São tantas variáveis… Eu acredito no amor e tenho a minha forma própria de enxergá-lo, como todo mundo a tem. O amor que cultivo em mim tem uma certa tranquilidade, um ar de paz. Sim eu já amei. Amei de duas maneiras diferentes, porque talvez a maturidade nos ensine um jeito mais gostoso de amar. Perguntei-me durante muito tempo como é que a gente sabe que é amor. As respostas, eu as encontrei vivendo. Por cada reação, por cada emoção, por cada riso e lágrima, ali tinha mais uma certeza de que, sim, era amor.

Percebi que o amor se mostra pela vontade de querer estar junto, pelo respeito, pela cumplicidade, pela troca. O amor que eu costumo amar exige de mim dedicação nos momentos mais difíceis para o outro. Eu não aprendi a amar pela metade, nem consigo entender como amar apenas os momentos bons. É que meu amor ama o todo, na alegria e na tristeza. Esse amor que florece em mim não costuma medir muitos esforços para ver o outro feliz. Talvez seja mesmo um amor exagerado, ou talvez não. Não consigo imaginar amor sem risos, não consigo imaginá-lo sem risos exagerados. O meu último amor durou pouco, mas durou o suficiente para me fazer entender o quanto amadureci amando alguém.

Percebi que o amor se sustenta na segurança, na certeza de que os dois querem ficar um com o outro. Também entendi que não há como haver amor sem discussão, sem adaptação de ideias e sonhos. O problema não são as brigas, mas a forma como lidamos com elas. A gente pode prolongar a briga, ou a gente pode resolver e colocar um ponto final nela. A gente pode remoê-la por toda uma vida ou a gente pode esquecê-la, deixá-la para trás. Descobri que o amor só dura à base do diálogo, e que o diálogo exige duas vozes para se concretizar. O amor não sobrevive à mudez da alma. Até o silêncio no amor, ele precisa se expressar. Ah, e também compreendi que o amor em si não é romântico, ele é cotidiano, é vida, é diário.

Amor que é amor sofre junto, perde a noite pra dividir a responsabilidade, tenta fazer a tristeza do outro sorrir. No amor, a gente faz escolhas. E algumas delas significam abdicar dos próprios sonhos, para minimizar a dor do outro. Significa partilhar a dor quando ela parece não ter mais fim. Quando a gente ama, a gente enxerga o sofrimento e a alegria no olhar do outro. A gente sabe quando o outro sorri a tristeza. A gente sabe quando o outro finge a felicidade apenas para seguir em frente, mesmo quando a dor ao redor não cansa de se mostrar. Quando a gente ama, a dor do outro dói na gente.

Mas como eu disse logo acima, o amor é cotidiano, é vida, é diário. E ele não sobrevive sozinho, sem a troca. Não no relacionamento a dois, pelo menos. A incerteza do outro gera incerteza na gente. É que a relação só evolui se houver mútuo empenho. Quando o outro deixa de ter certeza, quando o amor do outro já não parece brilhar, o amor da gente murcha, ele recua, ele se enconde. É como um bichinho amedrontado, que se sente acuado e perde a coragem de arriscar. O alimento do amor é a segurança, são aquelas atitudes do outro, aqueles gestos naqueles momentos específicos que voltam a inflar o nosso amor.

O meu amor deixou de ser romântico há algum tempo. Ele ainda é regado a surpresinhas e doçuras, ele ainda vive de carinho. Mas ele é real, ele permeia a divisão de tarefas, o estresse da correria da vida. Ele está ali, entre a discussão de um problema e outro, entre uma notícia boa e uma ruim. O amor que eu amo entende a hora de administrar uma crise, entende que há conflitos, entende que às vezes é necessário parar para reparar. Esse meu amor quer partilhar. É que eu ainda não aprendi a amar o amor solitário. O amor que eu amo também precisa ser amado.

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Medo da solidão

O medo de ficar só é como uma sombra, mas daquelas que atormentam seus autores. Comumente é citado nas pesquisas que procuram identificar os grandes pavores da humanidade. Uma experiência empírica bem simplória nos mostra o tamanho do temor que a solidão provoca nas pessoas. É só acessar a página do google e digitar no campo de busca qualquer expressão referente ao assunto. Um catatau de resultados vai aparecer em sua frente. São desabafos em blogs pessoais, pesquisas científicas, estudos e mais estudos sobre o tema. Uma conversa entre amigos pode também trazer à tona algumas afirmações surpreendentes.

O medo da solidão pode ser cruel, a ponto de fazer um indivíduo se manter resistente em uma relação que visivelmente não mais rende bons frutos. Presenciamos situações destas em nosso cotidiano, já ouvimos falar sobre isso em conversas, desabafos. Talvez em um bate-papo alheio, até. É difícil enxergar isso, eu sei, perceber que determinada insistência é apenas resultado do medo de ficar só, do medo da “solteirice”. Outra palavra que ganhou um tom bem pejorativo nos últimos tempos, o termo “solteiro”. Terminar uma relação virou sinônimo de incapacidade de gestão, no contexto deste mundo capitalista e globalizado em que vivemos.

É a tal da famosa “incompatibilidade de gênios”. Expressão bonitinha esta que inventaram. Se tivesse a oportunidade de conhecer o autor da tal expressão iria parabenizá-lo com certeza, por escancarar, com uma sutileza gramatical sui generis, que o casal chegou ao limite, que as brigas estão insuportáveis e que os dois não toleram mais estar junto. E as crises se transformam, docemente, em uma incompatibilidade. Mas, ainda que de forma delicada, melhor admitir as divergências, e cada um seguir seu caminho, do que sustentar uma situação que não faz mais o casal feliz na essência.

Aprendi com o passar do tempo a não rotular de fracassos as relações que não deram certo. Ninguém fracassa em uma relação, apenas não se sujeita mais, apenas deixa de achar que vale a pena estar com outro, deixa de querer. Eu sou uma defensora ferrenha da tolerância e da paciência dentro do relacionamento – embora nem sempre tenha me comportado assim nas minhas relações. Certa vez escrevi aqui um texto entitulado “Como é que o amor chega ao fim?“, sobre os “the end” da vida. Se vocês tiverem a curiosidade de lê-lo perceberão que eu acredito que uma relação pode dar certo e na felicidade a dois. No entanto, não podemos ignorar que há relações que realmente ninguém merece ter. E é a respeito delas que estou falando agora.

Sinto que as pessoas precisam aprender a conviver consigo mesmas, precisam se amar solitariamente. Alguns passam a solteirice em busca de alguém, esquecem que é um momento de aproveitar a fase para se dedicar mais ao que gosta, a si próprio. Hora de colocar os sonhos e projetos em dia, ajustar as rotinas, aproveitar os amigos, conhecer o mundo sem precisar administrar agendas ou dar satisfações. Sem se preocupar se alguém vai se incomodar com suas decisões, sem ter que tomar decisões a duas cabeças. Não é que estar solteiro é melhor. Para mim, não existe o “é melhor”. Estar com alguém ou estar só tem seus pontos positivos e negativos. O que importa não é um nem o outro. O que realmente importa é estar feliz, solteiro ou acompanhado.

Penso que esse medo da solidão está intimamente ligado ao não conhecer as inúmeras possibilidades que o estar só também nos oportuniza. Precisamos encontrar estas novas formas de convivência e de vivência, nos redescobrir após o fim de uma relação e continuar a caminhar com passos novos. Como diz Fernando Pessoa, “há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares”. Somos nós que alimentamos esse medo, de alguma forma, intimamente. E só nós podemos nos livrar dele também, buscando as surpresas que a vida nos guarda. Até que, um dia, vai aparecer alguém. Ou então, não aparecerá ninguém. Não dá para abrir mão de ser feliz por causa disso.

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Sobre divórcio e “o luto” da separação

*Texto e reflexões de Andreia Santana

Há alguns meses devo aos leitores do blog um texto sobre a vivência do “luto” após o divórcio. Não vivi a experiência do fim de um casamento na pele, mas vivi finais de namoros longos, acompanhei a separação dos meus pais, de amigos próximos e de familiares, daí creio poder discutir o assunto com aquele distanciamento que às vezes falta a quem está no centro do problema. O interesse em falar no assunto não é gratuito. Semestre passado, numa das disciplinas que cursava como aluna especial do Mestrado em Cultura e Sociedade da UFBA, tomei contato com a obra do sociólogo inglês Anthony Giddens. No primeiro capítulo do seu livro Modernidade e Identidade (Jorge Zahar Editor), Giddens discute um estudo chamado Segundas Chances, das britânicas Judith Wallerstein e Sandra Blakeslee, justamente sobre o divórcio e as reorganizações famíliares e sociais da alta modernidade. Na ocasião, o assunto suscitou muito debate na minha sala de aula e a primeira coisa que pensei era que valeria a pena trazer esses conceitos para o blog. Mas, na correria diária, novos temas foram surgindo, novas atribuições, e o assunto ficou “na gaveta”.

Há algumas semanas, a vontade de retomar o tema voltou com grande força, principalmente após alguns dados que recebi via email, de conhecidos que sabiam do meu interesse em falar sobre luto e divórcio – dentro dessa perspectiva de Giddens, Wallerstein e Blakeslee no Conversa de Menina. Segundo os dados do IBGE repassados para mim, entre 1997 e 2008, houve um aumento de mais de 200% nos recasamentos entre as brasileiras na faixa dos 40 aos 45 anos. Ainda de acordo com o órgão, os percentuais mais elevados de recasamentos ocorreram entre homens divorciados que se casaram com solteiras.

Outros dados, desta vez do Colégio Notarial do Brasil – Seção São Paulo, mostram que desde que entrou em vigor a lei 11.441/07, que permite fazer a separação, divórcio e inventários consensuais em cartórios, o número de casos desse tipo cresceu substancialmente no país: separações 24,9% e divórcios consensuais 33,9%. De acordo com o levantamento, o estado de São Paulo é a região do país que mais pratica as vantagens da nova lei. Em 2009, os cartórios paulistas realizaram um total de 39.069 escrituras de separações, divórcios e inventários, cerca de 20% mais do que em 2008 e 84% mais que em relação ao primeiro ano de vigência da lei  no resto do país.

Segundas Chances – Diante desses dados, fiquei pensando para além dos números frios do IBGE. Associar as estatísticas à Giddens ou ao estudo das pesquisadoras britânicas foi inevitável. Também recordei os casos próximos de separação de que fui testemunha, tanto os que terminaram de forma amigável quanto os traumáticos. Lembrei ainda do impacto e das discussões aqui mesmo no blog, suscitados  pelos posts sobre a Lei de Alienação (relembre todos aqui).

Segundo Giddens, o livro/estudo Segundas Chances, descreve o impacto da ruptura dos casamentos no indivíduo e na estrutura social. As pesquisadoras usaram 60 casais (incluindo os filhos) e analisaram um período de 10 anos.  A principal conclusão é que, embora seja uma crise nas vidas pessoais dos envolvidos, apresentando risco à sensação de bem-estar, por outro lado, o divórcio pode abrir possibilidades para o desenvolvimento da pessoa envolvida e perspectivas de felicidade futura. É inegável que para algumas pessoas, desmanchar uma união que traz sofrimento é um benefício. Vi casos de pessoas que literalmente renasceram após se afastarem de um parceiro (a) que “vampirizava” as energias.

Wallerstein e Blakeslee também concluem que é inegável que um casamento desfeito provoca luto, mesmo quando era uma união infeliz. O luto seria provocado primeiro pela sensação de perda das experiências compartilhadas, muitas prazerosas, e em segundo lugar, no caso das uniões que jã não íam bem, pela frustração do projeto a dois não ter dado certo e de se ter investido tempo e energia à toa na relação. Quem já terminou um namoro longo, por exemplo, não fica isento desse “luto”.

“Viver o luto”, de acordo com as pesquisadoras, é extremamente importante, pois seria o bálsamo que cicatrizaria o ressentimento pelo fim da união, impedindo que esse ressentimento se traduza em amargura. Sabemos que nem com todo mundo funciona assim e não são raros os casos em que a amargura se traduz nos sentimentos mesquinhos de vingança, como o próprio ato de alienação parental. Mas, as autoras de Segundas Chances defendem que o período de luto é justamente aquele que vai proporcionar o “descolamento” da identidade compartilhada de casal, e a retomada do “sentido de si próprio”. Os recasamentos apontados pelo IBGE demonstram que cada vez mais um número grande de pessoas, homens e mulheres, mesmo quando mais maduros, investem na retomada das suas vidas e na reconstrução de outras relações após o fim de uniões anteriores e da vivência do tempo de luto. Conhecemos essa fase como “fechado (a) para balanço”.

A questão chave é a retomada da autoconfiança. Principalmente porque quem vive um casamento longo tende a viver a vida do outro, ou a vida do casal, em detrimento de desejos e necessidades próprias, que eram prioridade no tempo de solteirice. Lógico que, embora manter o mínimo de individualidade seja necessário para a relação não cair no binômio “dominador-dominado”, quem entra numa relação estável está em busca é de projetos compartilhados.  A perda do sentido próprio do “eu” e a sua substituição pelo sentido compartilhado do “nós” é inevitável. O resgate do “eu” é lento e gradual com o fim da união.

Usando uma linguagem mais cotidiana, o primeiro passo seria viver a dor, depois exorcizá-la, daí juntar os caquinhos do abalo na autoestima e autoconfiança, reconstruir um “novo eu” e, com o tempo, partir para outra relação. Claro que isso não é fórmula matemática e nem todos os divórciados viverão a situação da mesma forma.

O fator filhos também pesa muito. Principalmente porque o estudo de Wallerstein e Blakeslee aponta que as crianças sempre esperam secretamente uma reaproximação do casal. E vai caber aos pais proporcionar que o “luto” dos filhos seja o menos traumático possível. Dar suporte emocional, não tentar usar as crianças como instrumento de barganha ou chantagem (alienação parental) e até introduzir a nova pessoa com que se relacionam na vida familiar de maneira madura e serena são algumas das medidas.

E é aí que entramos na seara das reorganizações familiares, com as crianças tendo pai e mãe (separados) e novos “pais” e “mães” (os companheiros recentes de seus pais). Negociação é a palavra de ordem, tanto para definir se os novos companheiros serão tratados pelos primeiros nomes, ou  como “tio fulano” e “tia fulana”, ou mesmo chamados de papai e mamãe, o que pessoalmente acredito ser meio forçado.

Negociar porém, pressupõe maturidade e “vontade política”. Com a ferida aberta ninguém é bom negociador e o mais sensato, na minha opinião, é deixar o tempo se encarregar de fazer seus curativos.

*Andreia Santana, 37 anos, jornalista, natural de Salvador e aspirante a escritora. Fundou o blog Conversa de Menina em dezembro de 2008, junto com Alane Virgínia, e deixou o projeto em 20/09/2011, para dedicar-se aos projetos pessoais em literatura.

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Artigo: Namoro virtual? É real?

Uma data como  a deste sábado, Dia dos Namorados, sensibiliza para a reflexão. Para ajudar que quer pensar no tema “os relacionamentos na contemporaneidade”, publico aqui no blog – com a devida autorização – o excelente artigo de Cristina Romualdo, psicóloga e integrante da equipe do Instituto Kaplan, entidade que atua em prol da capacitação de professores para tratar o tema sexualidade e também no atendimento aos jovens. De forma muito lúcida e didática, a autora analisa o comportamento sexual humano ao longo dos últimos 60 anos e traça paralelos entre os avanços tecnológicos e as mudanças nas formas de interação entre as pessoas. Texto mais que recomendado!

Namoro virtual? É real?

*Cristina Romualdo

Com a chegada do dia dos namorados é natural que temas envolvendo os relacionamentos afetivos venham à tona, seja entre as pessoas, comemorando tal data ou lamentando-se não ter motivo para comemorações; seja pela maior movimentação comercial que gera ou por sua ampla divulgação na mídia. Diante deste quadro, a proposta da equipe de profissionais do Instituto Kaplan é escrever uma série de artigos sobre a evolução dos relacionamentos nos últimos 30 anos.

Para tanto cabe uma breve contextualização histórica. A pós-modernidade marca uma fase de muitas mudanças ocorridas na sociedade a partir da década de 50, notadamente os avanços científicos e tecnológicos, produzindo-se cada vez mais e mais rápido, com o objetivo de facilitar a vida das pessoas.

Na era da informática, codifica-se e manipula-se o conhecimento e a informação, que invadem o cotidiano com uma infinidade de serviços a serem consumidos, descartando a necessidade do experimento físico. O que nos leva a lidar mais com dígitos e signos do que com coisas concretas.  Já parou para pensar que o dinheiro que você tem no banco não passa de números em seu extrato bancário?

Nasce, assim, a realidade virtual, nossa atual realidade social. Se nosso dia a dia muda, obviamente que nossa sexualidade também sofre mudanças. A medicina permitiu o sexo sem procriação e a procriação sem sexo, possibilitando à mulher o domínio sobre seu corpo, conferindo-lhe o direito ao prazer sem o ônus de uma gravidez não planejada e colocando-a em igualdade com o homem, ao torná-la livre para projetar seu próprio futuro.

Beleza Roubada, delicado filme sobre o primeiro amor

Na década de 80, o advento da AIDS nos leva a um novo olhar sobre a sexualidade. Incrementam-se pesquisas e estudos sobre o comportamento sexual, novos conceitos ganham popularidade: sexo seguro, vulnerabilidade, parceria de risco. A camisinha vira a grande protagonista das campanhas publicitárias. Revela-se a realidade do sexo com múltiplos parceiros e da estabilidade dos relacionamentos homossexuais.

Interessante observar que neste pequeno intervalo de 30 anos, da década de 60 para o final dos anos 80, se por um lado a mulher ganhou uma maior liberdade sexual com a contracepção, ao homem coube, em grande parte, a responsabilidade da prevenção, pois, até o momento, é o uso do preservativo masculino, a forma mais eficaz e acessível de se evitar a transmissão das DST (doenças sexualmente transmissíveis).

Neste contexto, a chegada dos anos 90 traz ao centro das atenções o papel sexual masculino. E mais uma vez se faz presente a tecnociência na manipulação da sexualidade humana. Pois agora o fantasma da impotência pode ser rapidamente afugentado com o uso da “pílula do prazer”. Se antes o homem deveria ser infalível, jamais admitir qualquer tipo de dificuldade, principalmente na esfera sexual, agora ele poderia falar de seus problemas e também buscar tratamento para os mesmos.

Nessa mesma década, em 1992, foi criado o SOSex – Serviço de Orientação Sexual,  uma das áreas de atuação do Instituto Kaplan, com o objetivo de atender pessoas que buscam esclarecimentos de questões sexuais, por meio de atendimento sigiloso e personalizado. Desde 2008 a orientação dada ao público tem sido feita através da internet, seja respondendo e-mails ou esclarecendo dúvidas através do MSN.

Em 2009 respondemos 943 e-mails e, pelo MSN, atendemos 1956 usuários, sendo que aproximadamente metade (46%) destes tinha idade inferior a 21 anos. Esse jovem público é, em sua maioria, formado por garotas (75%), e suas principais dúvidas estão relacionadas à gravidez e aos métodos contraceptivos, principalmente a pílula anticoncepcional.

Muitas vezes, nossos usuários, também pedem conselhos ou dicas para suas relações afetivas e/ou sexuais. Neste artigo, através da análise da fala de três usuários, sem qualquer identificação dos mesmos, pois garantimos o sigilo de quem nos consulta, vamos levantar alguns pontos que podem apontar para mudanças nos relacionamentos atuais ou, ao contrário, revelar que algumas atitudes persistem com o passar dos anos.

Denise está chamando, de 1995, é um filme que aborda relacionamentos virtuais. Numa época anterior à popularização da internet, do msn e das redes sociais, um grupo de amigos acompanha as vidas uns dos outros, sofrendo, alegrando-se e até começando e terminando namoros apenas pelo telefone, sem nunca interagir pessoalmente

“Estou namorando há algum tempo… e eu ainda não tive relações sexuais, e estou pensando em ter. Mas tenho um pouco de medo, em
relação à dor, queria saber se dói? algumas pessoas que falam que depois da primeira relação sexual, o corpo da mulher muda, (…)! queria saber se isso é realmente verdade”

Os sentimentos frente ao novo, a curiosidade e o medo fazem-se presente. Isso não mudou e talvez nunca mude na existência humana. A virgindade não é mais uma condição necessária, muitas meninas questionam quando e não se devem iniciar a vida sexual. Mas o que nos chama a atenção é que, apesar de todas as informações às quais os jovens têm acesso hoje em dia, há ainda dúvidas sobre temas básicos, como por exemplo, o que acontece com o próprio corpo. O que nos leva a pensar que falar sobre sexualidade é ainda algo muito difícil para as pessoas, principalmente entre pais e filhos.

“Olá, tenho 15 anos, bom não é bem uma pergunta, e sim um conselho…Tô numa situação estranha, a menina que eu gosto está namorando um rapaz só que isso pela internet (os dois nunca se viram), ela diz que gosta dele mais não sabe, ela ta meio confusa…Minha dúvida é: como posso fazer para tentar conquistá-la ?Devo chegar nela e me declarar pessoalmente ou por msn, ou sair com ela e arriscar um beijo ?”

O clássico romântico de 1980, A Lagoa Azul, conta a história de um jovem casal que descobre o amor e o sexo numa ilha deserta

Que belo exemplo de nossa realidade virtual! Nosso usuário gosta de uma garota concreta, que existe fisicamente. Mas, a mesma diz gostar de um rapaz virtual, cuja existência se dá via computador. E qual é a sua dúvida, ele permanece físico ou se torna virtual para conquistá-la! Namoro virtual? É real?

“Serviu em muito, para esclarecer minhas dúvidas, os artigos aqui do site. No entanto, ainda tem sido difícil para mim e meu namorado decidir o momento certo para ter a primeira transa. Conversamos muito sobre o assunto, (…) mas não sabemos exatamente o que estamos esperando. Talvez seja o medo, pela idade jovem demais para isso. Para mim, os principais obstáculos são meu corpo e o local para se ter a relação. Em nossas casas seria quase impossível… tudo isso é tão chato! Sinto-me mal porque temo, também, estar sendo levada pelos hormônios à flor da pele e desejar tanto ter esse momento com ele. Bom, termino mais com um pedido de conselho do que com uma pergunta. Como poderia resolver isso?”

Acho essa fala a mais emblemática dos tempos atuais, ela traz todos os conflitos que os jovens vivem no início de seu relacionamento sexual. O desejo é reconhecido e aceito naturalmente, o casal conversa sobre o mesmo, mas é o momento? E onde concretizá-lo? Ela sabe que não pode ser na casa dos pais, pois como na fala de tantas outras jovens atendidas em nosso serviço, ainda não há aceitação por parte destes. Ao contrário, muitas que já iniciaram vida sexual temem que suas mães descubram, sendo esse um dos motivos para não ir ao ginecologista, pois entendem que esta é uma forma de se exporem. Infelizmente, é aí que muitas não recebem uma orientação correta sobre os métodos contraceptivos, sobre seu corpo, sobre a primeira vez…

E aqui podemos entender o papel que a internet, ou a orientação sexual vem exercendo na atualidade. Se antes a jovem se calava em sua dúvida e esperava chegar o momento para ver o que acontecia, ou perguntava para uma amiga mais próxima, ou delegava ao parceiro a responsabilidade de lhe dar respostas, atualmente, busca a orientação de especialistas. E, sem dúvida, esperamos contribuir para que esses jovens tenham uma vida sexual mais segura, responsável, satisfatória e muito prazerosa!

*Cristina Romualdo é psicóloga, terapeuta e orientadora sexual do Instituto Kaplan: www.kaplan.org.br

**Texto encaminhado ao blog pela Vera Moreira Comunicação

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Dia dos Namorados 3: auto-ajuda para quem busca encontrar uma cara metade

É inegável o apelo para que todos (homens ou mulheres), estejamos devidamente acompanhados toda vez que a data 12 de junho se aproxima. Embora não goste dessa pressão exercida em todos os níveis (dos amigos, da família, dos lojistas e da mídia, só para citar alguns exemplos) para que os solteiros de todo o mundo corram atrás do prejuízo e arrumem um par, não posso ter a pretensão de fazer um blog se não falar para todos os públicos. Daí a insistência, ao longo da semana, em abordar temas ligados ao Dia dos Namorados. Tem quem leia porque é oferecido? Sim. Mas a recíproca é igualmente verdadeira: é oferecido porque tem quem espere esse tipo de informação com mal-disfarçada avidez. Atendendo às necessidades de quem anda realmente em busca da cara metade, publico por aqui uma dica de leitura, melhor dizendo, dica de audiolivro que promete ensinar as mulheres a domar as feras masculinas soltas neste vasto mundo.

Se você faz parte do grupo de “caçadoras” implacáveis que estão decididas a legar seus dias de solteirice ao passado, pode acabar gostando de ler Por que os homens amam as mulheres poderosas?, best seller da norte-americana Sherry Argov, lançamento da Audiolivro Editora. Não li – e nem ouvi – o livro, por isso, não posso opinar se realmente funciona e nem vou fazer resenha crítica, seria leviandade criticar (para o bem ou o mal), algo que não li.

Mas, segundo a editora,  a obra está em primeiro lugar na lista de livros de não-ficção mais vendidos nos EUA. O povo americano adora auto-ajuda. Os brasileiros não ficam atrás. Mesmo não sendo muito a minha praia, respeito quem gosta e acredito que, para determinadas pessoas, funcione.

A autora, ainda segundo a editora Audiolivro, escreveu um tipo de manual para aquelas mulheres boazinhas que fazem de tudo para agradar seu parceiro, mas têm a sensação de que não recebem a mesma dedicação em troca e daí, descambam para as cobranças ou conformam-se na posição de vítima chorona. Usando o humor, o que no mínimo vai garantir boas gargalhadas para quem se dispuser a ler (ou ouvir, neste caso), Sherry Argov afirma que não há nada mais entediante para um homem do que uma mulher que tenta agradá-lo a todo momento. Pessoalmente, concordo que a máxima vale para qualquer tipo de relacionamento. E quem é que gosta, por exemplo, de amigos que vivem “puxando o saco”, mas não fazem críticas construtivas, confrontam opiniões, alertam para as mancadas e dessa forma exercem o papel de verdadeiros amigos?

No “manual de sedução” de Argov, há ainda dicas de como adquirir mais autonomia e não ser submissa no relacionamento.

E para quem ficou interessada, eis aqui o link da obra, para ser comprado direto do site da editora. O audiolivro tem sete horas de duração e também pode ser encontrado nas melhores livraria de todo país. E, aqui, no site da Revista Veja, um trecho da obra.

Para comprar a versão impressa:

Porque os homens amam as mulheres poderosas?

Autora: Sherry Argov

Editora: Sextante

Preço: R$ 15,90 no site da Submarino.com

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Dia dos Namorados 2: A procura do par perfeito

Mais um artigo muito bom da psicóloga Cássia Franco, dessa vez, um pouco mais reflexivo sobre o “mercado” de troca de intenções que se estabele no início e ao longo dos relacionamentos a dois. Para quem gostou do material anterior da autora, publicado aqui no Conversa, sobre as dicas para NAMORAR, vale a pena ler este também!

*A procura do par perfeito

“Ninguém é perfeito até que alguém se apaixone por esta pessoa”
(William Shakespeare)

**Cássia Aparecida Franco

Tem casal, segundo Cássia Franco, que adora brincar de detetive e acaba transformado a vida do parceiro (a) em um inferno de vigilância e desconfiança constantes

Diferentes grupos humanos criam rituais de apresentação, formas de travar contato e de sinalizar seus interesses propiciando aproximação, comunicação, transpiração de idéias e intenções. A pesquisadora Froma Walsh nos conta que entre os povos nômades do deserto, por exemplo, há séculos os grupos se reúnem para a tradicional “feira de esposas”, onde os homens vão procurar uma esposa para si.

Segundo a tradição, as mulheres disponíveis para o enlace, pintam os olhos com intensidade, usando um véu cobrindo o rosto, caso sejam virgens. As viúvas ou separadas tem o rosto descoberto, mas todas, sem exceção, levam em seus braços uma manta tecida com as próprias mãos.

Todos circulam livremente pela feira e no momento em que um homem encontra o olhar de uma mulher que o interessa, ela exibe a manta que teceu cheia de intenções. Assim, os dois se examinam por tabela, enquanto falam do precioso objeto. Conforme os argumentos, ele decide se quer comprá-lo e ela se quer vendê-lo. Se discordarem, a procura recomeça.

Se, contudo, o interesse for recíproco, os dois discutem sobre o preço da manta e, se chegarem a um consenso, dirigem-se a uma autoridade que legaliza a intenção de se casar. A partir daí, as famílias se envolvem e discutem herança, dote e moradia.

Toda vez que duas pessoas se encontram, trocam sinais que explicitam que tipo de relação está se estabelecendo. E estes sinais, muitas vezes sem palavras, têm a força de provocar emoções que afetam os comportamentos que se seguirão. A partir daí, cria-se a expectativa do que um pode esperar do outro.

Podemos por exemplo, ser detetives e estabelecer uma relação com base na vigilância e desconfiança. Neste jogo deverá sempre existir alguém que espreita na procura de alguma curiosidade ou delito. Há bastante espaço para o ciúme, a briga e conseqüente pedido de trégua e para o ritual de fazer as pazes. Há quem goste.

Podemos encontrar também o atento cuidado do jardineiro que arranca a erva daninha, prepara o terreno e afofa a terra com carinho, semeando no capricho, regando e colhendo frutos. Há quem ache muito monótono.

Outros casais, ainda segundo Cássia Franco, preferem brincar de jardineiro e construir um amor mais ameno, porém duradouro

É possível também um animado jogo de Banco Imobiliário, onde eu lhe compro e você se vende. A dívida nunca é quitada e o cartão de crédito tem juros impagáveis. Há quem se magoe muito com isto.

Há também o modelo julgamento, onde todos são avaliados e penalizados no critério do que é certo ou é errado. Esquece-se, no entanto, que o certo e o errado podem variar conforme o júri. Há quem considere muito difícil equilibrar esta balança.

A questão é que temos crenças e valores que funcionam como uma espécie de peneira seletiva na hora de interpretar os dados. Nossas crenças e valores são estados emocionais que influem em nossos pensamentos e decisões.

Quando criamos a expectativa de ter encontrado o par perfeito, estamos projetando no outro as imagens internas que temos do que seria o nosso modelo de perfeição. Encobrimos o outro em uma nuvem contaminada pelo nosso olhar. Perdemos a oportunidade de enxergar o outro e criamos expectativas difíceis de serem concretizadas.

O sucesso ou o fracasso de uma união depende muito dos acordos de colaboração existentes entre o par. Acordos esses que sabiamente precisam ser renovados periodicamente, promovendo reflexões sobre as mais altas esperanças e os medos mais profundos.

*Texto encaminhado ao blog para publicação pela  Matéria Primma Comunicação

**Cássia Aparecida Franco é psicóloga, palestrante e coach. Contato: [email protected]

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Dia dos Namorados: Dicas para adoçar o relacionamento

Love is in the air, já cantava com toda propriedade Paul Young. Pois sim, com a proximidade do Dia dos Namorados, o Conversa de Menina anda recebendo uns artigos, dicas e coisinhas bonitinhas de gente que estuda o amor. É, minha gente, taí um tema delicioso de se estudar, não é? O bacana é que os textos, como o artigo abaixo, em forma de acróstico (formas textuais em que a primeira letra de cada frase ou verso formam uma palavra ou frase) de NAMORAR, escrito pela psicóloga Cássia Franco, além de revelar os conhecimentos de quem estuda, traz é a experiência de quem vive o amor, na prática. Perfeito, como bem lembra a autora, ninguém é, mas não custa se esforçar um pouquinho. Confiram, aprendam, divirtam-se e namorem muito!

*N A M O R A R  no Dicionário Aurélio significa “procurar inspirar amor”

**Cássia Franco

Com a proximidade do Dia dos Namorados, que tal aproveitar para adotar algumas estratégias que podem lhe ajudar a melhorar o seu relacionamento amoroso. Confira algumas sugestões:

Cupido já te acertou em cheio? Então dê uma conferida nos conselhos deste post...

N – Nada melhor do que olho no olho
Não use o Orkut ou o MSN para ficar conversando horas a fio com a pessoa amada. Use a tecnologia a seu favor. Recados em código, discretamente picantes, podem reativar o clima e ser prenuncio de uma noite de romance. Além disso, quem quer fazer par com alguém que é tão desocupado? Quando a distância for invencível, use o Skype com câmera, modere no tempo, mas capriche na sensualidade e na intenção.

A- Adivinhar é para cartomante
Agimos na vida amorosa como se a telepatia fizesse parte do repertório básico de habilidades humanas, como respirar ou engolir. Essa ilusão pode se manifestar de duas formas:
1-por meio da presunção de que sabemos o que o outro está pensando;
2- através da premissa de que os outros não só podem como têm a obrigação de saber exatamente o que nós estamos pensando, sem que precisemos lhes dizer.
Fuja das viagens na maionese. Ao percebermos que estamos nos irritando com alguém por algo que acreditamos que a pessoa está pensando, antes de confrontá-la, podemos nos questionar: “Será que não estou tentando fazer telepatia? Será que eu realmente tenho condições de saber o que ela está pensando?”

M – Mas…mas…mas…
Na nossa comunicação o sim…mas, carrega de nuvens o mais azul dos horizontes. É como uma pedra de sal no meio de um beijinho de coco. Na convivência, o mas…, anula o valor de tudo o que vem antes dele. Em sua modalidade mais simples, a conjunção mas pode constituir uma obstinada determinação a encontrar um aspecto negativo em algum lugar, uma objeção, acabando por minimizar ou anular qualquer ponto positivo que por ventura exista. Tudo bem querermos o melhor. Difícil é alguém agüentar um: Eu te amo, MAS…

O – Onde foi que eu errei?
Freqüentemente no início da paixão fazemos 1002 exceções no ritmo de nossas vidas no intuito de agradar e atrair a outra pessoa. É um tal de se produzir no capricho, de conversar com bom humor, de ser bom ouvinte, de disponibilizar um tempo extra para o outro, de fazer poesia, o doce predileto, se dispor a participar de programas que nem são exatamente do seu agrado. Às vezes até deixar os amigos ou algumas tarefas de lado, buscando mostrar o seu melhor para o novo objeto de desejo. Depois de um tempo de convivência cada um tende a voltar ao seu andamento da vida, agora com o “novo anexo”.

Muitas vezes, é nesta fase que começam as críticas e reclamações. Pergunto: O quanto de nós está realmente preparado para ouvir críticas? Levar tudo para o lado pessoal significa interpretar eventuais comentários, perguntas e comportamentos de terceiros como afrontas diretas ao seu próprio valor como ser humano, à sua aparência, competência ou perícia. Ou será que com a melhor das intenções, acabamos fazendo propaganda enganosa de nós mesmos?

Lembre que amor é acima de tudo cumplicidade, parceria e compreensão

R – Relaxar e rir
Quando estamos muito tensos, agitados, fica difícil tomar qualquer atitude. Assim, quando nos sentimos estressados, ansiosos ou assustados, nossos pensamentos e ações ficam “contaminados” e fazer algo que nos ajude a relaxar, contribuirá para um alinhamento das idéias e escolhas que garantem melhores resultados. Resumindo: nada de discutir no calor da fervura. Sai todo mundo chamuscado.
Que tal experimentar respirar pelo nariz contando até 10, com o ar inflando a barriga profundamente; prender o ar contando até 10 e soltá-lo pela boca lentamente contando até 10. Pode parecer estranho num primeiro instante, mas após umas 4 repetições, você perceberá que as idéias clarearam, que o coração fica mais manso e as ações muito mais favoráveis.Experimente. Se dê este presente.
Aliás, um valioso presente é ter alguém a seu lado que consiga rir de si mesmo e que com respeito e consideração consiga ter humor para enfrentar as dificuldades inevitáveis da convivência. As questões, às vezes, podem ser bem difíceis, mas levá-las na estupidez não vai melhorá-las. Respirar juntos, abraçados, um acompanhando o ritmo respiratório do outro, por apenas 2 minutos pode ser a injeção erótica que você anda procurando. O preço é baixinho e o efeito pode levá-los às alturas.

A- Áreas de problemas e áreas de soluções
Ocasionalmente, os parceiros vêem apenas o que desejam ver e percebem o que melhor se ajusta a seu estado mental no momento. Interpretam os fatos através de uma específica e exclusiva lente de aumento.
Todos nós temos um lado sombrio e um lado iluminado e aprender a reconhecer estes aspectos pode ser um verdadeiro holofote para iluminar lados obscuros do relacionamento. Parar para fazer um balanço entre pontos fortes e fracos, principais forças e fraquezas, talentos e dificuldades, ajuda cada um a entrar no relacionamento com o que tem de melhor.
Posso até não ser capaz de modificar os outros, mas, existe alguém que pode tomar a iniciativa de fazer algo diferente, esse alguém sou eu mesmo.

R- Raciocinar

Se você observar como a inteligência o deixou na mão quando você mais precisou dela, é possível que diga algo do tipo: “não parei para pensar”, “eu já estava tão desanimado que meu cérebro virou geléia”, “fiquei tão desesperado que deu branco”. Estas frases são sinais de que baseamos nossos atos no pensamento emocional, que geralmente é um parâmetro enviesado, para tomarmos uma decisão.

Somos seres que interpretamos o mundo através dos significados que imprimimos na mente. Se passarmos a pensar de forma contaminada, os pensamentos determinarão emoções comprometidas que acabarão gerando comportamentos inadequados. Quem já se destemperou sabe que as conseqüências, às vezes, são bem amargas de engolir.

A nossa maneira de perceber determinada situação pode facilitar a tarefa de lidar com ela ou tornar praticamente impossível enfrentá-la; pode nos tranqüilizar ou nos encher de ansiedade. Basta considerar a experiência através de um outro ponto de vista para modificar até mesmo nossa sensação de dor.

Que tal enxergar uma nova luz no fim do túnel, e se sentir tentado a conferir muito mais do que as curvas da estrada de Santos?

*Texto encaminhado ao blog pela  Matéria Primma Comunicação

**Cássia Aparecida Franco é psicóloga, palestrante e coach. Contato: [email protected]

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Como é que o amor chega ao fim?

Quantas vezes você repetiu um “eu te amo” na vida? E a quantas pessoas já falou isso? Aliás, em quantas oportunidades você achou que havia encontrado o(a) parceiro(a) ideal e chegou a ter certeza de que, daquela vez, seria para sempre? A vida é engraçada, não é? Hoje, remexendo na papelada do guarda-roupa, encontrei uma pastinha surrada em que guardei uma série de cartões que recebi em dois relacionamentos longos que mantive. Não resisti e abri, como uma criança pequena ansiosa por descobrir alguma coisa. No meu caso, relembrar o passado.

Li os cartões e pensei: “nossa, eu fui muito amada”. No mesmo momento, lembrei dos cartões que escrevi, das surpresinhas que já fiz, das juras de amor, da vez em que achei que seria eterno. Fiquei algumas horas distraída, relembrando, analisando… Eu tambem já amei demais. E como é que um amor daquele tamanho pode acabar? Escorrer como água pelos dedos e desaparecer? Aí você passa a conviver com a pessoa com quem você dividiu a mesma cama por tanto tempo como se nada tivesse acontecido, como se uma borrachinha mágica tivesse apagado tudo.

O que leva as relações ao fim? Que pergunta difícil. Hoje, eu diria que a impaciência e a intolerância são algumas das causas. As pessoas perderam a paciência de se conhecer, de dar um tempo até se adaptarem uma à outra. Transformam as relações em casamento em questão de segundos e vão começar a conhecer os defeitos do outro já envolvidas numa rotina um tanto difícil que é a de dividir o mesmo teto. Não eu nunca casei. Mas posso afirmar, sem qualquer receio, que vivi uma relação que podia ser perfeitamente entendida como um casamento.

O que me motivou a escrever isso foram os textos nos cartões. Declarações lindas de amor, sentimentos intensos traduzidos em palavras. Nossa… Eu não revivia estas coisas há muito tempo. Há muito tempo que aqueles cartões deveriam estar ali, empoeirando meu passado, agora enclausurado em uma pasta plástica envelhecida… Hoje, um pouquinho mais madura, com um pouquinho mais de experiência, percebo que compreensão é fundamental. E mais fundamental ainda é a aceitação e a disposição a conhecer o outro e a entender que esse outro não mudará para te agradar.

Lembro que, quando chegou ao fim a minha relação, fiquei imaginando como seria ter de encontrar outra pessoa, me adaptar a outro estilo, me acostumar a outras manias. Achava que não conseguiria. Não me lembrei que já havia passado por tudo isso antes. Simplesmente parecia que aquele era o primeiro amor da minha vida, o primeiro com quem pensei em dividir uma vida inteira. É que foram tantos anos de relação, que eu já sabia na ponta da língua tudo o que significava cada uma das caras dele, cada um dos gestos… Eu imaginava como seria chegar a este estágio com outra pessoa.

Hoje, eu dediquei várias horas às memórias. Depois de reler, olhei algumas fotos, me lembrei de coisas engraçadas, de como nos dávamos bem. E mais uma vez me perguntei como é que as relações acabam e ficam esquecidas no passado. Pois é. Vou continuar sem saber. Tenho minhas teorias, algumas coloquei logo acima. Vocês devem ter as teorias de vocês. Mas como já frisei diversas vezes ao falar da vida a dois, não há fórmula mágica. Se as coisas começam e acabam, a responsabilidade é toda de cada um dos envolvidos, que não soube superar as crises.

Claro que estou falando das relações sólidas, não daquelas furtivas, efêmeras. Uma vez encontrei um amigo em comum e ao contar que a minha relação havia acabado, lembro de ele ter ficado meio atordoado e ter dito que pra ele nunca chegaria ao fim, que ele não conseguia imaginar um sem o outro de tanto tempo que estávamos juntos. Mas, sim, tinha acabado. Por que as relações acabam? Não sei, repito. Só sei que nem sempre é por falta de amor. Afinal o amor, por si só, não é capaz de sustentar uma relação. Às vezes você ainda ama, até. Mas alguma coisa pesou mais na hora de você decidir dizer adeus.

Toda vez que ouço alguém comentar sobre mais uma relação que chegou ao fim, me reservo o direito de alimentar a certeza de que cada dia é mais difícil manter um relacionamento com alguém. Hoje, portanto, venho aqui só pra dizer uma coisinha que talvez faça diferença na hora que você ler: se você acha que aquela pessoa vale à pena, que vocês formam uma dupla bacana, parceira e amiga, pensa nisso antes de tomar alguma decisão baseada em um momento difícil, em uma fase crítica, ou no meio de uma crise. Não há relações perfeitas, as discussões acontecerão sempre. Mas eu me permito dizer que há pessoas perfeitas para uma relação. E estas, queridos amigos, façam questão de segurar.

Certa vez, um amigo conversava com outro sobre a namorada dele. Ela é estressada, sempre brigavam no meio do trânsito, e ele ali, paciente.  Esse outro amigo pegou carona com o casal, e acabou presenciando mais uma discussão boba, um estresse dela, por causa de um caminho errado. Alguns dias depois, os dois trocavam ideias e ele tocou no assunto, perguntando como ele aguentava aquilo, que ele tinha ficado impaciente no fundo do carro com toda a situação, enfim. O outro respondeu que amava aquela mulher, com os defeitos que ela tinha. Porque as qualidades dela eram tão maiores, que ele tinha aprendido a lidar com a parte ruim.

Disse ele que brigar no trânsito era pouco, sim, e que, por ele, não seria assim. Mas que ele sabia que ela não ia mudar, e que ele tinha decidido aceitá-la daquele jeito, porque em milhões de outras situações mais importantes, ela se mostrava a mulher que ele sempre quis ter ao lado. Acho que é isso. Uma história real de uma relação em que as pessoas decidiram se aceitar, aprenderam a conviver com os defeitos alheios, em que um conseguiu enxergar o quão fundamental é ter o outro do lado.  Decidiram que querem ficar juntos.

Se eles vão mesmo ficar juntos, eu não sei. Não os conheço. O que sei é que esse é um passo. Um passo muito importante. No dia em que fiquei noiva (sim, eu já fui noiva), o tio do meu ex-noivo chamou a gente em um canto e nos disse: “a partir de agora vocês precisarão ser muito tolerantes um com outro se quiserem ficar juntos. A palavra agora é tolerância, porque amor vocês já têm”. Nós não soubemos ser tolerantes, mas ainda dá tempo de você aprender, se achar que vale à pena. É isso.

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Depois do filho, como fica a relação do casal?

A sugestão foi de um amigo. Escrever sobre a relação homem x mulher após o nascimento do filho. Achei a ideia ótima, um assunto interessante principalmente depois de ouvir as percepções dele sobre as mudanças que acabam acontecendo na relação do casal depois que os filhos nascem. Eu não tinha pensado nisso. Talvez porque não tenha filhos ainda, porque não tenha experienciado essa situação na prática. Mas aqui é um espaço para debates e é isso o que faremos, debater o assunto. E o mais importante vai ser a troca de experiências, a opinião de vocês.

Uma coisa não há como negar: sim, muita coisa muda depois que o casal decide ter filhos. A partir deste momento, não são apenas vocês dois. Há uma terceira pessoa que vai precisar de toda a dedicação para crescer em um ambiente saudável. E “toda a dedicação” sempre quer dizer mais do que esperamos. Em uma entrevista à Revista Cláudia, o ator Rodrigo Hilbert, que tem um casal de gêmeos com a apresentadora e modelo Fernanda Lima,  fala justamente da mudança de rotina, da logística que precisam organizar quando querem sair os dois e do esforço para manter o romantismo.

É difícil administrar a chegada de um bebê. Até porque as atenções mudam de direção. Sentimentos como a falta do desejo sexual, o ciúme, o descuido da mulher (que muitas vezes fica relapsa consigo mesmo em prol da criança) podem surgir e, inclusive, destruir a relação. Não é à toa que o assunto já virou tema de livro. “Casamento à Prova de Bebês”, por exemplo, trata da crise no casamento após a chegada dos bebês. O enredo traz a história de três mulheres que trocam confidências sobre suas próprias experiências pessoais, ressaltando as dificuldades dos primeiros dias com o bebê, a divisão de tarefas, a influência das famílias do casal, a importância que cada um dá ao sexo.

Um dos principais problemas é o aumento da tensão em casa. Um bebê muda completamente os papeis de cada um. É preciso rever, reformular, adaptar, mudar. Se formos pensar direitinho, todos são verbos que exercem uma pressão muito grande no nosso dia a dia. O trabalho aumenta, as tarefas de casa também (agora tem fraldas a lavar, uma criança a cuidar, consultas médicas rotineiras etc), os gastos crescem bastante, o tempo parece ficar cada vez mais curto… Segundo o depoimento desse amigo, aí é que está o problema: administrar tudo isso com a rotina de cada um dos dois e, em meio a tudo isso, manter a relação em evidência, se cuidar pro outro, garantir momentos a dois, manter o tesão.

Eu não me sinto apta a discutir a questão, afinal nunca vivenciei coisa parecida. Porém, achei muito válida essa iniciativa de meu amigo, em sugerir que colocasse a questão no blog para debate. Nestas situações, muito mais bacana do que dizem as teorias científicas é ouvir as experiências de cada um e ver se funcionam para você as alternativas sugeridas por alguém que também sente na pele os efeitos da chegada de um bebê à relação. A palavra é de vocês: quem já passou por isso ou já assistiu de perto à experiência de alguém, divide aí com a gente!

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*Lei do Divórcio é positiva, diz especialista

Publico hoje, na íntegra, uma matéria muito útil encaminhada ao blog via email, sobre a nova Lei do Divórcio, em tramitação no Senado. Vale conferir, pois é tema de interesse de muita gente. Posteriormente, prometo escrever um post sobre o “período de luto” vivido após o fim de uma relação. Cursando uma disciplina para o mestrado, na UFBA, li um livro do sociólogo britânico Antony Giddens sobre identidade, onde ao longo de alguns capítulos, ele discorre sobre a fase do luto e a superação do fim do casamento.  Por enquanto, fiquem com o texto preparado pela “Original 123 Comunicações”:

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Lei do Divórcio é positiva, diz especialista

O plenário do Senado deve aprovar, em segunda votação, a PEC do divórcio direto – como é chamada a Proposta de Emenda Constitucional 2007, que acaba com a exigência legal de dois anos de separação de fato ou um ano da separação formal (feita pela Justiça ou por cartório os períodos necessários) como prazo para que o casal possa pedir a separação definitiva, de divórcio. Se os senadores aprovarem o projeto, a mudança no texto constitucional nem precisará da sanção do presidente da República.

Na opinião da advogada **Gladys Maluf Chamma, especialista em Direito de Família, essa mudança é positiva. “É salutar essa mudança, considerando que os envolvidos na separação passam por doloroso processo psicológico durante as tratativas inerentes ao acordo. Obrigá-los, após um ano a remexer nas feridas em fase de cicatrização a fim de providenciarem a conversão da separação em divórcio, é submetê-los a desnecessário sofrimento. Isso sem se mencionar o pagamento de novas custas processuais, já que o divórcio se trata de ação autônoma, ou seja, um novo processo”, comenta. Ela ressalta que a lei hoje vigente já nada impede que um casal arrependido do divórcio possa voltar a se casar ou a manter união estável. “Isso tudo está protegido pela Constituição Federal”, destaca.

De acordo com a  especialista , em casos de conflito, normalmente as ações propostas são as de separação judicial litigiosa pelo fato de normalmente não haver lapso temporal permissivo para se ingressar diretamente com o pedido de divórcio. “Assim, se aprovada a PEC do divórcio, será possível ingressar desde o início com ação de divórcio litigioso, cujo trâmite é idêntico ao da separação judicial litigiosa. Isso diminuirá os gastos do litigante, mas o sofrimento será o mesmo, inevitável em uma briga familiar”.

*Material produzido e encaminhado ao blog via email pela Original 123 Comunicações

**Gladys Maluf Chamma é sócia-titular do escritório Chamma Advogados Associados

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Leia também:

>>Implicações legais da traição virtual

>>Alienação parental, uma pesquisa sobre o tema

>>Como manter seu casamento para sempre?

>>Quando chega a hora de dizer adeus

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