*Texto da jornalista Giovanna Castro
Mãe é mãe, já diz o ditado, que não poderia ser mais preciso na sua afirmação. Em um post anterior, eu havia mencionado por alto os mistérios da maternidade e agora volto ao assunto. Para mim é mesmo algo insondável essa questão da maternidade que daqui a pouco terá seu dia celebrado comercialmente. Dentro de mim, o desejo de ser mãe ainda não despertou. Não sei se quero ser mãe e ao longo de minha vida inteira, pensar assim não foi um suplício. Acredito que seja um sentimento, o desejo de ser mãe, que nasce com a mulher e tem a ver com sonho e propósito de vida. Sem falar que para levar adiante este projeto, é preciso no mínimo encontrar alguém que queira segurar o rojão junto, o que nem sempre acontece. Não são poucas as mulheres que conheço que sofrem com a falta de compromisso de certos pais, ainda hoje, em pleno 2010. Talvez esta seja a parte mais complicada do processo todo.
Mas quero falar é do fato consumado, da mulher que já é mãe. Tenho amigas que são mães de crianças pequenas, mães de pré-adolescentes, amigas que não querem e não vão mesmo ser mães, e minha própria mãe, que de maneira inusitada e diferente da maioria das potenciais vovós, me recomenda não ter filhos. Ela acredita que mãe sofre muito porque “acaba sentindo o que os filhos sentem, quando o filho sofre, a mãe sofre igual”, ela diz. É isso. Que experiência é essa? Que mágica é essa que arrasta todas as mulheres que têm filhos para um universo particular composto por algo que todas descrevem como amor incondicional, uma experiência única e transformadora e afirmam, sem exceção, que passaram a ser mulheres diferentes menos auto-centradas e mais generosas com o mundo todo, ao tirar o foco de si mesmas para transferir ao serzinho que sai de dentro da sua barriga, outro enorme mistério para mim. Essa criança que é gestada dentro do corpo. Que experiência é essa, gente! Já entendi que não dá para saber sem passar por isso.
Uma vez perguntei à minha mãe o que uma mulher sente quando está grávida e ela não me explicou muito bem não, acho que tudo está no âmbito daqueles sentimentos que não podem ser descritos em palavras. Uma das poucas coisas que ela conseguiu descrever e que ficou marcada no meu pensamento durante dias e ainda me assalta de vez em quando foi quando ela falou que às vezes incomodava dormir porque ela sentia o cotovelo da criança forçando a barriga assim como a cabeça. Isso me impressionou bastante e tive a sensação mais próxima do que pode representar levar um ser humano dentro do próprio corpo. Lembro ainda de um episódio da badalada série americana “Sex and the city” quando Miranda (Cinthia Nixon) descobria que estava grávida de um menino e Carrie (Sarah Jessica Parker) brinca com ela: “Você já parou para pensar que está levando um penisinho aí dentro da sua barriga?”.
Mais uma coisa a se pensar…
Fato é que mãe desarma, mãe quebra a nossa guia, mãe diz coisas que a gente não pensa, mas que acabam virando realidade, que vai desde o “vai chover menina, leva a sombrinha” até coisas mais complexas. Minha mãe me fala o tempo todo do cordão umbilical. Para ela, este vínculo que é cortado no momento do parto, na verdade não é mesmo cortado. Segue pela vida inteira. Acredito que seja mesmo verdade. Minha mãe me liga ainda hoje, mulher adulta que sou, para saber se almocei. Coisas que deveriam ter caído no esquecimento lá pelos meus 11, 12 anos de idade. Ainda me liga para saber se estou agasalhada quando está chovendo, ou se peguei engarrafamento ou cheguei bem ao trabalho.
De uma coisa não tenho dúvida, mãe é peça obrigatória no universo de todo ser humano, acredito que particularmente de toda mulher porque é espelho e objeto de contestação e auto-afirmação em um só pacote. Mãe te coloca o tempo todo em contato com o que você quer ser ou o que você não gostaria de ser. Minha mãe me emociona, me intriga, é um caso de amor daqueles bem sérios e que não tem fim. Já tive reações bem exageradas somente de pensar na possibilidade de perdê-la, ainda tenho, e sofro diariamente por antecipação com o fato de saber que isso vai acontecer um dia. Temo não ter desfrutado o bastante, não ter beijado o bastante, não ter mostrado o que sinto milhões de vezes. Não gosto de pensar nisso… Não sou mãe, mas sou filha de minha mãe e de certa forma, mesmo ainda não tendo parido, sei um pouco deste mistério que somente mães e filhos compartilham.
Muito legal esse texto. Adorei principalmente este pedacinho: “mãe é peça obrigatória no universo de todo ser humano, acredito que particularmente de toda mulher porque é espelho e objeto de contestação e auto-afirmação em um só pacote. Mãe te coloca o tempo todo em contato com o que você quer ser ou o que você não gostaria de ser. “
Oi, Paloma! Que bom que vc gostou do texto. É isso mesmo, né? Mãe é tudo de bom, tem umas ranzinzices às vezes, mas faz parte rsrsrs Bjs e volte sempre ao blog!
Fantástico.
Oi, Duda! Td jóia? Legal vc ter gostado do texto, mas mãe é ingrediente fundamental na vida da gente, né não? Td de bom rsrsrs Bjão e volte sempre ao blog!
Pois…
Nem sempre. Há mães (e pais) que acham que tanto conhecem os filhos que acabam por não conhecê-los de verdade. Não percebem sua mudança, o seu crescimento e não conseguem estabelecer uma relação diferente com eles no decorrer do tempo e isso pode ser bastante prejudicial na relação entre ambos.
Mãe sempre faz falta.
Verdade Gigi, mãe faz muita falta, nem consigo pensar em como é viver sem a minha. Um beijo e saiba que senti falta dos seus comentários!
Puxa Vida ,,, Giovana ,,,vcs duas nessa foto mais esse texto maravilhoso,,, ja que minha rua tem esse nome
rua das maravilhas rsrsrsrsrsr olha Giovana , encontrei este seu endereço, que pesquisava algo sobre um sonho ,,, e li iemanjá
e aí procurei quando encontrei algo ssobre Mary Quant ,,,, em que deixei lá meu comentario ,,, mas em relação ao que li aqui neste texto ,,,, dou-vos meus parabens por vc poder estar perto da sua mãe e existir toda essa abertura e ligação entre vcs,,,, coisa que ñ posso jamais fazer com os meus pais ,,, mas em linha do pensamento comunico com eles, maravilhoso ainda existir pessoas como vcs ,,, desejo muita saude felicidade e din din para vossa vida
uim grande abraço de muito carinho para vcs deste visitante expontaneo que habita numa ilha — ILha da Madeira –Portugal que ficou + conhecida pelo aluvião
até um dia
paulo alexandre
Oi Paulo Alexandre, obrigada pelo comentário e pelos elogios. Volte sempre, será um prazer imenso ler suas opiniões por aqui. Beijo grande.